Conforme anunciado em junho de 2024 pelo Olhar Digital, a União Astronômica Internacional (IAU), em parceria com o podcast de ciência Radiolab, nos EUA, promoveu um concurso para batizar o objeto 164207 (2004 GU9), uma quase-lua da Terra. E o nome escolhido foi Cardea, a deusa romana das dobradiças de porta.
Por mais estranho que isso possa parecer, sim, existe uma divindade relacionada a esse utensílio – representando a proteção das famílias das casas, impedindo o acesso de maus espíritos.
O responsável pela ideia foi Clay Chilcutt, um estudante da Universidade da Geórgia, vencedor do concurso que tinha por objetivo encontrar um nome para uma das sete quase-luas conhecidas da Terra.
O que são quase-luas?
As quase-luas são corpos celestes que orbitam o Sol, mas que aparentam, à primeira vista, ser satélites de um planeta. Elas compartilham uma órbita semelhante à da Terra e mantêm uma proximidade que pode enganar observadores casuais, dando a impressão de que se comportam como luas comuns.
No entanto, como dito, diferentemente da Lua da Terra, que orbita nosso planeta, as quase-luas seguem trajetórias próprias ao redor do Sol. Entre esses objetos, o mais conhecido é Kamo’oalewa, que possivelmente tem origem lunar.
Segundo Chilcutt, a inspiração para o nome Cardea veio do simbolismo dessa deusa romana, associada a transições e passagens. Em sua proposta oficial, ele explicou que o caminho orbital único da quase-lua reflete esse estado de transição, representando um portal entre a Terra e o espaço.
Ao site Space.com, o universitário mencionou que só conheceu a mitologia de Cardea ao realizar a pesquisa para a tarefa acadêmica, o que acabou rendendo uma experiência marcante.
O nome venceu seis outras propostas, todas baseadas em mitologias diversas. Entre elas estavam Bakunawa, um dragão filipino que se alimenta de luas, e Ehaema, um espírito noturno lendário da Estônia. Também foram sugeridos Enkidu, um mito mesopotâmico, e Ótr, uma figura nórdica associada à habilidade de mudar de forma. Tarriaksuk, da mitologia inuit, e Tecciztecatl, a representação asteca do “homem na lua”, completaram a lista de finalistas.
Latif Nasser, coapresentador do Radiolab, teve um papel central na ideia de criar o concurso. Ele já havia nomeado outra quase-lua, 2002 VE, como “Zoozve”, inspirado por uma confusão envolvendo um pôster do Sistema Solar no quarto de seu filho.
A história viralizou nas redes sociais, levando a IAU a aceitar o nome. Esse precedente motivou Nasser a repetir a iniciativa, dando a chance para que outras pessoas participassem do processo criativo.
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Além do próprio Nasser, o júri do concurso incluiu figuras renomadas, como o físico teórico Sean Carroll, a astrofísica Wanda Diaz Merced, o popular comunicador de ciência Bill Nye e o ator Penn Badgley. Para Chilcutt, saber que Bill Nye estava entre os jurados foi uma surpresa e um momento de grande emoção. “É uma experiência única dizer que deixei minha marca na história e fiz uma contribuição para a ciência”.
No anúncio oficial, Nasser destacou o entusiasmo e a curiosidade que o concurso despertou no público, incentivando o interesse pelo espaço e pela ciência. Ele também celebrou a escolha do nome, que reflete a natureza misteriosa e única do Universo.
Segundo ele, a iniciativa de nomear quase-luas é mais do que uma simples escolha de palavras; é uma celebração do espírito humano de explorar, aprender e se inspirar no cosmos.
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