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Rastreio de imigrantes grávidas: como o VeriWatch complica emergências médicas

by Fesouza
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O Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) está usando smartwatches para monitorar imigrantes gestantes, mesmo durante o trabalho de parto. O dispositivo tem causado medo, atrasos médicos e confusão em hospitais.

Profissionais de saúde relatam que mulheres em situação de emergência ficam pressionadas pelo risco de violar regras de monitoramento enquanto tentam dar à luz, comenta matéria no The Guardian.

Dispositivos de monitoramento do ICE têm causado atrasos e medo entre gestantes em situação de emergência, segundo hospitais
Dispositivos de monitoramento do ICE têm causado atrasos e medo entre gestantes em situação de emergência, segundo hospitais. Imagem: Krakenimages.com/Shutterstock

Quando o smartwatch vira risco em plena sala de parto

Em hospitais dos EUA, gestantes do programa Alternativa à Detenção (ATD) têm chegado ao pronto-socorro usando o VeriWatch — um smartwatch da BI Inc. para rastreamento contínuo. Apesar de ser menos visível que a tornozeleira eletrônica, o dispositivo tem criado problemas.

Segundo funcionários de um hospital do Colorado, uma paciente entrou em pânico ao saber que o relógio precisaria ser removido antes de uma cesariana. Ela temia que o ICE interpretasse a remoção como tentativa de fuga. “Ela estava em prantos. Tinha um medo profundo de que o ICE viesse ao hospital e levasse seu bebê”, disse um dos profissionais.

O relógio só pode ser retirado por agentes do ICE ou da BI, gerando atrasos críticos em emergências médicas.

Smartwatch da BI Inc. usado pelo ICE só pode ser removido por agentes, gerando problemas em emergências.
Smartwatch da BI Inc. usado pelo ICE só pode ser removido por agentes, gerando problemas em emergências. Imagem: Divulgação/BI Inc.

Como o monitoramento funciona, e por que ele assusta

O VeriWatch e as tornozeleiras eletrônicas fazem parte do programa ATD, que chegou a monitorar quase 370 mil pessoas. Hoje, cerca de 180 mil permanecem inscritas. O dispositivo exige supervisão rigorosa e pode incluir:

  • Smartwatch obrigatório, sem possibilidade de remoção pela pessoa monitorada.
  • Verificações de reconhecimento facial por aplicativo.
  • Comparecimento presencial para checagens regulares.
  • Tornozeleiras eletrônicas que não podem ser removidas em emergências sem autorização.

As pacientes relatam medo constante de serem detidas ao menor problema técnico, como bateria fraca — exatamente o que ocorreu com a gestante de nove meses cujo relógio começou a apitar durante o parto.

O funcionário do hospital alerta que atrasos podem gerar complicações graves. “Às vezes, no parto, realizar uma cesariana 20 minutos antes de algo ruim acontecer pode evitar complicações.”

Um caso de 2025 mostra que um homem com recomendação médica para remover a tornozeleira acabou detido após solicitar orientações ao ICE.
Um caso de 2025 mostra que um homem com recomendação médica para remover a tornozeleira acabou detido após solicitar orientações ao ICE. Imagem: Tony Studio/iStock

Clima de medo entre imigrantes

Casos semelhantes têm sido observados em outros estados, com queda em consultas regulares, atendimentos tardios e piores resultados de saúde entre imigrantes monitorados.

Leia mais:

Em Chicago, centros voluntários registraram redução de 30% no número de pacientes que compareceram às consultas e na retirada de medicamentos.

A vigilância intensa afeta não apenas gestantes. Um caso de 2025 mostra que um homem com recomendação médica para remover a tornozeleira acabou detido após solicitar orientações ao ICE.

Segundo o The Guardian, ICE e BI não responderam aos questionamentos sobre os casos.

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