As superbactérias já são responsáveis por uma crise de saúde global. Elas são bactérias comuns que desenvolveram resistência a antibióticos, tornando as infecções mais difíceis de tratar com os antibióticos tradicionais.
Estima-se que, no mundo todo, aproximadamente 4,95 milhões de mortes estejam associadas a infecções causadas por organismos resistentes. Além disso, projeções indicam que o problema deve se agravar, com o número de óbitos ultrapassando a casa dos 8 milhões até 2050.
Projeto brasileiro foi selecionado por iniciativa internacional
- Em meio a este cenário, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que cepas de Klebsiella pneumoniae são patógenos de prioridade crítica.
- Isso porque essas bactérias têm se tornado resistentes a todos os antimicrobianos disponíveis para uso clínico.
- A entidade defende a priorização de investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novos antibióticos, vacinas, diagnósticos e tratamentos.
- E uma possível solução pode vir de um projeto de pesquisadores brasileiros recentemente selecionado na iniciativa internacional Global Grand Challenges – Gr-ADI (Gram-Negative Antibiotic Discovery Innovator).
- Patrocinado pelas Fundações Gates, Wellcome e Novo Nordisk, o programa apoia esforços inovadores voltados ao desenvolvimento de novos antibióticos capazes de combater infecções causadas por superbactérias.
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Esperança na luta contra as superbactérias
Entre os pesquisadores brasileiros que participam do trabalho estão Marisa Fabiana Nicolás, Isabella Alvim Guedes e Laurent Emmanuel Dardenne, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), além de Ana Cristina Gales, médica infectologista da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Eles apresentaram o projeto em artigo publicado no portal The Conversation.
O foco é a descoberta e validação de novos antibióticos, especialmente contra a Klebsiella pneumoniae. Essa bactéria é responsável por infecções graves, como pneumonias, infecções de corrente sanguínea e urinárias e abscessos hepáticos.
O projeto terá início em dezembro de 2025 e está estruturado em quatro fases principais. Inicialmente, a priorização de alvos terapêuticos. Em seguida, faremos a validação funcional e genética. Posteriormente, partiremos para a descoberta de compostos ativos. Por fim, faremos a validação experimental de substâncias ativas contra os alvos selecionados.
Pesquisadores em artigo do The Conversation
Tecnologias de última geração, como inteligência artificial, modelagem molecular, bioinformática e triagem virtual, serão utilizados no trabalho. Além disso, o Supercomputador Santos Dumont (SDumont), instalado no Laboratório Nacional de Computação Científica, o mais potente da América Latina dedicado à pesquisa científica, será usado para garantir a realização das análises, que exigem grande capacidade de processamento.
Um dos pilares tecnológicos do projeto será a aplicação de modelos de inteligência artificial generativa, desenvolvidos no próprio LNCC. Esses modelos utilizam uma abordagem multiobjetivo, capaz de propor novas moléculas potencialmente ativas contra alvos moleculares. E a ideia é validá-las de forma experimental ao longo do projeto.
Artigo publicado no The Conversation
De acordo com os pesquisadores, a combinação entre priorização de novos alvos moleculares e o planejamento de novas moléculas por meio de IA generativa é a chave para o desenvolvimento de antibióticos de nova geração. E o Brasil pode ter um papel fundamental neste processo.
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