A Sega, pelo terceiro ano consecutivo, foi uma das principais publicadoras que marcaram presença na Brasil Game Show com estande próprio, desta vez para promover o recém-lançado Sonic Racing: CrossWorlds. Além de dar aos fãs a oportunidade de experimentar o novo jogo de corrida e tirar fotos em espaços tematizados, a marca também trouxe Takashi Iizuka, produtor lendário da franquia e chefe do Sonic Team, para interagir com o público, participar de atividades e conversar com jornalistas.
O Voxel foi um dos veículos que tiveram a oportunidade de bater um papo com o Takashi Iizuka durante a feira, tocando em assuntos como a excelente recepção dos lançamentos recentes da franquia Sonic the Hedgehog, as preparações para o aniversário de 35 anos da mascote em 2026 e também temas mais espinhosos, como os preços exorbitantes que são cobrados pelos títulos da Sega no Brasil. Veja os detalhes nas linhas a seguir:

A marca Sonic the Hedgehog nunca viveu um momento tão bom quanto o atual nos videogames — e até mesmo em outras formas de mídia. No ano passado, Sonic X Shadow Generations, uma versão requentada do clássico de 2011 que também trouxe um conteúdo inédito focado em Shadow the Hedgehog, alcançou o feito de ser o jogo tridimensional mais bem-avaliado da franquia e também ultrapassou a marca de 2,3 milhões de cópias vendidas mundialmente.
No mesmo embalo, Sonic Racing: CrossWorlds também está fazendo sucesso entre os fãs e já é considerado o melhor jogo de corrida da série, batendo de frente com o aclamado Sonic & All-Stars Racing Transformed de 2012. De acordo com Iizuka-san, é possível atribuir isso a um foco maior da empresa na qualidade dos seus jogos.
“Na época [de Sonic X Shadow Generations], o filme estava saindo e tínhamos de garantir que o jogo também chegaria com uma boa qualidade. Então este realmente foi o foco do time. Acreditamos que as pessoas que compraram e jogaram gostaram bastante, e é para esta direção que a série está seguindo”, diz o produtor.
Tratando-se de Sonic Racing: CrossWorlds, ele explica que o tempo de desenvolvimento foi consideravelmente maior e que o time teve condições de testar e refinar suas ideias, também mantendo o foco na qualidade do produto. “Nós temos um jogo muito bom e recheado de conteúdo para as pessoas jogarem. É isso que queremos dizer quando falamos que é o caminho que queremos seguir. Garantir que estamos realmente entregando uma experiência de jogo ótima para nossos fãs”, complementou.

Quando o Voxel teve a oportunidade de testar Sonic Racing: CrossWorlds, ficou muito claro que o jogo tirava ensinamentos valiosos de títulos anteriores. Quando perguntado sobre o que não podia faltar neste novo jogo para que ele pudesse ser tão bem-sucedido, Iizuka-san deu um vislumbre dos seus bastidores de desenvolvimento.
“Na nossa longa história produzindo a série de corrida do Sonic, sempre contamos com um estúdio externo na Inglaterra para produzir esse tipo de experiência”, explicou, fazendo referência ao estúdio Sumo Digital.
“No entanto, isso mudou recentemente e fomos capazes de juntar o incrível time interno de jogos de corrida arcade da Sega com o nosso na Sonic Team. Pessoas que entendem e amam jogos de corrida, que podem produzir uma experiência realmente sólida no gênero; e pessoas que conhecem e amam os personagens, capazes de fazer qualquer coisa com eles. Tínhamos especialistas de ambos os lados”, complementou.
“Estamos muito felizes por ter um jogo com multiplayer interplataformas porque sabemos que as pessoas jogam em diferentes consoles e PC.”
Concentrar o desenvolvimento do jogo internamente, ainda segundo o produtor, foi um elemento fundamental para concretizar um dos seus maiores pontos de venda: o suporte a multiplayer interplataformas. Esse recurso, essencial para unificar a comunidade de jogadores, foi até mesmo utilizado por Iizuka-san para cutucar o principal rival do jogo, Mario Kart World, no palco do Summer Game Fest em junho deste ano.
“É possível ter um time externo produzindo um ótimo jogo, esta não é a parte complicada. Mas o que fomos capazes de executar desta vez, por ter um time interno produzindo o título, foi garantir suporte multiplayer crossplay — tivemos nosso próprio pessoal configurando, operando e gerenciando os servidores”, afirmou.
Personagens convidados e cronograma de conteúdos gratuitos
Uma das principais críticas ao lançamento anterior da série, Team Sonic Racing, foi a ausência de personagens de outras franquias da Sega. Em Sonic Racing: CrossWorlds, a empresa reconheceu o seu erro e ainda deu passos além, anunciando a presença de corredores convidados de franquias populares de outras empresas. É o caso de séries como Minecraft, Pac-Man, Mega Man, Bob Esponja, Avatar, entre outras.
Tudo isso faz parte de um plano que promete alimentar o jogo tanto com conteúdos gratuitos quanto pagos ao longo de um ano inteiro. “Todo mês, de maneira gratuita, nós lançaremos um personagem da família Sega para os jogadores. Não importa se você tem o Passe de Temporada ou não, você receberá esse personagem sem custo adicional”, afirma Iizuka-san.

Os primeiros personagens da Sega, para além daqueles da série Sonic the Hedgehog, e que a empresa já fez questão de anunciar foram figuras populares e que estão em alta no momento. Isso inclui Hatsune Miku, Ichiban Kasuga, de Like A Dragon, e até mesmo Joker, de Persona 5. “Esses três personagens foram escolhidos para que as pessoas pudessem ficar empolgadas com o lançamento do jogo”, explicou.
“Nós ainda temos mais nove vagas [de personagens da Sega] que ainda não foram anunciados e serão lançados de graça neste primeiro ano. E claro, o time optou por escolher personagens lendários e que os fãs reconhecerão de imediato. E eles chegarão todo mês. Não vamos anunciar quem são com muita antecedência. Assim que o momento estiver chegando, o novo personagem será mostrado e lançado. Esperamos que isso deixe as pessoas com vontade de sempre voltar para jogar”, concluiu.
A barreira de entrada para os jogos da Sega no Brasil
Embora a Sega seja uma das empresas que estejam fomentando o mercado nacional com a excelente localização dos seus títulos para o português do Brasil, ainda há uma grande barreira de entrada a ser superada: o preço dos seus lançamentos.
Antes de ficar disponível oficialmente, Sonic Racing: CrossWorlds estava custando R$ 349,90 no Steam, um preço que já é muito além do razoável para que o brasileiro consiga gastar com videogames. No entanto, no dia do lançamento, em 25 de setembro, o preço foi reajustado e ficou ainda mais caro — passando a custar R$ 399,90 na plataforma da Valve, cerca de um quarto do salário-mínimo
Esse é um problema gigantesco, agravado pelo fato de que mais de um terço dos trabalhadores (cerca de 35%) recebia até um salário-mínimo, segundo apontado pelo IBGE nesta última quinta-feira, 9. Quando perguntado sobre a possível localização de preços por parte da Sega, para melhor refletir a realidade econômica do povo brasileiro, Iizuka-san reconheceu que esta é uma questão para a qual a Sega está buscando soluções.
“Nós estamos lançando este produto por um preço global, todos estão pagando o mesmo preço. Mas nós percebemos e a Sega também está ciente de que, dependendo de onde você vive, cada país tem a quantidade de dinheiro que as pessoas têm efetivamente para gastar com entretenimento — e, em última análise, isto é entretenimento”, comentou Iizuka-san.
“Então, a Sega, enquanto publicadora, quer garantir que está entregando ótimos jogos. Queremos garantir que continuemos no mercado, mas também que estamos fornecendo um jogo que as pessoas, no final das contas, possam pagar. Portanto, é uma conversa de publicação que a Sega está pensando em como lidar melhor em todo o mundo, não apenas no Brasil, mas em muitos países”, concluiu.

Preparação para os 35 anos de Sonic the Hedgehog e mensagem aos fãs brasileiros
Com a mesma velocidade com que a mascote supera seus obstáculos, o aniversário de 35 anos de Sonic the Hedgehog já está chegando. Embora a Sega ainda não tenha compartilhado detalhes de como será a comemoração, Takashi Iizuka aproveitou o momento para agradecer aos fãs pelo apoio e que somente graças a eles é possível continuar entregando jogos e outros conteúdos da franquia.
“Ano que vem será o aniversário de 35 anos de Sonic the Hedgehog. A maior parte da minha carreira é trabalhando com essa franquia e isso tem sido uma honra gigantesca. Eu sou muito grato aos fãs que estão conosco por tanto tempo. Não há nada que possamos revelar agora sobre o que vai acontecer, mas queremos garantir que, no ano que vem, os fãs realmente sintam essa nossa gratidão e faremos algo grandioso para retribuir”, garantiu.
Falando especificamente sobre Brasil, Iizuka-san ressaltou que é sua terceira vez visitando o país e assegurou que a comunidade brasileira está entre as cinco melhores. Não apenas em tamanho, mas também sobre o quão apaixonado o público é. “Todas as vezes que eu venho ao Brasil, eu sinto essa paixão, conversando com as pessoas, tomando conhecimento de que estão muito empolgadas com o que estamos lançando”, comentou.
Reconhecendo que nem todos os jogadores conseguem comprar o jogo, Iizuka-san encorajou a pelo menos baixar a versão de demonstração e conferir, na prática, o quanto que Sonic Racing: CrossWorlds é divertido. “Quanto mais você joga, mais entende o quanto que é divertido e profundo. Sabemos que você talvez não consiga comprar agora, mas existe uma demonstração gratuita para você baixar e ter a certeza de que vai gostar”, disse Iizuka-san.
“Confira por conta própria o quanto que ele é divertido e então compre quando puder para se juntar a todos no matchmaking online. Essa é realmente uma das melhores coisas do jogo: a possibilidade de reunir toda a comunidade em um lugar para jogar e se divertir junto”, concluiu.