Durante décadas, a Varig foi considerada referência em qualidade de serviço, inovação e excelência nas viagens aéreas. A tradicional companhia aérea brasileira operava voos para dezenas de países e chegou a se tornar a maior empresa do setor na América Latina, sendo um orgulho nacional.
Ela também ficou marcada por ser a transportadora oficial da seleção brasileira de futebol entre as copas de 1966 e 2006. Uma das imagens mais lembradas da conquista do tetracampeonato, em 1994, foi a do atacante Romário segurando a bandeira do Brasil na janela da cabine do avião, após o pouso, na chegada ao país.

Uma cena parecida foi repetida oito anos depois, no retorno do time que ganhou o penta na Copa de 2002. Dessa vez, o lateral Cafu apareceu em uma das janelas da cabine e o técnico Felipão na outra, segurando bandeiras do Brasil, com o avião já na pista e em velocidade reduzida.
Quer saber que fim levou a Varig e o que aconteceu com a marca que dominou os céus do Brasil por décadas? Confira a seguir!
Quando surgiu a Varig?
A Viação Aérea Rio-Grandense (Varig) foi fundada pelo alemão Otto Ernst Meyer em 1927, em Porto Alegre (RS), se tornando uma das pioneiras entre as companhias aéreas do Brasil. A marca surgiu com o apoio da Condor Syndikat, atual Lufthansa, e um grupo de empresários alemães e brasileiros.
O início da operação foi com um hidroavião Dornier Do J, que fazia voos entre a capital gaúcha e Rio Grande, no litoral do estado. O serviço chegou às regiões Centro-Oeste e Nordeste nos anos 1940, quando a empresa era presidida pelo empresário Ruben Berta.

Já o primeiro voo internacional aconteceu em agosto de 1942, entre Porto Alegre e Montevidéu (Uruguai), e com a aquisição dos aviões Lockheed Constellation, em 1955, inaugurou a rota até Nova York (Estados Unidos). Ela fazia escalas em São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), entre outras cidades, atendendo a um público cada vez maior.
Um novo avanço veio entre o final dos anos 1950 e o início da década de 1960, quando a Varig recebeu seus primeiros jatos comerciais. A estreia foi com o SE-210 Caravelle III, que pouco depois deu lugar ao Boeing 707. Nessa mesma época, a marca adquiriu a Real Aerovias, que até então dominava o mercado doméstico.
O auge da Varig
Com a incorporação, a Varig viu sua frota dobrar de tamanho e novas aeronaves foram compradas, como Convair 340, Convair 990, Lockheed Constellation e Douglas DC-6. O negócio rendeu, ainda, mais rotas internacionais, chegando a Lima (Peru), Cidade do México (México), Miami e Los Angeles (EUA).
Novos voos foram agregados com a dissolução da Panair do Brasil, em 1965, levando-a a fazer seus primeiros voos para a Europa. Dessa forma, a marca passou a dominar as viagens ao exterior, enquanto no mercado doméstico, a disputa com Vasp e Transbrasil era acirrada.
Já nos anos 1970, ela começou a se consolidar, sendo reconhecida pela qualidade do serviço de bordo, comparado ao de algumas das maiores companhias aéreas do período, como Pan Am, Air France e Lufthansa. Na época, também houve a compra da Cruzeiro do Sul e a fundação da Rio Sul, esta última junto com duas parceiras.

Ainda na década de 1970, ela passou a levar passageiros à Ásia e África, enquanto nos anos 1980 recebeu seus primeiros aviões Boeing 747-200, um deles usado na inauguração do Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos. Também vieram as aeronaves Airbus A300 e o primeiro Boeing 737-300.
Com a frota renovada, comissárias que falavam diversos idiomas, cardápios de primeira linha e outros benefícios oferecidos aos passageiros, a marca se tornou sinônimo de sofisticação. Além disso, havia o apoio do governo, uma vez que levava o nome do Brasil ao exterior.
O início da crise
Mas nos anos 1990 surgiram as primeiras turbulências, com a abertura do mercado nacional durante o governo Fernando Collor de Mello. Ela começou a ter a concorrência da Transbrasil e da Vasp nas rotas internacionais, perdendo um monopólio de décadas.
Ao mesmo tempo, as americanas Delta, American Airlines, Continental e United Airlines chegaram ao Brasil, tomando parte dos seus clientes. As empresas estrangeiras se destacavam pelo número de aeronaves, com uma frota cerca de 10 vezes maior, em alguns casos.
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Um pouco mais tarde, a TAM começou a operar em todo o território nacional e se tornou mais uma rival direta da gigante gaúcha, diferenciando-se pela oferta de passagens aéreas baratas. Já no início dos anos 2000, foi a vez da GOL chegar ao mercado.
Embora a demanda por voos tenha aumentado, a Varig não conseguia acompanhar as mudanças implementadas pelas demais empresas. Com práticas antigas e nada competitivas, ela foi ficando cada vez mais para trás e perdendo relevância.
Decadência e o fim da Varig

Diante da perda de espaço nos anos 1990 e das dívidas que se acumulavam desde a década de 1980, a companhia enfrentava uma situação financeira quase insustentável no início do século XXI. A situação piorou de vez em 2003, quando não conseguia mais pagar o arrendamento de seus aviões.
Mesmo com aeronaves sendo confiscadas, a empresa seguia tendo gastos descontrolados até que em junho de 2005 a Varig pediu recuperação judicial. A medida dividiu a companhia em duas, a “velha”, com dívidas perto de R$ 8 bilhões, e a “nova”, responsável pela operação e sem qualquer débito.
A Volo do Brasil comprou a “nova Varig” em 2006 e tomou medidas drásticas, suspendendo todos os voos, exceto a ponte Rio-São Paulo, e demitindo 5,5 mil funcionários. Mas o negócio durou pouco e, no ano seguinte, a operação passou para as mãos da GOL, que pagou US$ 320 milhões (R$ 1,7 bilhão pela cotação atual).
A “velha Varig” também tentou seguir funcionando, por meio da Flex Linhas Aéreas em 2007, porém fechou as portas rapidamente. A falência da Varig foi decretada no dia 20 de agosto de 2010, deixando cerca de 12 mil pessoas desempregadas, grande parte delas sem receber seus direitos trabalhistas até hoje.
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