Quem assistiu “Avatar” (2009) e a sequência “Avatar: O Caminho da Água” (2016) sabe que a história se passa em Pandora, lua de Polifemo, um planeta gigante gasoso fictício que orbita a estrela Alpha Centauri A, localizada a pouco mais de quatro anos-luz do Sistema Solar.
Essa estrela, por sua vez, é real, e faz parte de um sistema estelar triplo formado por outra semelhante a ela (Alpha Centauri B) e uma anã vermelha chamada Proxima Centauri (a estrela mais próxima do Sol).
Na obra, a lua Pandora é habitada pelo povo Na’vi, uma espécie humanoide com características próprias: pele azul, cerca de três metros de altura, caudas longas e olhos grandes.

Fora da narrativa fantasiosa, e passando à vida real, o Olhar Digital noticiou esta semana que um possível planeta gigante gasoso acaba de ser descoberto na órbita de Alpha Centauri A – exatamente a mesma estrela que hospeda Polifemo na ficção.
Atualmente não há evidências que esse mundo recém-descoberto (e ainda não confirmado como planeta) tenha luas – muito menos que alguma delas possa abrigar vida. No entanto, há quem considere isso totalmente plausível. Será?
Planeta em Alpha Centauri A pode ser a maior descoberta do James Webb
Um estudo publicado no periódico científico The Astrophysical Journal Letters relata a descoberta de candidato a exoplaneta, designado S1, em Alpha Centauri A. O gigante gasoso mais ou menos do tamanho de Saturno, que possivelmente orbita a estrela a até duas vezes a distância entre a Terra e o Sol, foi inicialmente detectado pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST) em agosto de 2024.
Curiosamente, ele não foi observado novamente quando esperado nos meses de fevereiro e abril de 2025, ganhando o apelido de “planeta em desaparecimento”.

Pesquisadores sugerem que a órbita de S1 pode ter colocado o potencial exoplaneta em frente a Alpha Centauri A, dificultando sua observação. Segundo estimativas, ele deve voltar a ficar visível entre 2026 e 2027.
Se for confirmado como planeta, S1 se tornará a descoberta mais importante feita pelo JWST até hoje, segundo declarou Stanimir Metchev, pesquisador de exoplanetas da Western University em Ontário, no Canadá, e coautor do estudo, ao site Live Science.

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Gigante gasoso S1 pode mesmo ter uma lua “Pandora”?
A semelhança de tamanho com o fictício Polifemo e sua localização na zona habitável de Alpha Centauri A gerou especulações sobre a possibilidade de luas com condições propícias à vida.
Mary Anne Limbach, pesquisadora da Universidade de Michigan, nos EUA, que não tem relação com a descoberta de S1, acredita que ele provavelmente possui luas. “A formação de luas ao redor de planetas gigantes geralmente deve ser bastante comum”, disse ela ao site NPR.
Os gigantes gasosos do Sistema Solar, Júpiter e Saturno, por exemplo, somam quase 370 luas, entre elas Titã, Europa, Io, Ganimedes, Encélado e Mimas, algumas com potencial para abrigar vida.
Segundo Limbach, S1 poderia abrigar uma lua do tamanho de Marte, grande o suficiente para manter atmosfera e oceanos, tornando o cenário semelhante ao de Pandora, pelo menos em teoria.
David Kipping, cientista planetário da Universidade de Columbia, em Nova York, é mais cauteloso. Ele acredita que qualquer lua de S1 provavelmente seria menor, parecida com Titã, de Saturno, que tem dois terços do tamanho de Marte e um pouco maior que Mercúrio. Com essa dimensão, seria difícil sustentar uma atmosfera estável, tornando a presença de vida complexa altamente improvável.
Para Kipping, a chance de uma Pandora real exigiria uma lua surpreendentemente grande, “o que não é impossível, mas pouco provável”.

Acontece que detectar luas em S1, caso existam, não será nada simples. As exoluas são menores e mais frias que os exoplanetas, tornando a observação muito mais difícil do que a do próprio do planeta. Para isso, talvez seja necessário um telescópio espacial muito mais potente que o JWST, disponível possivelmente só nas próximas décadas.
Até lá, seres alienígenas habitando uma lua no sistema Alpha Centauri ou em qualquer outro, só mesmo na ficção científica.
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