Poças de lava profundas contém pistas sobre a vida na Terra

Um artigo publicado na revista Nature Geoscience sugere que duas estruturas enigmáticas escondidas no interior da Terra podem ajudar a entender como a vida surgiu por aqui. Essas formações ficam no manto, abaixo da crosta, têm o tamanho de continentes e não se encaixam no que as teorias atuais esperam encontrar nessa região profunda do planeta.

Chamadas de “poças de lava”, essas massas gigantes estão presas ao núcleo, a cerca de 2.900 km da superfície, e representam um desafio científico, pois modelos de evolução planetária apontam que elas não deveriam ter sobrevivido desde os primórdios da Terra.

Representação artística das camadas da Terra. As “poças de lava” estão no manto, a cerca de 2.900 km da superfície. Crédito: Naeblys – Shutterstock

Em resumo:

  • Estudo identifica formações profundas que ajudam a explicar a origem da Terra;
  • Essas massas desafiam modelos existentes sobre evolução planetária;
  • Ondas sísmicas revelam composições distintas no manto sob o Pacífico;
  • Pesquisadores sugerem que o núcleo influenciou o resfriamento inicial da Terra primitiva;
  • Interações núcleo-manto moldaram condições que possibilitaram o desenvolvimento da vida.

Estruturas podem revelar como o planeta se formou e se tornou habitável

Como é impossível chegar até o centro do planeta, a solução é observar como as ondas sísmicas se comportam ao atravessar essas poças de lama no manto. Quando passam por elas, as ondas desaceleram de forma intensa. Isso mostra que a composição dessas formações é diferente do manto ao redor e confirma que se tratam de estruturas singulares, localizadas sob o Oceano Pacífico e sob a África.

Em um comunicado, Yoshinori Miyazaki, geodinamicista da Universidade Rutgers e autor principal do estudo, disse que essas formações não são “anomalias aleatórias”, mas sim pistas deixadas pela história mais antiga da Terra. Compreender a origem dessas estruturas pode revelar como o planeta se formou e se tornou habitável.

Há bilhões de anos, a Terra era coberta por um oceano de magma. Os modelos sugerem que quando esse material começou a esfriar o manto deveria ter criado camadas bem definidas. No entanto, as estruturas atuais são amorfas e enormes. A equipe propõe que o processo pode ter sido influenciado por algo mais profundo: o próprio núcleo.

Resultado de modelagem geodinâmica em alta resolução do manto solidificado. Crédito: Deng, J., Miyazaki, Y., Yuan, Q. et al. 

Os pesquisadores sugerem que silício e magnésio podem ter escapado do núcleo para o manto, formando misturas químicas que esfriaram de maneira desigual. Isso deixaria “pedaços” antigos preservados, como relíquias do oceano de magma basal, oferecendo pistas sobre a Terra jovem.

Esse tipo de interação entre núcleo e manto pode ter moldado a evolução do planeta, afetando seu resfriamento, sua atividade vulcânica e até o surgimento da atmosfera. Para os cientistas, entender essas estruturas é fundamental para explicar por que a Terra desenvolveu condições ideais para a vida.

Leia mais:

Experimento simula a origem da vida na Terra em laboratório

Um experimento descrito em um artigo publicado em maio na revista Nature Ecology & Evolution simula as condições da Terra primitiva e mostra como a vida pode ter surgido em ambientes quentes e subaquáticos. 

Formada por cientistas da Alemanha, a equipe criou um “jardim químico” em laboratório, imitando as fontes hidrotermais do fundo do mar, ricas em ferro e hidrogênio. Nesses locais, formas de vida simples ainda vivem sem depender da luz do Sol. Saiba mais aqui.

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