No mercado de notebooks gamer de alto desempenho, a Dell continua como uma das marcas mais proeminentes no mercado brasileiro. Ao longo dos anos testando inúmeros notebooks da empresa, o lançamento do Alienware m16 R2 é possivelmente a melhor versão dos laptops entusiastas da companhia.
Eu pude testar o Alienware m16 R2 por algumas semanas como meu notebook pessoal, e a Dell conseguiu trazer aprimoramentos acertados em comparação com o modelo anterior. Seja em performance, construção, desempenho e aquecimento, a versão R2 não faz feio e tem poucos pontos que pesam contra sua indicação.
Design
Se há uma coisa que a Dell definitivamente não precisava mudar no Alienware m16 R2 é o visual do aparelho. Apesar disso, a fabricante conseguiu tornar o modelo menor e mais leve, mas manteve o mesmo estilo e a identidade visual que consagrou esses aparelhos poderosos.
A primeira grande mudança é a redução nas medidas, principalmente na profundidade, já que está quatro centímetros menor. Um dos motivos para isso é que o R2 não possui mais aquela protuberância na região traseira, e a dissipação de calor no chassi também teve as saídas de ar reduzidas.
Essas são as principais alterações vistas rapidamente, que também contribuem para uma diminuição do peso, saindo de 3,1 para 2,6 kg. Não é o modelo mais leve do mundo, mas para os padrões gamer e o fato de já ser um laptop menor, o Alienware m16 R2 não faz feio nesse sentido.

Claro, um Alienware desse porte não seria a minha primeira opção quando o assunto é portabilidade, mas há uma clara evolução aqui. A Dell manteve o que deu certo nas gerações passadas, deixou o laptop mais compacto e ainda conseguiu resolver problemas antigos da linha.
Talvez a grande perda do m16 R2 é a parte traseira iluminada, mas que sinceramente não faz muita diferença. O visual mais sóbrio na parte de trás, com somente o logotipo iluminado, funciona muito bem — e não precisamos de mais um notebook gamer com mais RGB do que performance no mundo do hardware.
Uma das novidades do Alienware m16 R2 é o chamado Stealth Mode. Esse modo, que tem até tecla de atalho dedicada, reduz a rotação das ventoinhas e altera a iluminação, com objetivo de economizar bateria e tornar a experiência mais silenciosa e menos chamativa. A performance é reduzida, mas para trabalho cotidiano ou na faculdade, é uma boa pedida.
Construção
Com o visual clássico, o Alienware m16 R2 mantém uma construção externa similar ao do seu antecessor. A tampa é em alumínio anodizado em um cinza-escuro e um material majoritariamente emborrachado na carcaça, que tem uma ótima textura e achei melhor do que o plástico geralmente utilizado nessa parte dos produtos.
O meu problema, que já é bem antigo com os Alienware, é a frequência com que marcas de dedo ficam no corpo do dispositivo. Claro, é uma questão mínima, mas que outros notebooks entusiastas vem reduzindo ao longo do tempo.
A Dell removeu aquela região traseira saltada, responsável pela exaustão do ar quente e que auxiliava na dobra da tela. Com isso, a fabricante precisou não somente remodelar todo o sistema de arrefecimento, como também as dobradiças.

O resultado é aquele design enxuto, mas que ao mesmo tempo não compromete na performance ou nas temperaturas do laptop. As dobradiças ainda são muito fortes e não dão sinal de fragilidade, e ao passo que a traseira ficou mais curta, ainda há saídas de ar por ali para auxiliar na dissipação.
A parte superior da carcaça mantém saídas de ar em formato de colmeia perto da tela, que auxiliam nessa exaustão, mas também foram reduzidas. Na parte central fica o botão liga/desliga, que infelizmente continua sem um sensor de digitais para facilitar o acesso — por mais que haja compatibilidade com reconhecimento facial do Windows.
Na parte das conexões, o Alienware m16 R2 não desaponta e traz um conjunto bem competente. A traseira tem dois USB Tipo-C, um do tipo 3.2 e outro com Thunderbolt 4, além da saída HDMI 2.1 e o conector da fonte. Na esquerda fica um slot para cartão MicroSD e dois USB Tipo-A 3.2, enquanto a direita contém uma porta para fone/microfone e uma RJ45 de internet.

Teclado e touchpad
A Alienware faz um trabalho muito sólido com os teclados da sua linha gamer, seja pela boa qualidade das teclas, a proporção, iluminação e o feedback tátil proporcionado pelo equipamento. No Alienware m16 R2 isso não muda e novamente a tecnologia do teclado é bem satisfatória.
O teclado está disponível no Brasil com o padrão ABNT2, incluindo a cedilha, e funciona bem para digitação e games. Claro, um teclado mecânico separado é sempre a minha escolha principal, mas consegui trabalhar e jogar sem nenhum problema com essas teclas — muito bem iluminadas, por sinal.

Uma mudança visível no novo Alienware é seu touchpad, que parece bastante com o da versão anterior, mas agora tem toda uma iluminação RGB nas laterais. É bonitinho e mais útil que a iluminação traseira usada anteriormente, e o touchpad funciona bem, embora eu não seja fã de usar esse componente.
Tela e áudio
Como eu sempre gosto de ressaltar em minhas análises de notebooks e monitores, a Alienware tem algumas das melhores telas disponíveis no mercado mundial. No entanto, o ponto mais fraco do Alienware m16 R2 que pude notar é a sua tela.
Colocando em perspectiva, o notebook possui um painel do tipo IPS com 16 polegadas, resolução Quad HD+ (2.560×1.600), taxa de atualização de 240 Hz e tempo de resposta de 3ms. Há cobertura de 100% da gama sRGB, fazendo com que haja uma qualidade de cores maneira e muita velocidade nessa tela.
Por mais que teoricamente seja bom, na prática, esse display é apenas OK. Não é uma tela ruim, mas sinto que falta brilho, literalmente. O brilho de somente 300 nits e o contraste de 1000:1 não são suficientes e acabam tornando a experiência inferior ao que realmente poderia ser.

É um conjunto que funciona quando analiso uma perspectiva competitiva com os 240 Hz, mas pelo preço cobrado no aparelho, eu esperava mais. Mesmo assim, ainda é um display superior quando comparado a muitos competidores do segmento.
Para o áudio, a Dell inseriu dois alto-falantes estéreos de 2W que proporcionam um som surpreendentemente alto. A qualidade é competente para um speaker integrado e funciona bem para usar no cotidiano.
Especificações técnicas
Com uma boa construção, design, e uma tela bem mediana, o Alienware m16 R2 realmente brilha na sua ficha técnica dos componentes internos. Lançado no primeiro semestre de 2024, o modelo trazia um ponto até então bem inédito em notebooks gamer: processadores Intel Core Ultra.
Nesta versão, o laptop analisado utiliza um Intel Core Ultra 9 185H de codinome Meteor Lake, com 16 núcleos híbridos (6 de desempenho + 8 de eficiência + 2 de baixo consumo). Ao todo são 22 threads utilizadas, e uma frequência máxima de 5,1 GHz.

Por mais que tanto os modelos Meteor Lake, quanto os Lunar Lake (Intel Core Ultra 200H) não sejam tão aclamados pelos gamers, sua utilização em notebooks como o Alienware m16 R2 funciona muito bem. Na geração passada, o notebook operava com um Intel Core i9-13900HX, que focava muito mais em performance bruta.
Por mais que em um primeiro olhar pareça um downgrade, o Core Ultra 9 185H e toda sua geração são modelos mais frios e com menor consumo energético. Assim, sua inclusão no projeto do Alienware m16 R2 casa muito bem, já que o dispositivo diminuiu de tamanho e é beneficiado dessa autonomia elevada.
Do lado da GPU, há a permanência da GeForce RTX 4070 com 8 GB de memória VRAM GDDR6. Não há muitas mudanças por parte desse componente, que continua como uma opção interessante para jogar, principalmente em Full HD, e em Quad HD, quando feitos alguns ajustes gráficos.
No mais, há 32 GB de RAM DDR5 a 5.600 MT/s e um armazenamento de 1 TB por meio do protocolo NVMe M.2.
Bateria
Em notebooks gamer, a bateria é o tópico mais complexo para se falar. No Alienware m16 da geração passads eu critiquei fortemente as escolhas da Dell, mas o Alienware m16 R2 traz evoluções importantes e muito bem-vindos.
Para começar, a companhia inseriu um módulo de 90Whr. Em nossos testes sintéticos, o modelo aguentou pouco mais de 7 horas em reprodução de vídeo contínua com a tela a 60% e fora da tomada.
Infelizmente não foi possível realizar um teste sintético mais aprofundado, como os que gosto de fazer com o Procyon. No futuro, desejamos atualizar essa análise com um gráfico que demonstre a duração de bateria do produto.
Temperatura
A questão da bateria me leva diretamente ao tema das temperaturas e, novamente, o Alienware m16 R2 se sai bem. Tanto no modelo R1 quanto uma versão passada que testei, creio que em 2021, minha principal crítica ao produto da Dell eram as altas temperaturas e o temido superaquecimento.
Felizmente, o novo projeto do laptop e a adição do Intel Core Ultra 9 185H deu uma aliviada no calor que esse notebook gamer sentia. Para mostrar os resultados, eu executei 20 loops no teste de estresse do Time Spy Extreme.
Para o processador, o modelo bateu no máximo de 90 °C neste teste sintético, mas não necessariamente representa situações normais de uso. Em games, por exemplo, o componente varia na casa dos 80 °C e fica relativamente longe de gerar o thermal throttling que experimente em iterações anteriores.
Na placa de vídeo os resultados são muito parecidos e já esperados por mim. O modelo também não dá sinais de superaquecimento e o consumo está dentro do que eu também tinha em mente.
Benchmarks sintéticos
Passando finalmente para a graciosa categoria dos benchmarks, chegou a hora de ver o que o Alienware m16 R2 realmente consegue fazer na prática. Primeiro, eu gosto de começar com os benchmarks de cunho sintético, para ver até onde essa máquina consegue ir — pelo menos, na teoria.
Começando com o mais clássico dos testes, o Cinebench 2024, a performance em multi-core fica com 1012 pontos, um valor que poderia ser considerado bom na maioria esmagadora dos testes. Contudo, há uma diferença de pouco mais de 30% quando comparado com o resultado do Alienware m16 R1 com o Intel Core i9-13900HX.
O restante dos testes, todos provenientes da suíte de benchmarks do 3DMark, não desapontam. Geralmente focados em placas de vídeo, como o Steel Nomad e Speed Way, os números mostram que o m16 R2 tem muita potência dentro de sua carcaça.
Testes profissionais
Como gosto de dizer, aplicações profissionais não são o foco das análises do Voxel, porém, os gamers também trabalham. Por isso, é sempre bom rodar alguns testes em plataformas como o Blender e o SpecViewPerf, parâmetros da indústria.
O Blender, muito associado à modelagem 3D, consegue uma pontuação alta nas cenas de renderização. Um dos principais motivos é a RTX 4070 e a facilidade que essa geração tem em trabalhar com aplicações complexas.
O SpecViewPerf testa a máquina e é um ótimo norteador para atividades nos ramos da engenharia, medicina, e afins. No fim, o Alienware m16 R2 também se mostra como um modelo bem interessante para quem precisa de uma máquina forte e mais compacta para trabalhar. É realmente um combo bem legal que a Dell conseguiu aqui.
Testes em games (Quad HD)
O Alienware m16 R2 é um notebook com uma tela Quad HD+ e tem uma placa de vídeo originalmente criada para rodar games em Quad HD. Dito isso, nada mais justo do que testar esse monitor em games na mesma resolução.
Como um bom Alienware, é nos games que esse notebook brilha, mas com algumas ressalvas importantes. Partindo pelo lado mais complicado, esse laptop tem um problema sério com títulos como Assassin’s Creed: Shadows, que amarga menos de 30 FPS em meu teste com tudo no máximo.
Por ser o jogo mais recente da lista e a RTX 4070 já ter mais de dois anos, considero até normal o desempenho ruim. A resolução QHD também não poupou muito de Alan Wake 2, que conseguiu seus 35 FPS com uma boa estabilidade.
O restante dos títulos fica na faixa dos 40 frames, que é o que eu já esperava, para ser sincero. É um resultado compreensível e que com os ajustes certos, faz com que o notebook bata os 60 FPS sem grandes problemas.
Upscaling de imagem
Por mais que já haja uma certa dificuldade em rodar determinados games na resolução nativa, nesses casos é interessante recorrer ao bom e velho upscaling.
Nos meus testes em Cyberpunk 2077, a utilização do FSR 3 e DLSS 3 ajudou muito a conseguir taxas de quadros bem mais altas, sem gerar imagens ruins. Com Ray Tracing a experiência também não é ruim, e para quem quer algo mais cinematográfico, pode valer a pena.
Contudo, para aqueles que querem apreciar a iluminação realista do Ray Tracing, minha recomendação é utilizar o upscaling com o recurso de Frame Generation. O salto de desempenho é extremamente notável e vale muito a pena.
Testes em games (Full HD)
Embora o Alienware m16 R2 ostente sua tela Quad HD, os resultados alcançados pelo notebook podem fazer com que alguns prefiram utilizar a resolução Full HD.
De fato, reduzir a resolução pode dar o dobro de FPS em determinados games, como Cyberpunk 2077. Para quem busca títulos competitivos, essa parece ser a melhor escolha, colocando principalmente a tela de 240 Hz em jogo.
Vale a pena comprar o Alienware m16 R2?
Com um lançamento fervoroso em 2024 e muitas expectativas criadas, o Alienware m16 R2 supre quase todas. É um notebook em que fica nítido o aspecto de evolução e maturidade, trazendo não somente a performance esperada, como também aprimoramentos chave na construção.
O Alienware m16 R2 tem uma performance alta e é capaz de suportar os principais lançamentos da atualidade. Em Quad HD a RTX 4070 já demonstra um certo cansaço, mas basta realizar poucos ajustes para chegar aos 60 FPS.

As modificações no projeto tornam esse notebook menor, mais leve, e ainda por cima garantem temperaturas e consumo energético menor. Minha única ressalva é quanto a tela, que embora tenha seu lado bom com os 240 Hz, poderia ter mais cores e vividez.
O Alienware m16 R2 não é um notebook barato e custa entre R$ 14.000 e R$ 16.000. Não há tantos modelos que rivalizam com esse produto, mas um deles é o Acer Predator Helios Neo, que mantém a GPU, mas desce a CPU para um Intel Core i7-14700K e 16 GB; e o Avell Storm 470 Black. Ambos custam entre R$ 9 e 13 mil, respectivamente, e são alternativas a se considerar.
No fim, o Alienware m16 R2 é uma indicação de notebook gamer topo de linha que acerta em praticamente tudo. É realmente louvável ver melhorias em pontos que critiquei ao longo dos anos, e agora estão materializadas em um laptop que me deixou com uma vontadezinha de trocar meu desktop.