Que fim levou o Submarino, site pioneiro das compras online no Brasil?

O Brasil tem uma alta variedade de lojas digitais que vão além de gigantes estrangeiras como a Amazon. Entre esses sites, um deles se destaca pelo pioneirismo, o crescimento ao longo dos anos e manter uma marca muito reconhecida.

É o Submarino, um antigo gigante do comércio eletrônico nacional que, nos últimos anos, perdeu força e ficou para trás em um setor bastante competitivo, com uma concentração cada vez maior de poder em menos plataformas.

Curioso para saber o que exatamente aconteceu com esse serviço tão popular em especial nas décadas de 2000 e 2010? A seguir, o TecMundo relembra e explica o que aconteceu com essa marca.

O início explosivo do Submarino

A trajetória do Submarino começa em 1999 com três empreendedores: Antônio Bonchristiano, Marcelo Ballona e Flávio Jansen. Eles foram os responsáveis por lançar o site de venda de produtos em uma ainda jovem internet nacional.

A logo original e mais icônica do site. (Imagem: Divulgação/Americanas)

Só que a página não começou do zero: ela nasce com a compra da Booknet, lançada dois anos antes e considerada a primeira livraria virtual do país. Até então, a companhia se chamava TBL.

Com a compra e a chegada da GP Investimentos que aplicou ainda mais fundos no negócio, o Submarino já nasce com a comercialização de livros, brinquedos e CDs

Como o lançamento foi feito também em espanhol, o veículo que navega abaixo d’água foi escolhido como nome, já que tem a mesma grafia entre ele e o português.

O sucesso do Submarino foi imediato e, depois de faturar R$ 1 milhão já no primeiro mês, o site chegou a 1 milhão de clientes quatro anos depois da inauguração.

Uma versão antiga do site. (Imagem: Reprodução/Exame)

Foram vários fatores que ajudaram o Submarino a conseguir um sucesso acelerado no país:

  • A escolha do trio de empresários pelo setor de lojas digitais, que ainda estava em fase muito inicial no Brasil, com poucos concorrentes realmente estabelecidos;
  • O cenário de crescente popularização da internet comercial no país, com cada vez mais pessoas tendo acesso a computadores e conexão;
  • A verba de investimentos, que ajudou o Submarino a nascer já como um projeto sólido em frentes como infraestrutura, logística e parcerias comerciais com editoras e distribuidoras;

Para além de Brasil e Espanha, o serviço também ocupou uma fatia de mercado na Argentina principalmente após comprar uma loja digital chamada Officenet.

Da estabilidade para as mudanças

O Submarino chegou até mesmo a abrir o capital na Bolsa de Valores brasileira, a B3. Em 2005, a empresa fez a oferta pública de ações (IPO) e, na época, levantou R$ 472 milhões.

Nesse período, 40% do controle da companhia estava na mão de brasileiros e o site reforça a presença em áreas como tecnologia e cultura pop, mas logo a situação mudaria novamente.

Em 2006, o Submarino é comprado pelo conglomerado Americanas, então ainda muito mais forte nas lojas físicas, mas já com presença digital por meio de um site. Aqui, o Shoptime também já pertencia ao grupo.

A Americanas comprou o Submarino em 2006. (Imagem: Tânia Rego/Agência Brasil)

Nesse período, é criada a empresa B2W Digital, uma nova marca que incorpora as duas lojas digitais e seria responsável por administrar o trio.

A mudança fez aos poucos os cofundadores deixarem a companhia: Ballona saiu para posições de liderança em outras empresas, enquanto Bonchristiano vira o gerente executivo da GP Investimentos. Jansen também deixou o cargo depois da aquisição e, por anos, foi CEO da Locaweb.

O que aconteceu com o Submarino?

O desenvolvimento do comércio eletrônico nacional prejudicou o Submarino, mesmo com o site ainda integrando um conglomerado de peso. Um dos seus maiores concorrentes por aqui era outro grupo, o Via Varejo, de nomes como Casas Bahia e Ponto Frio.

Plataformas de marketplace, como a Amazon, ou nomes consolidados entre o público, como o Mercado Livre, ganharam ainda a concorrência de sites como Shopee e Aliexpress.

Uma tentativa de reorganizar a companhia, em 2021 a B2W realiza uma fusão com as próprias Lojas Americanas. O resultado dessa operação é a manutenção de “Americanas” como o principal nome da companhia.

Porém, qualquer planejamento foi prejudicado quando, em 2023, as Americanas entram em uma crise financeira grave e viram notícia pela revelação de inconsistências contábeis no balanço fiscal.

Ações de mascarar ou transferir valores resultaram em um rombo de R$ 25 bilhões, que acelerou o fechamento de lojas físicas e o cancelamento de serviços, como o caso do Ame Digital.

Em julho de 2024, veio outra consequência desse momento delicado. A empresa comunicou que os sites Submarino e Shoptime seriam encerrados como marca, com a estrutura absorvida pela marca unificada Americanas.

O anúncio do fim das atividades da empresa. (Imagem: Reprodução/Americanas)

Segundo a empresa, a ideia era seguir uma “nova estratégia de negócios, que foca em uma operação mais ágil, rentável e eficiente para oferecer uma experiência de compra ainda mais completa” no digital.

Ou seja, tanto o Shoptime quanto o Submarino foram encerrados em definitivo como empresa e domínio, para que a empresa priorizasse a marca Americanas no comércio eletrônico nacional — projeto que segue no ar até hoje, ainda que a situação fiscal siga difícil.

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