A Alphabet, dona da Google, é uma empresa que tem produtos ou serviços em quase todos os setores possíveis da tecnologia de consumo. Eles incluem buscador, cliente de email, armazenamento de arquivos, plataforma de vídeos, mapas, inteligência artificial (IA) e muitos outros exemplos.
Porém, existe um setor bem populoso em que a Google não está presente diretamente: o de redes sociais. Em vez de competir diretamente contra Instagram, TikTok ou o X (antigo Twitter), ela prefere assistir a essa briga de longe — no máximo com algumas funcionalidades do tipo no YouTube.
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Só que nem sempre foi assim e a empresa já tentou emplacar um serviço próprio nesse campo. Foi o Google+, um projeto que parecia ousado em teoria e integrava vários dos produtos da empresa, mas que não deixou muitas saudades por parte do público.
O que era (e para que servia) o Google+
O Google+, às vezes chamado também de Google Plus, foi lançado em junho de 2011 pela companhia sem tanto alarde. A ideia inicial do serviço era era “unir pessoas com interesses comuns”, além de oferecer um ambiente de interação e troca de informações, conhecimento e interação social.
Desde o início, ele utilizou um sistema de Círculos para agrupamento de contatos. Dessa forma, ao adicionar uma pessoa ao seu perfil, você desde o início categorizava ela em grupos como amigos, família ou separados por temas.
Na página do Google+, era possível também acompanhar e compartilhar os seus assuntos favoritos com ajuda da pesquisa da própria companhia, e criar Comunidades — que, apesar do nome lembrar o recurso do Orkut, eram grupos mais limitados e que reuniam pessoas que publicavam sobre determinados temas em seus próprios perfis.
No perfil, cada pessoa poderia publicar atualizações que incluíam textos curtos, fotos, vídeos ou links. E boa parte desses conteúdos poderiam vir de outras páginas da internet, que ganharam um ícone “+1” que facilitava o compartilhamento na conta.

A plataforma contou ainda com um serviço de videoconferências individuais ou em grupo que sobreviveria como um recurso próprio: o Hangouts, posteriormente incorporado ao Gmail. Até mesmo o Google Fotos, hoje usado até como a galeria online padrão de imagens no Android, também nasceu ali incorporado como uma função de postagem.
Aos poucos, porém, a Google começou a mencionar o Google+ não como uma rede social, mas uma forma de integrar serviços da empresa. O serviço tinha funções envolvendo Google Fotos, YouTube e Gmail, além de ser a conta padrão para login nessas plataformas nativas.
O fim do Google+
Em 2015, o Google+ passou por mudanças radicais que alteraram o design e o funcionamento do serviço, deixando os recursos sociais em segundo plano. Poucas eram as pessoas realmente ativas por lá, embora existissem nichos fiéis, o que rendia piadas entre quem estava nas outras plataformas.
Esse já não era um sinal de que a situação da plataforma era boa e, nos anos seguintes, ela operou de forma mais discreta e registrando perda de usuários. Até que, em 2018, uma série de fatores acelerou o fim do projeto para consumidores e no meio corporativo.
A Google já pensava em abandonar aos poucos ideias como o botão de compartilhamento e a integração, até que em outubro de 2018 ela confirmou que iria descontinuar toda a plataforma em questão de poucos meses. A antecipação ocorreu não só pela baixa adesão, mas também por um problema de segurança que expôs informações privadas de usuários para terceiros, e que foi seguido por outro bug no fim do ano, também envolvendo a exploração não autorizada da API do serviço.

Em 2 de abril de 2019, o serviço começou a ser fechado e todas as contas foram deletadas gradualmente, com o botão de compartilhamento de outras páginas também deixando de funcionar. A partir deste ponto, acabava o sonho do Google+.
Por que o Google+ deu errado?
O Google+ inicialmente foi um sucesso em termos de adesão do público, muito pela naturalidade na migração de contas de quem já fazia parte do ecossistema da empresa. Isso é algo que já foi notado várias vezes no mercado, como no caso do crescimento do Threads, rede social da Meta que facilita a importação do perfil do Instagram.
Em pouco mais de um ano, a plataforma já tinha 400 milhões de usuários — sendo então a segunda maior rede social do mundo, atrás só do Facebook. Essa quantidade, porém, se mostrou pouco orgânica: a maior parte dos cadastros veio de maneira forçada pela empresa por causa do uso conjunto em outros serviços, sem que o público frequentasse de fato a parte social do serviço.

Além de ser pouco adotado, o Google+ ainda irritou muita gente justamente por causa dessa integração forçada. Em determinado ponto, chegou a ser obrigatório ter um perfil na plataforma para criar um endereço de email e até comentar no YouTube, por exemplo, o que irritou até um dos cofundadores do site de vídeos.
Outro ponto que pesa contra o projeto é a própria política corporativa da Google. A empresa tende a criar produtos demais, alguns que canibalizam uns aos outros em um mesmo setor, e também é conhecida por descontinuar plataformas em um ritmo acelerado logo que percebem que ela não atingiu resultados esperados.
Antes do Google+, a empresa entrou no segmento de redes sociais a partir de outras tentativas:
- o saudoso Orkut, favorito dos brasileiros, criado como projeto paralelo de um funcionário em 2004. Abandonada no resto do mundo, ela durou até 2014.
- o Google Wave, de 2009, uma espécie de plataforma colaborativa que misturava serviços como email, mensageiro e rede social em um ambiente, mas que teve baixo uso;
- o Google Buzz, de 2010 que evoluía a experiência do Gmail com recursos como divulgação de links ou publicação de status, mas que não teve muito espaço nem mesmo internamente.
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