Apesar da baixa qualidade da internet e do acesso limitado em regiões remotas, o governo da Bolívia segue sem permitir a entrada da Starlink no país.
O motivo, segundo autoridades locais citadas pelo jornal The New York Times, é proteger a soberania nacional e evitar uma concentração excessiva de poder tecnológico em uma única empresa estrangeira.
A empresa de internet rápida via satélite da SpaceX, controlada por Elon Musk, foi barrada em 2024, mas continua até hoje sem permissão para funcionar na Bolívia, mesmo com a conectividade ameaçada por lá.
Hoje, a Bolívia ainda depende de um antigo satélite fabricado na China, lançado em 2013 e previsto para ficar sem combustível – e, portanto, offline – em 2028. Mesmo assim, por enquanto, o país prefere buscar alternativas a se render à Starlink.

Internet na Bolívia é precária
- A Bolívia tem a internet mais lenta da América do Sul, com menos de 55% dos domicílios conectados via banda larga.
- Alguns hotéis chegaram a contrabandear roteadores da Starlink na fronteira com o Chile, mas após alguns meses a Starlink corta o sinal de internet.
- O governo teme que a entrada da Starlink resulte em dependência tecnológica e perda de autonomia regulatória.
- O país estuda reforçar sua parceria com a China, inclusive com a adoção futura da rede SpaceSail, rival direta da Starlink.
Starlink avança na América do Sul, mas…

A Starlink tem conquistado espaço em diversos países da América Latina, incluindo o Brasil, onde ultrapassou 250 mil assinantes desde 2022. Sua proposta de levar internet de alta velocidade a locais remotos via pequenos satélites tem se mostrado atrativa, especialmente para regiões onde a infraestrutura terrestre é inviável.
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Contudo, a Bolívia se mantém cética. Segundo Iván Zambrana, diretor da Agência Espacial Boliviana, o serviço da Starlink é superior tecnologicamente, mas precisa respeitar as regras locais para competir em pé de igualdade. Ele defende que qualquer empresa que opere no país deve contribuir com a economia e respeitar os provedores locais.
E, mesmo aqui no Brasil onde a Starlink é aceita, o governo busca alternativas. Depois do impasse da rede social X e o STF (Supremo Tribunal Federal), em 2024, o país fechou um acordo com a SpaceSail, uma rival chinesa que atualmente desenvolve seu próprio sistema de internet via satélite.

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