O cometa interestelar 3I/ATLAS, terceiro objeto vindo de fora do Sistema Solar já identificado, começou a se afastar do Sol após atingir o periélio — ponto mais próximo da estrela — na quarta-feira (29). A partir das próximas semanas, ele voltará gradualmente a ser visível a partir da Terra, embora a observação exija equipamentos astronômicos específicos e condições favoráveis de visibilidade.
Descoberto em julho deste ano, o 3I/ATLAS é considerado um dos objetos mais importantes para a astronomia recente. Por ser um visitante interestelar, ele traz informações sobre regiões distantes da Via Láctea e ajuda os cientistas a entender a formação de sistemas planetários em outros cantos da galáxia.
Quando e onde o cometa 3I/ATLAS poderá ser visto
De acordo com o guia de observação TheSkyLive, o 3I/ATLAS começará a reaparecer no céu nas primeiras semanas de novembro. A partir do dia 3, ele poderá ser visto pouco antes do amanhecer, na direção leste, a cerca de 9º acima do horizonte. Entre os dias 3 e 17 de novembro, o cometa cruzará a Constelação de Virgem, ganhando alguns graus de altura a cada madrugada. Em seguida, ele passará pela Constelação do Leão.

No Brasil, as condições para observação devem melhorar no início de dezembro, quando o cometa estará mais afastado do Sol e com elongação suficiente — ou seja, uma distância angular maior em relação à estrela. Mesmo assim, o fenômeno continuará desafiador, já que o brilho do objeto permanecerá fraco e o tempo disponível para observá-lo será curto, cerca de uma hora antes do nascer do Sol.
Brilho e visibilidade do 3I/ATLAS
O cometa terá uma magnitude estimada em 11,5, o que o torna invisível a olho nu e difícil de identificar até mesmo com binóculos astronômicos. Para vê-lo, será necessário o uso de telescópios de médio porte, com abertura de pelo menos 20 centímetros, em locais de céu escuro e horizonte livre de obstáculos.
Segundo Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA) e colunista do Olhar Digital, talvez já seja possível observá-lo com telescópios por volta do dia 10 de novembro. “Mesmo sendo um objeto, provavelmente, com alguns quilômetros, o 3I/ATLAS ainda estará a 270 milhões de quilômetros da Terra no momento de máxima aproximação, em 19 de dezembro”, explica o astrônomo.
Ele explica que, embora o cometa possa estar acima do horizonte antes disso, sua visibilidade depende muito das condições do céu, já que o brilho pode ser ofuscado pelo crepúsculo. O astrônomo considera que o 3I/ATLAS só ficará realmente perceptível quando atingir mais de 20° de elongação em relação ao Sol. “Por ele ser tênue, acho muito difícil ser visto antes disso”, afirma.
Zurita destaca ainda que, por passar longe do Sol, o cometa não será tão ativo quanto outros corpos semelhantes. “Tudo isso contribui para uma passagem muito discreta no céu, apesar de toda a repercussão que o terceiro objeto interestelar detectado provoca”, afirma Zurita.

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Acompanhamento global do visitante interestelar
O 3I/ATLAS seguirá visível até o fim de dezembro, mas apenas com equipamentos adequados. Ainda assim, sua observação é considerada valiosa pela comunidade científica. A International Asteroid Warning Network (IAWN) incluiu o cometa em uma campanha global de observação que ocorrerá entre 27 de novembro de 2025 e 27 de janeiro de 2026, reunindo telescópios em diferentes países.
O objetivo é registrar sua trajetória e coletar dados sobre a composição do núcleo e da coma — a nuvem difusa de gases e poeira ao redor do corpo principal. Essas análises ajudarão a compreender melhor a estrutura de objetos que cruzam o Sistema Solar vindos de outras estrelas e, futuramente, podem servir de base para estratégias de monitoramento de cometas em rota de colisão com a Terra.
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