A franquia de games Little Nightmares está passando por um momento de transformação que não está agradando todos os fãs. Depois de dois títulos principais desenvolvidos pelo Tarsier Studios, o terceiro capítulo da franquia agora está nas mãos da Supermassive Games — o estúdio britânico por trás de jogos como Until Dawn e The Quarry.
Não só isso, o novo jogo da série também trouxe uma grande mudança na estrutura do game: uma campanha cooperativa, em que dois jogadores devem controlar as crianças Low e Alone. Enquanto a combinação pode agradar fãs de horror que curtem multiplayer coop, a recepção atual claramente não agradou todos os fãs — o título possui avaliação mista na plataforma Steam.
Em entrevista ao Voxel, Coralie Feniello, produtora global de Little Nightmares III na Bandai Namco Entertainment Europe, explicou os bastidores dessa transição e os desafios de manter viva a identidade sombria e única da série. Mesmo sem a Tarsier Studios, que trabalha no projeto próprio Reanimal, a Bandai Namco visa manter a essência da franquia viva, além de expandir cada vez mais seu universo com podcasts, livros e quadrinhos.
Como foi a transição da Tarsier para a Supermassive?
Segundo Coralie, a troca de estúdios da franquia foi planejada com cautela. “A Supermassive Games já tinha uma vantagem por ter trabalhado na edição aprimorada de Little Nightmares II. Isso permitiu que eles se familiarizassem com a franquia e captassem o que a torna tão especial”, explica.
O maior desafio, segundo a produtora, foi recriar o sentimento inconfundível dos antagonistas e ambientes. “Os vilões de Little Nightmares precisam parecer que pertencem àquele mundo. Cada um tem sua rotina e personalidade, e o jogador é apenas um visitante. Esse equilíbrio é o que dá vida à série.”
Conhecida por sua narrativa imersiva e foco em escolhas, a Supermassive trouxe uma nova camada de atmosfera para o jogo, que segue na vibe de história sem falas. “Mesmo sem vozes ou falas, queríamos que cada cenário contasse uma história. A expertise da Supermassive em narrativa cinematográfica ajudou muito nisso”, conta Coralie.
Essa experiência também influenciou o visual e o ritmo do jogo. A produtora destaca que “os ambientes de Little Nightmares III não são apenas cenários, mas personagens por si só, cheios de pistas e emoções escondidas”.
Modo cooperativo traz grande mudança da franquia
Uma das grandes novidades de Little Nightmares III é o modo cooperativo online, que permite que dois jogadores encarem os horrores juntos — ou, se preferirem, sozinhos com a ajuda de uma IA. “Desde o início, desenvolvemos os puzzles e fases pensando na cooperação”, diz Coralie. “Mas também queríamos que o modo solo fosse divertido e equilibrado.”
O desafio, segundo ela, foi ajustar o comportamento da IA para não ser nem excessivamente útil, nem completamente ineficaz. “Queríamos que a experiência solo tivesse o mesmo peso emocional, sem depender de comunicação por voz.”
A empresa também teve cuidado para tentar equilibrar a narrativa e o gameplay, para fazer com que os jogadores se apegassem aos personagens. “Queríamos que os jogadores sentissem a conexão entre os personagens conforme avançam. E o co-op ajuda muito nisso, já que cada um tende a se apegar ao seu personagem”, explica.
Bandai Namco já está expandindo franquia Little Nightmares
Apesar da recepção divisiva do game, a Bandai Namco segue ampliando o alcance de Little Nightmares. Além de estar produzindo um novo título da franquia, a empresa está expandindo a narrativa do game para novos formatos.
“Acabamos de lançar o romance jovem adulto Little Nightmares: The Lonely Ones e a HQ Descent to Nowhere”, revela Coralie. Além disso, o podcast The Sounds of Nightmares aprofunda a mitologia da série e conecta diretamente com o enredo de Little Nightmares III.
Apesar da expansão, ainda não há planos para localizar esse conteúdo em português do Brasil. “No momento, não temos nada a anunciar sobre traduções, mas queremos continuar levando essas histórias a mais pessoas”, afirma.
No mundo dos games, o próximo passo da franquia já tem nome: Little Nightmares Altered Echoes. O projeto em realidade virtual promete mergulhar ainda mais fundo no medo e na imersão. “Anunciamos em junho e teremos novidades em breve”, confirma Coralie, deixando claro que a Bandai Namco não pretende deixar o universo sombrio descansar tão cedo.
Encerrando a entrevista, Coralie aproveitou para agradecer a comunidade brasileira. “Queremos agradecer pelo apoio! Esperamos que estejam gostando do jogo e das teorias sobre a história. A paixão dos fãs do Brasil é inspiradora.”
Little Nightmares III já está disponível para jogar no PC e consoles PlayStation e Xbox da antiga e atual geração. E aí, qual a sua opinião sobre o game? Comente nas redes sociais do Voxel e TecMundo.
