Review: ARC Raiders vai fazer você sentir amor e ódio ao mesmo tempo — e isso é muito bom

O novo título da Embark Studios, ARC Raiders, é um dos principais lançamentos de 2025. Anunciado originalmente no The Game Awards 2021 como um shooter cooperativo, o jogo passou por diversas revisões até chegar ao lançamento em 30 de outubro deste ano.

Desenvolvedora do FPS competitivo The Finals, a Embark Studios é composta por ex-funcionários da DICE, responsável pela franquia Battlefield. Embora sejam títulos bem diferentes, a expertise da equipe, somada à liberdade criativa proporcionada pela independência do estúdio, abriu caminho para a criação de ARC Raiders, um extraction shooter em terceira pessoa — e o meu jogo favorito do ano.

ARC Raiders tenta ser mais simples do que seu concorrente Escape From Tarkov, mas sem abrir mão da tensão natural do gênero. O jogo fornece ferramentas para a criação de uma comunidade que dita as próprias regras, tal como a própria lore do jogo descreve. Cria uma relação tóxica em que os momentos ruins são horríveis, mas os bons são quase inesquecíveis. Como faz isso? Descrevo neste artigo.

ARC Raiders é absoluto cinema

Em ARC Raiders, você assume o papel de um raider (ou Combatente), um dos poucos humanos que ainda se arriscam na busca de recursos na superfície tomada por máquinas ARC. A humanidade que restou habita bases subterrâneas cada vez mais lotadas — entre elas, Speranza, na Itália, na qual você acabou de chegar.

Enquanto passeia por Rust Belt (“Cinturão Enferrujado”), você precisa coletar recursos diversos e lidar com máquinas ARC que caçam humanos e outros raiders que também buscam por quinquilharia no local. Todos são uma ameaça em potencial, então o ideal é fazer barulho somente quando necessário.

A trama é paralela ao ciclo de gameplay. A história se desenrola através das missões, e é majoritariamente sobre os mistérios que permeiam a superfície, como o fim de guerras anteriores contra os ARC e o surgimento de estruturas incomuns. Após concluir algumas quests, o jogo exibe pequenos vídeos para enriquecer a narrativa.

Como funciona o ciclo de gameplay em ARC Raiders?

A Embark construiu um extraction shooter raiz: você aparece no mapa com equipamentos próprios, busca por mais recursos na superfície e deve extrair com vida para manter tudo com você. Esse é o único modo de jogo disponível no momento da elaboração deste review.

A Ceifadora é uma das condições especiais disponíveis. (Fonte: Igor Almenara/TecMundo)

Atualmente, o jogo oferece cinco mapas:

  • Campos de Batalha da Represa: primeiro mapa do jogo e o com a menor dificuldade;
  • Cidade Soterrada: uma cidade de prédios baixos cheia de areia;
  • Espaçoporto: uma base de decolagem de foguetes, praticamente toda plana;
  • O Portão Azul: mapa montanhoso cheio de rotas subterrâneas;
  • Campo de Treinamento: mapa exclusivo para experimentação de armas e equipamentos.

Para cada mapa, exceto o Campo de Treinamento, há um modo alternativo. Atualmente, só a expedição noturna está disponível, mas outras como “Tempestade Eletromagnética” e “Nevasca” estão a caminho. Essas condições especiais mudam a dificuldade do mapa, alteram as condições de extração e oferecem recursos mais valiosos.

Os mapas também podem receber condições que mudam o ambiente, como “Ceifadora”, que adiciona o ARC Rainha em alguma parte da área, e “Estoques Descobertos”, que aumenta os índices de estoques perdidos.

O jogador deve se equipar para enfrentar a superfície, seja com armamento personalizado ou com equipamento gratuito (limitado, básico e sem bolso seguro). Você pode ir em trio.

Dentro do jogo, você pode se comunicar com outros jogadores com emotes — alguns padrões, como o “Não atire”, em que o personagem clama por trégua. Também existe chat de voz por proximidade (opcional), ideal para negociações.

Assim que concluir a busca por recursos, você deve buscar um ponto de extração. As extrações abertas levam tempo e fazem barulho, enquanto as Escotilhas de Combatente são rápidas e silenciosas, mas exigem uma chave específica.

A progressão em ARC Raiders

Além do loot que você leva para casa, a progressão acontece em várias frentes. A Oficina, uma das áreas mais importantes da sua base em Speranza, é onde você constrói bancadas para montar equipamentos (armas, aperfeiçoamentos, escudos, explosivos e mais) e cuida do Sucatinha, seu galo coletor de recursos. Para evoluí-las, você precisa de itens raros explorando a superfície.

A árvore de habilidades permite aprimorar a energia, a velocidade de busca por equipamentos e outras habilidades do seu combatente. (Fonte: Igor Almenara/TecMundo)

Paralelamente, existem os níveis do seu personagem. Cada expedição concluída rende experiência, que pode ser convertida em pontos de habilidade para passivas da árvore do jogo.

Também há desafios semanais, que funcionam como o ranking do jogo: conclua-os para ganhar estrelas e desbloquear equipamentos especiais.

As missões oferecidas por comerciantes rendem recompensas, incluindo cosméticos permanentes.

Em ARC Raiders, é você quem traça seus objetivos. Se você quiser escalar seu ranking infinitamente e se tornar um dos jogadores mais notáveis, basta se atentar aos desafios semanais; se quiser ter um inventário com o melhor loot possível, aprimore a oficina ao máximo. Não existe obrigação de concluir missões oferecidas por comerciantes — embora seja recomendável no começo.

Tensão a todo momento

A liberdade para ditar o próprio objetivo é que torna ARC Raiders dinâmico, e até um pouco confuso no começo. Os jogadores são livres para escolher o que querem fazer na superfície, incluindo caçar outros jogadores. É impossível saber o que os demais participantes querem fazer, e cabe a você ficar atento aos arredores para não ser pego de surpresa.

Nem todo raider é um inimigo, e é possível fazer alianças temporárias na superfície. (Fonte: Igor Almenara/TecMundo)

Cada mapa oferece locais com maior abundância e valor de loot, e lá as brigas são um pouco mais intensas. Tudo é escasso, então pode haver uma disputa de território em busca de equipamentos melhores. Se um raider não está no seu esquadrão, ele é um inimigo em potencial.

Há quem forme alianças temporárias por voz ou emotes para destruir inimigos ARC maiores ou extrair com tranquilidade. Mas também há quem atire em tudo que vê pela frente. E cabe ao jogador lidar com o inesperado.

Além disso, há a disputa contra os ARC: máquinas fortes e variadas, como Carrapato, Marimbondo, Bombardeiro, Saltador e a gigante Rainha — e mais dois modelos chegam em novembro, segundo a Embark.

Entre os ARCs mais ameaçadores, há o Baluarte. (Fonte: Igor Almenara/TecMundo)

O sistema de loot

Os recursos variam em raridade e são fáceis de entender. A descrição indica a utilidade, embora não diga tudo: alguns itens essenciais para evolução não são marcados, e cabe ao jogador evitar vendê-los sem saber.

As armas se dividem em leves, médias, pesadas e complexas, e podem receber acoplamentos adicionais. Nada tão complexo quanto Tarkov.

O sistema de equipamentos e raridade de recursos é compreensível, mas beneficiam os jogadores mais atentos. (Fonte: Igor Almenara/TecMundo)

O maior problema é o inventário limitado. Mesmo aprimorado, ele volta a encher rapidamente, exigindo boa administração. Você provavelmente vai perder um bom tempo em Speranza ajustando o inventário, decidindo o que vender ou reciclar, para poder economizar alguns espaços no armário.

Bonito, sonoro e otimizado

Artisticamente, ARC Raiders é um espetáculo. O jogo tem belíssimos visuais que podem ser enriquecidos com Ray Tracing; o som do jogo é altamente refinado e imersivo; e o jogo parece rodar até em computadores com performance mais limitada.

O retrofuturismo domina a estética: tecnologia do amanhã com cara de anos 1980, acompanhada de trilha nesse mesmo espírito.

O som é um elemento importantíssimo para compreender o mundo ao seu redor. (Fonte: Igor Almenara/TecMundo)

O som, por sua vez, é um dos pontos mais altos de ARC Raiders. A sonoplastia é um elemento importantíssimo para a gameplay, fornecendo informações sobre combates, presença de inimigos e até contentores valiosos. Aqui, a experiência da Embark brilhou, pois até o chat de voz por proximidade varia conforme o ambiente — faz eco em ambientes fechados, ou saem com mais amplitude em áreas abertas. É altamente refinado e divertido.

Quanto ao desempenho, o jogo roda até em computadores com as especificações mínimas estipuladas pela Embark. O menu de configurações oferece várias opções para ajustar o jogo visualmente, e foram poucos os relatos que ouvi da comunidade acerca de má otimização.

É importantíssimo se manter atento para evitar emboscadas. (Fonte: Igor Almenara/TecMundo)

O único problema neste aspecto talvez sejam os eventos especiais. Alguns dos mapas mais densos, como o Cidade Soterrada, e algumas condições climáticas, tipo tempestades, exigem mais do computador do que o normal, e podem reduzir a média de quadros por segundo. Isso não deve ser um empecilho se o seu PC está acima das especificações recomendadas, porém.

A monetização de ARC Raiders

Diferente de The Finals, ARC Raiders é pago. Na Steam, custa cerca de R$ 170 no Brasil. Há cosméticos vendidos à parte — e são caros.

Itens cosméticos são oferecidos por um valor adicional e, a princípio, não garantem vantagens na jogatina. (Fonte: Igor Almenara/TecMundo)

Nada oferece vantagem competitiva: são roupas para o Sucatinha, emotes e skins.

As Coletâneas funcionam como passes de batalha, e a atual é gratuita — ainda incerto avaliar o sistema. Neste caso, também são oferecidos equipamentos para levar em missões na superfície, então podem interferir no gameplay.

Vale a pena?

A Embark tomou o tempo dela para desenvolver ARC Raiders, e o resultado final é espetacular. Existem, sim, alguns problemas, especialmente nesta primeira semana, mas tudo indica que serão resolvidos com o passar do tempo. Dentre as falhas mais inconvenientes estão bugs durante as expedições, dessincronização com o servidor e até crashes inesperados. Felizmente, nenhuma dessas falhas me custou equipamento importante, mas sei que foi uma questão de sorte.

Quanto ao futuro do jogo, a Embark pretende mantê-lo vivo por 10 anos. É uma previsão bastante generosa, mas a manutenção de The Finals mostra o quão dedicado o estúdio é. Em novembro, serão lançados novos mapas, condições especiais, inimigos ARC, armas e um evento para a comunidade; em dezembro, o cronograma também está lotado.

Escolher o equipamento certo para o objetivo é parte essencial do gameplay. (Fonte: Igor Almenara/TecMundo)

Tenho jogado diariamente, sozinho ou com amigos, rindo e sofrendo com perdas catastróficas ao longo de mais de 50 horas. E esse é exatamente o apelo do gênero.

ARC Raiders é um dos lançamentos mais marcantes do ano e um sucesso para a Embark. Respeita a essência dos extraction shooters, mas sem sobrecarregar o jogador com sistemas exaustivos ou excessivamente complexos. A curva de aprendizado é saudável e recompensadora, recompensando aqueles que passam mais tempo na superfície.

Sim, é frustrante perder tudo — e isso vai acontecer com você várias vezes. Faz parte. Cabe aos raiders se adaptarem às adversidades e, se perderem tudo, subir de novo para remontar o inventário.

Nota: 90

Pontos positivos:

  • Visual e som altamente refinados e imersivos;
  • Progressão intuitiva e gratificante;
  • Mapas diversos, com condições climáticas que diversificam a gameplay;
  • Suporte contínuo com conteúdo gratuito;
  • Sistema de equipamentos fácil de entender.

Ponto negativo:

  • Bugs que podem fazer você fracassar em missões e perder equipamentos.

ARC Raiders foi cedido ao Voxel pela Embark Studios para análise no PC. O jogo foi testado em um computador equipado com Ryzen 5 3600, Nvidia RTX 2060 Super, 16 GB de RAM e SSD.

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