Pesquisadores descobrem como proteger o cérebro de efeito triste do Alzheimer

Pesquisadores da Universidade de Virginia (UVA) identificaram uma nova possível forma de evitar um dos sintomas mais devastadores do Alzheimer: a incapacidade de reconhecer familiares e amigos. O estudo revelou que estruturas chamadas redes perineurais, que envolvem e protegem neurônios, desempenham um papel crucial na perda da chamada “memória social”. Ao preservar essas estruturas, seria possível impedir o avanço dessa falha cognitiva característica da doença.

Estruturas cerebrais sob ataque no Alzheimer

As redes perineurais foram descritas pela primeira vez em 1898, mas apenas recentemente os cientistas compreenderam sua real importância. Elas formam uma espécie de “escudo” em torno de neurônios inibitórios, responsáveis por equilibrar a atividade cerebral e impedir a sobrecarga de sinais elétricos. No Alzheimer, esse escudo é danificado, levando à desorganização das conexões neurais e à morte de células cerebrais.

Estudo revelou que estruturas chamadas redes perineurais desempenham um papel crucial na perda da chamada “memória social (Imagem: PeopleImages/Shutterstock)

Com a deterioração dessas redes, as células de suporte conhecidas como astrócitos deixam de conseguir eliminar substâncias químicas como o potássio e o glutamato entre os neurônios. O excesso de glutamato, por sua vez, “vaza” para áreas vizinhas, danificando e matando outros neurônios. Essa cascata de danos explicaria por que pacientes com Alzheimer perdem a capacidade de reconhecer pessoas queridas, embora ainda possam lembrar de objetos e rotinas por mais tempo.

Entre as principais observações do estudo, os pesquisadores destacam:

  • A perda das redes perineurais está ligada diretamente à perda de memória social;
  • Quando essas estruturas são preservadas, os neurônios mantêm sua função;
  • Em testes com camundongos, a proteção das redes evitou o esquecimento de indivíduos familiares;
  • O efeito é independente das placas amiloides, tradicionalmente associadas à doença.

Caminhos promissores para novos tratamentos

Os cientistas utilizaram inibidores de metaloproteinases de matriz (MMP), medicamentos originalmente desenvolvidos para pesquisas contra o câncer, que impediram a destruição das redes perineurais em modelos animais. Com isso, os camundongos mantiveram sua memória social mesmo em estágios avançados da doença.

Novo tratamento pode oferecer um caminho para retardar ou até prevenir a progressão do Alzheimer (Imagem: Makhbubakhon Ismatova/iStock)

Embora o tratamento ainda esteja em fase experimental, a equipe da UVA acredita que esses compostos podem oferecer um novo caminho para retardar ou até prevenir a progressão do Alzheimer. Segundo o professor Harald Sontheimer, que liderou o estudo, “encontrar uma mudança estrutural que explique um tipo específico de perda de memória é algo empolgante e abre uma nova frente de combate à doença”.

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Os resultados, publicados na revista Alzheimer’s & Dementia, indicam que a degradação das redes perineurais ocorre independentemente da presença de placas amiloides, o que reforça a ideia de que esses depósitos de proteína podem não ser a principal causa do Alzheimer. Essa descoberta amplia o horizonte para terapias inovadoras voltadas à proteção da estrutura cerebral, e não apenas ao controle dos sintomas.

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