Por que as feridas coçam quando estão cicatrizando? É normal?

Após sofrer um machucado, muitas vezes surge uma coceira insistente na ferida em processo de cicatrização. Esse sintoma, comum e geralmente inofensivo, pode ser um sinal de que o corpo está se recuperando. Mas até que ponto a coceira é normal e quando passa a indicar um problema?

Neste artigo, explicamos por que as feridas coçam, os diferentes tipos de lesões, como funciona a cicatrização, cuidados essenciais e quando procurar ajuda médica.

Tipos de feridas e como elas se apresentam

Imagem: Andrii Spy_k/Shutterstock

As feridas podem ser classificadas de acordo com sua origem, o grau de contaminação e o nível de comprometimento tecidual

Quanto à origem, incluem cortes (bordas regulares), ralados ou abrasões (superficiais, com risco de infecção), lacerações (bordas irregulares), perfurações (profundas, causadas por objetos pontiagudos), incisões (cirúrgicas) e queimaduras (1º a 3º grau). 

Pelo grau de contaminação, feridas limpas têm baixo risco de infecção, enquanto feridas contaminadas exigem cuidados maiores. 

Quanto ao nível de comprometimento tecidual, feridas simples atingem apenas a pele, e feridas complexas envolvem músculos, tendões ou vasos, necessitando de tratamento mais delicado.

Como acontece a cicatrização

Crédito: Thunderstock/Shutterstock

A cicatrização pode ocorrer de três maneiras:

  • Primária (1ª intenção) – rápida, com pouca diferença em relação à pele original.
  • Secundária (2ª intenção) – em feridas grandes ou irregulares, costuma deixar cicatrizes mais visíveis.
  • Terciária (3ª intenção) – fechamento retardado, após limpeza e retirada de tecidos mortos.

Durante esse processo, é normal que o corpo libere substâncias químicas para ativar células de defesa e reconstruir os tecidos. É justamente essa reação que muitas vezes causa a coceira.

E por que a ferida coça?

A coceira (ou prurido) na cicatrização está ligada à fase inflamatória. Nesse momento, o organismo libera histamina, uma substância armazenada nos mastócitos, células do sistema imunológico. Essa liberação ativa as terminações nervosas da pele, provocando a sensação de coceira.

Outras substâncias, como proteases e citocinas, também participam desse processo, aumentando a sensibilidade da região. Na maioria dos casos, a coceira é moderada, temporária e sinal de que a cicatrização está evoluindo.

Homem jovem coçando a mão/ Crédito: AYO Production (Shutterstock/reprodução)

Quando a coceira deixa de ser normal?

Embora seja comum, a coceira pode se tornar um sinal de alerta quando é intensa e persistente. Também merece atenção se vier acompanhada de vermelhidão, secreção ou inchaço na área da ferida. Outro ponto preocupante é quando surge junto de febre, calafrios ou algum outro tipo de mal-estar.

Nessas situações, há risco de infecção ou de complicações como cicatrizes hipertróficas e queloides. Além disso, coçar demais pode abrir a ferida, atrasar a cicatrização e até facilitar a entrada de bactérias.

Situações especiais

Feridas cirúrgicas

A coceira é comum, mas coçar pode romper pontos e reabrir a incisão. O ideal é aliviar o sintoma com compressas frias ou orientação médica.

Úlcera venosa

Pacientes com insuficiência venosa crônica relatam coceira intensa. Nesse caso, não basta tratar a ferida: é necessário controlar a doença de base.

Imagem: New Africa/Shutterstock

Feridas nos pés que não cicatrizam

Podem indicar desde infecções fúngicas até complicações do pé diabético. Exigem avaliação médica imediata.

Leia mais:

Outras causas de coceira além da cicatrização

Nem sempre a coceira em uma ferida é apenas parte do processo de cura. Diversos fatores podem influenciar:

Distúrbios da pele

  • Pele seca (xerodermia).
  • Dermatite atópica ou de contato.
  • Urticária.
  • Infecções fúngicas ou parasitárias.
  • Picadas de insetos.
Dermatite atópico / Imagem: Fuss Sergey/shutterstock

Doenças sistêmicas

Algumas condições podem causar coceira generalizada, mesmo sem lesões visíveis:

  • Doença renal crônica.
  • Diabetes.
  • Problemas no fígado ou na vesícula.
  • Alterações da tireoide.
  • Alguns tipos de câncer, como leucemias e linfomas.

Distúrbios neurológicos

Quando os nervos responsáveis pela sensação de coceira são irritados ou lesionados, pode surgir a chamada coceira neuropática, presente em doenças como esclerose múltipla.

Fatores psicológicos

Alguns quadros de ansiedade, depressão ou estresse podem desencadear coceira psicogênica, sem origem física direta.

Cuidados para aliviar a coceira sem prejudicar a ferida

Crédito: SMAK_Photo/Shutterstock

Para aliviar a coceira sem prejudicar a ferida, é importante não coçar a região, evitando fricção que pode reabrir a lesão. Compressas frias ajudam a reduzir o prurido, enquanto curativos protetores impedem o contato direto com a pele. 

Manter a pele bem hidratada, especialmente em climas secos, também contribui para o conforto durante a cicatrização. Além disso, uma alimentação equilibrada, rica em proteínas, vitamina A, vitamina C e zinco, favorece a recuperação dos tecidos.

Técnicas de relaxamento auxiliam no controle do estresse, diminuindo a percepção da coceira. Já o uso de pomadas e cremes deve ser feito apenas com prescrição médica, pois alguns produtos podem causar alergias ou atrasar o processo de cicatrização.

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