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Polícia Civil prende suspeito de ataque hacker à empresa ligada ao Banco Central

by Fesouza
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O Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), da Polícia Civil de São Paulo, prendeu nesta sexta-feira (4) um homem suspeito de estar envolvido com o ataque hacker na C&M Software, ligada ao Banco Central.

O caso aconteceu na quarta-feira (02), quando a empresa, que atua na comunicação entre instituições financeiras conectadas ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (que inclui o Pix), foi alvo de um ataque cibernético.

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Incidente teria causado o desvio de valores milionários – podendo chegar a até R$ 1 bilhão (Imagem: Novikov Aleksey/Shutterstock)

Polícia prende suspeito de ataque hacker ao Banco Central

O ataque hacker foi na empresa C&M Software, usada por bancos e outras instituições conectadas ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), incluindo operações de liquidação via Pix.

Segundo a autoridade monetária, nenhum valor administrado diretamente pelo Banco Central foi afetado. No entanto, segundo o g1, a perda estimada para a empresa terceirizada foi de cerca de R$ 800 milhões. Já a Folha de São Paulo estima valores em torno de R$ 1 bilhão.

Um homem suspeito de envolvimento com o caso foi preso em São Paulo. Ele é funcionário da companhia terceirizada do BC e confirmou que entregou sua senha de acesso para terceiros, que conseguiram entrar no sistema e cometer a fraude.

Como reportado pelo Olhar Digital, a C&M Software já havia confirmado que os criminosos acessaram seus sistemas por meio de credenciais de clientes. Saiba os detalhes aqui.

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Empresa afetada é terceirizada do Banco Central (Imagem: Brenda Rocha – Blossom / Shutterstock)

Relembre o caso

O ataque hacker aconteceu na quarta-feira (02) e atingiu a C&M Software (CMSW), empresa de tecnologia que atua na comunicação entre instituições financeiras. Ela é usada por bancos e outras instituições conectadas ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), incluindo operações via Pix.

A empresa comunicou a invasão ao BC, que informou que nenhum valor administrado diretamente foi afetado. No entanto, o incidente permitiu acesso indevido a contas de reserva de ao menos seis instituições financeiras atendidas pela CMSW (que não tiveram seus nomes revelados). Segundo o Valor Econômico, Credsystem e o Banco Paulista estiveram entre as afetadas.

O prejuízo pode variar entre R$ 541 milhões e R$ 1 bilhão, de acordo com estimativas do g1 e da Folha.

Apesar de não ter sido afetado diretamente, o BC determinou o desligamento do acesso das instituições financeiras às infraestruturas operadas pela C&M Software e iniciou uma apuração do caso. No dia seguinte, na quinta-feira (03), a terceirizada obteve autorização para reestabelecer as operações do Pix, sob regime de produção controlada.

Por sua vez, o Banco Central disse ter substituído a suspensão cautelar da empresa por uma parcial, indicando que as operações da CMSW seguem sob controle externo.

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Empresa atingida por ataque hacker atua no Sistema de Pagamentos Brasileiro, o que inclui operações de liquidação via Pix (Imagem: Photo For Everything / Shutterstock)

Como foi o ataque hacker?

Durante a investigação do caso, a terceirizada informou que os criminosos usaram credenciais de clientes (como senhas de acesso) para entrar no sistema e realizar os desvios.

O ataque hacker é conhecido como “supply chain attack” ou “cadeia de suprimentos”. Nele, os invasores acessam os sistemas com credenciais privilegiadas para realizar as fraudes, como o desvio de dinheiro e outras operações financeiras.

De acordo com Micaella Ribeiro, especialista em identidades e acessos da IAM Brasil, ao g1, o acesso por terceiros provavelmente aconteceu via engenharia social, quando funcionários são induzidos a entregar as informações ou conceder acesso remoto. Ou seja, em vez de ‘hackearem’ o sistema através de falhas de segurança, os criminosos convencem uma pessoa com acesso a liberar a entrada.

Além disso, muito provavelmente as transações foram feitas rapidamente e fora do horário comercial por vários agentes, indicando um “ecossistema criminoso estruturado”.

A Polícia Federal abriu um inquérito para apurar o ocorrido. O caso também está sendo investigado pela 2ª Delegacia da Divisão de Crimes Cibernéticos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais da Polícia Civil de São Paulo, que prendeu o suspeito nesta sexta-feira.

Holograma de cadeado aberto
Falha de segurança foi reportada ao Banco Central (Imagem: Song_about_summer/Shutterstock)

O que dizem os envolvidos

Abaixo, leia na íntegra as notas de cada um dos envolvidos após o reestabelecimento das operações da CMSW:

Banco Central (BC)

“A suspensão cautelar da C&M foi substituída por uma suspensão parcial.

A decisão foi tomada após a empresa adotar medidas para mitigar a possibilidade de ocorrência de novos incidentes.

As operações da C&M poderão ser restabelecidas em dias úteis, das 6h30 às 18h30, desde que haja anuência expressa da instituição participante do Pix e o robustecimento do monitoramento de fraudes e limites transacionais.”

Leia mais:

CMSW (C&M Software)

“Serviços da CMSW são restabelecidos com autorização do Banco Central.

A CMSW informa que, após atuação conjunta com o Banco Central do Brasil, obteve autorização para restabelecer as operações do Pix, sob regime de produção controlada.

A empresa foi vítima de uma ação criminosa, que envolveu o uso indevido de credenciais de clientes em tentativas de acesso fraudulento.

Todas as medidas previstas em nossos protocolos de segurança foram imediatamente adotadas, incluindo o reforço de controles internos, auditorias independentes e comunicação direta com os clientes afetados.

A CMSW segue colaborando ativamente com o Banco Central e com a Polícia Civil de São Paulo, e continuará respeitando o sigilo das investigações em curso.

Atenciosamente,
Kamal Zogheib
Diretor Comercial da CMSW

O Olhar Digital pediu novos posicionamentos às instituições após a prisão do suspeito em São Paulo, assim como da Polícia Civil do estado e da Polícia Federal. A nota será atualizada mediante a resposta.

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