O Windows tem há muitos anos o domínio do mercado de sistemas operacionais para computadores, com a Microsoft sendo referência no lançamento de plataformas para notebooks e desktops. Porém, nem todo o histórico dela com atualizações é positivo e a trajetória conta com alguns produtos que ela gostaria de esquecer.
Talvez o nome recente mais infame seja o do Windows Vista, uma geração que apresentou problemas praticamente desde a concepção e só conseguiu atingir o nível esperado próximo do fim do suporte. Essa plataforma tinha ideias ousadas e recebeu elogios mesmo em meio a tantas avaliações ruins, mas hoje é mais lembrada como um dos grandes deslizes da companhia.
Mas você sabe como esse produto chegou ao ponto de ser tão criticado? E será que ele ainda existe hoje em dia, mesmo já defasado e superado por outras versões? Abaixo, confira uma retrospectiva dessa história.
O (re) nascimento de um sistema operacional
O Windows Vista tinha uma grande responsabilidade antes mesmo de sair: substituir o popular e elogiado Windows XP. Até por isso, a Microsoft planejava um atualização mais radical e ousada, com uma série de melhorias complexas em vários aspectos.
Chamado internamente de Longhorn, o projeto começou a ser tocado na metade de 2001, meses depois da chegada da versão anterior, mas encarou vários problemas com atrasos e dificuldades técnicas. Três anos depois, ele foi “resetado”, com prioridades revistas por críticas sobre “falta de foco” no sistema e o código embasado no Windows Server 2003 Service Pack 1.
Parte dos recursos planejados incluíam um novo mecanismo interno de busca por conteúdos e arquivos, o WinFS, e uma nova barra lateral, além de um Menu Iniciar mais completo. Alguns desses elementos sobreviveram, enquanto outros, como o caso do WinFS levaram anos até a implementação em outras ferramentas, como o Microsoft SQL Server.
O “plano B” da empresa acabou se tornando o sistema operacional definitivo. Após muitos testes e adiamentos, em 30 de janeiro de 2007 a Microsoft lançou oficialmente o Windows Vista — nome que indica o objetivo da plataforma em “trazer clareza ao mundo”.
A principal novidade dele estava no visual: a Aero, uma nova interface com elementos de transparência que simulavam o vidro (e que até remetem ao atual Liquid Glass do iOS), com novos efeitos visuais como desfoque e reflexos.
Além disso, o sistema estreou recursos como o pacote de segurança Windows Defender, além da busca melhorada por programas ou arquivos e o painel lateral herdados do Longhorn. O problema? Isso não foi o suficiente e a plataforma ficou conhecida mesmo pela alta quantidade de aspectos negativos.
Os muitos problemas do Vista
- Desempenho: a quantidade de novos recursos implementados de uma só vez e o acúmulo de adições gráficas deixou o Vista bem mais pesado, lento e propenso a travamentos do que a versão anterior. Ela ainda ocupava sozinho grande parte da memória e do processamento de um equipamento, mesmo sem nada aberto. Como resultado, muitos PCs que rodavam perfeitamente o Windows anterior não tinham uma performance satisfatória na atualização;
- Suporte a drivers: o Vista tinha uma taxa alta de incompatibilidade de drivers em especial no começo da migração, o que resultava em problemas em som, imagem ou rede para usuários;
- Segurança burocrática: o Controle de Conta de Usuário (UAC, na sigla original), que exibia alertas de segurança em ações do usuário, era usado em excesso e interrompia constantemente a navegação. A Microsoft mudou o sistema após críticas;
- Confusão nas versões: em especial no caso de empresas, a Microsoft adicionou opções demais na hora de escolher uma variante. O Vista tinha no lançamento as modalidades Starter, Home Basic, Home Premium, Business, Enterprise e Ultimate, nem sempre com diferenças tão visíveis entre si;
- Popularidade do Windows XP: esse é um obstáculo que a Microsoft normalmente encara após o lançamento de uma versão popular do sistema. Desta vez, o XP era tão adorado pelo público e livre de tantas críticas que muita gente chegou até a reverter a atualização, com a empresa ampliando o suporte para ele;
- Problemas no desenvolvimento: os bastidores turbulentos também prejudicaram a Microsoft, embora menos do que as questões técnicas. A demora no lançamento e o recomeço do projeto esfriaram o interesse do mercado, mantiveram o XP mais tempo como principal sistema e fizeram com que a empresa não vendesse o sistema no Natal, período considerado mais aquecido comercialmente.
O que aconteceu com o Windows Vista?
Assim como outros sistemas operacionais da Microsoft, o Windows Vista seguiu um calendário pré-definido e foi lentamente passando pelo ciclo de suporte até ser considerado obsoleto pela empresa.
O suporte oficial do Vista terminou em 2010 para os sistemas sem os Service Packs, que melhoravam bastante o desempenho da plataforma. Já o fim definitivo veio em 11 de abril de 2017, quando a companhia deixou de suportar também a última versão que recebeu atualizações e ainda estava no programa de suporte estendido.
Até hoje, é possível manter o Vista instalado em um PC, embora isso não seja nada recomendável. Além de estar mal otimizado e vulnerável contra novas ameaças, o sistema já perdeu suporte para vários serviços nativos do Windows e não é mais compatível com programas de outros desenvolvedores.
Ele não chegou a ser ao longo da vida o Windows mais usado: o máximo que conseguiu foi a vice-liderança, atrás do Windows XP, com 400 milhões de usuários ativos em 2009, conquistados em especial após as primeiras correções. A “sorte” da Microsoft foi ter acertado logo na atualização seguinte, o Windows 7. Essa foi uma atualização menos radical e mais segura, com uma interface mais limpa e muito bem recebida no geral.
Mas o trauma com o Vista marcou bastante a empresa. O então CEO da Microsoft, Steve Ballmer, reconheceu em entrevista na época da sua saída da empresa que o Windows Vista era o seu maior arrependimento no cargo, em especial no processo turbulento que envolveu o cancelamento do Longhorn.
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