Que fim levou o mouse de bolinha, clássico periférico dos anos 2000?

Ícones dos computadores entre as décadas de 1980 e até 2000, os famosos mouses com bolinha marcaram época. Geralmente brancos e que após pouco tempo de uso ficavam amarelados, os modelos se destacavam por uma bolinha de borracha em seu anterior, mas a evolução tecnológica praticamente extinguiu esses produtos.

Considerados como um clássico de tempos mais simples para os computadores e extremamente versátil, esses mouses foram paulatinamente substituídos por sensores digitais e chips mais potentes. O resultado foi a popularização de mouses cada vez mais leves e mais responsivos.

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As origens do mouse

Com o surgimento de computadores de uso comercial mais rudimentar a partir da década de 1960, o engenheiro Doug Engelbart desenvolveu o primeiro protótipo do mouse em 1964 no Stanford Research Institute. Bem diferente do que temos hoje, o projeto era uma caixa de madeira com duas rodas perpendiculares e um único botão.

Mouse de Engelbart foi inspirado em dispositivos mecânicos de medição de área chamados planímetros (Imagem: Computer History Musem/reprodução)

De início, a recepção não foi das melhores, mas para sistemas tão arcaicos como os daqueles computadores, era algo funcional. Já em 1970, Bill English, da Xerox PARC, desenvolveu o mouse de esfera mais próximo como conhecemos hoje, que era capaz de rastrear o movimento em qualquer direção por meio daquela bolinha.

Porém, só foi a partir de 1983 que a Apple popularizou esse formato de mouse ao lançar os computadores Lisa e o clássico Macintosh. Com esses novos produtos, o uso do mouse se tornou obrigatório em toda mesa de computador, e o formato do mouse com a bolinha ganhou tração a partir dali.

Nas décadas seguintes, inúmeras empresas começaram a melhorar esse sistema e lançar designs inovadores, mais anatômicos, e funcionais. Uma das pioneiras foi a Logitech, com um modelo de três botões, o P4, e gigantes como a Microsoft seguiram o mesmo caminho pouco tempo depois.

Como o mouse de bolinha funcionava?

Embora hoje muitas pessoas entendam como o icônico mouse de bolinha funcionava, há algumas décadas a função daquela bolinha era motivo de dúvidas. O objeto esférico estava ali como um enfeite, ou realmente tinha alguma contribuição significativa para o funcionamento do periférico?

A resposta é que sim, a bolinha era primordial para o mouse funcionar. Tudo era feito de maneira mecânica, e a bolinha era pressionada contra mesa ou superfície usada pelo usuário quando ele colocava a mão no mouse para navegar no PC. O fato dela ser feita de borracha melhorava o atrito, ao passo que também conferia suavidade no movimento.

Bolinha do mouse era facilmente removida por meio de uma capa de plástico que a segurava (Imagem: Piotr Wytrazek/GettyImages)

Ao ser pressionada contra essa superfície, a bola conseguia ser movimentada para diversas direções, mas em especial os eixos X e Y, ou seja, verticalmente e horizontalmente. O restante das estruturas presentes no mouse eram alguns cilindros e sensores fotoelétricos, que convertiam os impulsos das coordenadas geradas pela bolinha no movimento que observamos na tela.

Por ser uma pecinha tão importante, é por isso que não era incomum ver pessoas abrindo mouse para retirar e limpar a bola com álcool. Enquanto uns faziam isso como método de conservação do componente e para deixar o uso mais suave, outros só realmente queriam tirar a bolinha do periférico e brincar com ela.

Apesar disso, a bola no mouse não era um item decorativo. A função era passar informações para o sensor presente no mouse, e converter esses dados no movimento do ponteiro. Na época, essa era a grande tecnologia responsável pelo funcionamento desse periférico.

Por que o mouse de bolinha caiu em desuso?

Com a expansão dos mouses de bolinha a partir do Macintosh, o mouse como componente obrigatório se tornou uma regra, assim como o teclado. Porém, com o passar dos anos a indústria dos computadores notou que era o momento de começar a abandonar o mouse com bolinha.

Um dos principais motivos é que a bolinha do mouse, embora importante, não conferia tanta precisão aos usuários. Sim, para tarefas extremamente básicas tudo funcionava bem, mas o perfil do usuário com o passar dos anos aumentou a exigência em torno do mouse, seja para uso profissional e até mesmo nos games.

Mouses de bolinha antigos também foram substituídos por conta dos conectores PS/2 já defasados (Imagem: Shamil/GettyImages)

Esses aparelhos também não possuíam muito ajuste para a sensibilidade no toque, e a constante entrada de poeira pelo buraco que abrigava a bola causava travamentos, e podia até quebrar o dispositivo. Aliás, o uso de superfícies com leves irregularidades também impedia o funcionamento do mouse, já que a esfera não conseguia enviar tão bem as coordenadas ao sensor. Confira outros motivos que levaram ao desuso desse produto:

  • Ergonomia ruim: mouses com bolinha geralmente não tinham um bom design e cansavam as mãos e punhos após pouco tempo de uso;
  • Pouca opção de conectividade: os modelos geralmente usavam conexões antigas, como a P/2 ou versões iniciais do USB. Havia pouco espaço para experimentar tecnologias sem fio;
  • Poucos botões: mouses desse tipo também tinha poucos botões para usuários conseguirem ter opções extras de navegação.

Como os mouses atuais funcionam?

A partir da década de 1990, a indústria de computadores começou a ganhar adeptos em games e atividades profissionais, como programação e modelagem. Foi nesse período que surgiram os primeiros mouses com sensores ópticos de uso comercial, e esse foi o pontapé para o início do fim dos mouses com bolinha.

Diferente dos periféricos que possuíam a esfera em seu interior, os sensores ópticos colocavam essa peça de lado e funcionam por meio de tecnologia óptica ou lasers. O foco era a precisão máxima, e esses lasers conseguiam realizar a mesma função da bolinha, mapeando a superfície e enviando os dados para o PC.

Sensores ópticos possuem apenas uma pequeno buraco na parte traseira do mouse para fazer a leitura da superfície (Imagem: Felipe Vidal/TecMundo)

Empresas como Microsoft e Logitech foram pioneiras no lançamento de mouses com essas tecnologias, mas a implementação era cara demais. Foi a partir dos anos 2000 que os custos envolvidos nessas operações diminuíram, e os mouses a laser começaram a invadir as casas dos usuários, empresas e lan houses.

Com a evolução dos mouses de bolinha para os modelos a laser e sensor óptico, esses periféricos começaram a oferecer sensibilidade variável, versões sem fio e mais botões. Essa série de recursos também tornou os mouses mais confortáveis e ainda abriu portas para a consolidação do PC como a plataforma definitiva para games.

Ao longo de quatro décadas, os mouses de bolinha perderam sua relevância, principalmente a partir de 2010, quando os modelos ópticos realmente se tornaram a opção primária nas prateleiras. Hoje, os sensores ópticos são os mais potentes e já muito populares em produtos de diversas faixas de preço.

O fim desses periféricos antigos não tem um motivo incomum, e foi apenas fruto da evolução tecnológica. E aí, você usou o mouse com bolinha em algum momento?

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