Embora Jair Bolsonaro e seus apoiadores sejam famosos críticos da Lei Rouanet, o filme que retrata a história do político pode estar sendo feito com a ajuda de recursos públicos. Uma matéria publicada pelo Intercept revelou que Karina Ferreira da Gama, produtora do longa, recebeu mais de R$ 100 milhões em um contrato com a prefeitura de São Paulo.
Segundo a investigação feita pelo site, Karina é a responsável pela Go Up Entertainment, produtora do filme, e também é a dona do CNPJ do Instituto Conhecer Brasil (ICB), que tem ligações com a gestão de Ricardo Nunes. A ONG foi contratada pela prefeitura para fornecer internet WiFi a comunidades de baixa renda, mesmo sem ter qualquer experiência na área.
Entenda o caso envolvendo produtora do filme de Jair Bolsonaro
A TRUE STORY.
A HISTÓRIA REAL.“The man, who changed the game”.
“O homem que mudou o jogo”.Starring: Jim Caviezel
Screenwriter: @mfriasoficial
Directed: @CyrusNowrasteh#jimcaviezel #thedarkhorse #darkhorse #jairbolsonaro #atruestory pic.twitter.com/NS2zs3gJWu— The Dark Horse (@darkhorsemovie) December 10, 2025
A denúncia do Intercept afirma que, do valor de R$ 100 milhões definidos em contrato com a prefeitura de SP, R$ 26 milhões foram pagos antes de qualquer prestação de serviço. Além disso, ela revela que o mesmo serviço envolveu valores muito menores quando foi prestado pela Prodam, uma empresa municipal.
- Enquanto a ICB cobrou R$ 1,8 mil por ponto, a Prodam fez o mesmo serviço por R$ 230;
- A Go Up e a ICB são registrados por Karina no mesmo endereço da Academia Nacional de Cultura, a ANC;
- A ANC foi criada em 2024 com o objetivo da produzir a série documental “Heróis Nacionais – Filhos do Brasil que não se rende”, que ainda não saiu do papel;
- No entendo, isso não impediu a ANC de ter recebido R$ 2,4 milhões em emendas parlamentares de nomes como Alexandre Ramagem, Carla Zambelli, Bia Kicis, Marcos Pollon e Gil Diniz, todos do partido PL;
- O Intercept também revela que a ICB recebeu R$ 2 milhões em emendas de Mario Frias, roteirista de Dark Horse, com o objetivo de promover projetos de letramento digital e de incentivo ao esporte.
No entanto, até o momento nenhum desses projetos aparece no site oficial do Instituto Conhecer Brasil, que só instalou 3,2 mil dos 5 mil pontos de WiFi contratados pela prefeitura de São Paulo. Em resposta à reportagem, a gestão de Ricardo Nunes afirma que não agiu de forma irregular e que nenhum dos recursos destinados ao projeto voltado à conectividade foi usado para ajudar na produção de Dark Horse.
Segundo o Intercept, o ICB foi o único concorrente em um edital que tinha pelo menos 20 irregularidades, de acordo com o Tribunal de Contas do Município. Apesar da recomendação contrária ao prosseguimento do edital milionário, ele prosseguiu e render o valor milionário a Karina e a seus associados.
Produtora do filme de Bolsonaro nega irregularidades
Em resposta à reportagem, o Instituto Conhecer Brasil afirmou que trabalha de forma regular e que não há qualquer ligação entre os projetos que realiza para a prefeitura de São Paulo e aqueles apoiados por Mario Frias. “Todas as nossas ações seguem rigorosamente os termos contratuais, a legislação vigente e as diretrizes dos órgãos de controle”.
De forma semelhante, a Go Up Entertainment afirma que não financiou Dark Horse através do desvio de verbas públicas. Estrelado por Jim Caviezel, o longa-metragem tem como objetivo contar a história das eleições presidenciais de 2018, que foram marcadas por uma facada no então candidato Jair Messias Bolsonaro.
A história também deve voltar ao passado para mostrá-lo como um ex-militar que foi perseguido por ousar enfrentar traficantes de drogas na região da Amazônia. Desenvolvido e filmado sob grande sigilo, o longa já enfrentou polêmicas relacionadas a questões trabalhistas e ao uso indevido de uma música da artista Beyoncé.
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