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Relatório final de investigação revela motivos da implosão do submarino Titan

by Fesouza
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A implosão do submarino Titan foi causada por falhas críticas de segurança, resultando na perda de integridade estrutural do casco de fibra de carbono, o que expôs as pessoas a bordo a uma pressão intensa. É o que concluiu o relatório de investigação da Guarda Costeira dos Estados Unidos, divulgado na terça-feira (5).

O incidente com a embarcação da OceanGate ocorreu no dia 18 de junho de 2023 durante viagem ao local do naufrágio do Titanic, a mais de 3.000 m de profundidade, no Oceano Atlântico. Todos os cinco passageiros morreram e os destroços foram encontrados dias depois.

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Operação de busca pelo Titan, no dia em que ele desapareceu. (Imagem: Getty Images)

Quais foram as conclusões da investigação?

De acordo com o Conselho de Investigação Marítima da Guarda Costeira, os principais fatores que contribuíram para a tragédia em alto mar foram falhas no projeto, na certificação e na manutenção do submersível e o processo de inspeção inadequado da empresa. Dessa forma, a conclusão é de que a implosão do Titan poderia ter sido evitada.

  • Os investigadores disseram que a OceanGate tinha uma série de práticas falhas e não se baseava em protocolos de engenharia para segurança, teste e manutenção da embarcação;
  • Ela deixou de seguir, por exemplo, princípios fundamentais de engenharia para garantir a segurança no desenvolvimento e testes do casco do submarino;
  • Um ex-funcionário foi demitido após mencionar a possibilidade de falha do casco e a sua denúncia não foi investigada;
  • O conselho também concluiu que a fabricante não corrigiu as anomalias identificadas na expedição realizada um ano antes, ignorando os dados de monitoramento em tempo real da embarcação;
  • A investigação destaca, ainda, a pressão financeira pela qual passava a empresa e um “ambiente de trabalho tóxico” em relação aos funcionários que alertavam sobre os riscos da viagem.

Outro detalhe apontado pelos investigadores foi o armazenamento incorreto do submersível após uma expedição realizada em 2022. Na ocasião, o Titan ficou exposto ao tempo sem qualquer tipo de proteção durante cerca de sete meses na base marítima de St. John’s, no Canadá.

Nesse período, ele lidou com temperaturas variando de 1,4ºC a 29,5ºC, além de neve, granizo e chuva, enfrentando vários ciclos de congelamento e degelo, o que pode ter causado danos ao casco. O relatório diz que a empresa teria feito isso para reduzir custos, levantando ainda mais preocupações quanto às suas práticas operacionais.

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Os destroços do Titan foram localizados perto dos restos do Titanic, a quase 4.000 m de profundidade. (Imagem: Wikimedia Commons)

Críticas ao CEO da OceanGate e recomendações às autoridades

Na conclusão, os investigadores também fizeram críticas ao fundador e CEO da dona do projeto, Stockton Rush, que morreu na implosão. Mesmo avisado sobre as falhas na embarcação, ele seguiu com a iniciativa e ameaçou processar ou demitir os denunciantes, e possivelmente responderia, criminalmente, se tivesse sobrevivido.

“Uma falsa sensação de segurança foi criada pelo sr. Rush por meio de sua deturpação da segurança do Titan, alcançada alegando falsamente margens de segurança substanciais, enganando os especialistas da missão em relação aos procedimentos de teste e exagerando o número de mergulhos de teste de casco”, aponta o relatório.

O documento traz, ainda, novas recomendações às autoridades, embora mencione que a falta de supervisão governamental não tenha sido a causa direta da implosão. Entre elas, os investigadores sugerem a criação de uma supervisão regulatória nos níveis doméstico e internacional para a construção e a operação de submersíveis inovadores.

Vale lembrar que há outra investigação sobre o caso em andamento, conduzida pelo Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA (NTSB). O órgão deve apresentar seu relatório final a respeito da causa provável da implosão nos próximos meses.

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