O continente africano tem 54 países e vários deles escolheram as mesmas cores para estampar a sua bandeira: verde, amarelo e vermelho, numa homenagem à Etiópia. Mas por que o país foi digno dessa homenagem?
A verdade por trás dessa similaridade tem a ver com um contexto histórico muito específico da região. E a escolha das três cores tem simbologias muito claras: o verde é utilizado para representar a natureza; o amarelo, a prosperidade e riqueza; e o vermelho, por sua vez, representa o sangue derramado para garantir a sua autonomia enquanto país.
Por que as bandeiras de vários países da África têm a mesma cor?

Segundo artigo publicado na Black Past, durante a Conferência de Berlim, em 1885, houve a realização da Partilha da África: uma divisão territorial do continente africano feita pelas potências europeias para colonização e extração de recursos naturais.
E ficou decidido que a Itália seria a responsável por invadir e dominar a Etiópia. Havia um grande interesse por parte do país em colonizar a região, sobretudo para firmar seu status como grande potência, uma vez que, à época, a região italiana era considerada pobre dentro da Europa.
Então, em 26 de janeiro de 1887, as tropas da Itália tentaram invadir a Etiópia, mas a batalha foi muito mais árdua do que imaginavam. O rei Yohannes reagiu à invasão e deixou 430 soldados italianos mortos e 82 feridos no que ficou conhecido como o Massacre de Dogali.
Mas, após a morte do rei Yohannes, em 1889, o novo monarca, rei Menilik II, intuía que a Itália não iria se conformar com essa derrota e tentaria invadir a Etiópia novamente, por isso ele reuniu um arsenal de guerra para o seu exército.
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Paralelo a isso, foi assinado entre os dois países, ainda no mesmo ano, o Tratado de Wichale, mas havia interpretações distintas quanto a esse acordo.
Enquanto a Etiópia entendia o tratado como uma ponte, ou seja, uma forma de usar a assistência italiana para se comunicar com outras potências europeias, a Itália entendeu o acordo como uma carta branca sobre o comércio etíope e suas comunicações externas.
Trocando em miúdos, para a Itália, a Etiópia havia se tornado um país vassalo — uma categoria superior a de país colonizado, mas ainda bastante dependente.
Essas interpretações distintas levaram a novos conflitos que culminaram na Guerra Ítalo-Abissínia, que durou de 1889 até 1896. Em um dos grandes conflitos, 196 mil etíopes enfrentaram 25 mil italianos, que evidentemente levaram a pior.
Mas soldados remanescentes conseguiram fugir para uma cidade vizinha e protagonizaram um último embate, na cidade de Adwa. A Etiópia acabou por derrotar esses últimos soldados do exército italiano no que ficou conhecida como a Batalha de Adwa.

Com mais esta vitória, o rei Menelik II exigiu a abolição do Tratado de Wichale e o reconhecimento da Etiópia como nação soberana pela Itália e outras potências europeias.
Após este feito, a Etiópia tornou-se um grande símbolo de bravura e resistência, inspirando os países vizinhos. Ao todo, treze países do continente africano se inspiraram e utilizaram as três cores para compor a sua bandeira, entre eles, podemos citar: Benin, Burkina Faso, Camarões, Congo, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Mali, São Tomé e Príncipe, e Senegal.
Para se ter uma ideia da importância desse momento, a Batalha de Adwa ainda hoje é celebrada como um feriado na Etiópia em 1º de março.
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