Review: Battlefield 6 é o sucessor de Battlefield 4 que todo mundo pedia, mas a EA não fazia

Em novembro de 2021, nascia Battlefield 2042 — um dos lançamentos mais ambiciosos da franquia, mas também um dos maiores fiascos da indústria recente. A EA e a DICE tentavam recuperar o brilho da série em um período conturbado, enquanto Call of Duty surfava no sucesso de Warzone e o mundo ainda se recuperava da pandemia. Agora, com Battlefield 6, a promessa é um retorno às raízes: combates em larga escala, destruição coesa e o clássico sistema de classes.

Os planos de estabelecer BF 2042 como título definitivo evidentemente não deram certo. A comunidade queria mais de Battlefield, e menos influências do mercado: sistema de classes, combate em larga escala, cenários destrutíveis (com coesão e consistência), mapas mais bem construídos e o fim definitivo da corrida tática. A boa notícia? Battlefield 6 parece ser exatamente isso.

Se BF 2024 era um salto desesperado para surfar nas tendências da indústria, BF 6 é um sopro de tempos que pareciam esquecidos no passado. Confira mais detalhes na review completa, realizada com a versão de PC do game, com uma key cedida pela Eletronic Arts.

Battlefield 6 é um retorno importante para a essência da franquia. (Fonte: EA/Divulgação)

Battlefield 6 evoca nostalgia

Minha jornada com a franquia começou em Battlefield 3, ainda no Xbox 360. A campanha cinematográfica e o multiplayer intenso me marcaram profundamente, seguidos por Battlefield 4, que consolidou a comunidade em servidores ativos por anos. Jogando BF 6, senti novamente aquela familiaridade — os sons, os mapas e a cadência das partidas são instantaneamente reconhecíveis. É Battlefield na essência.

Os mapas são amplos, os veículos estão com grande presença e os modos clássicos permanecem fiéis ao espírito da série. Ainda assim, há uma clara influência de Call of Duty em mapas menores, que priorizam ritmo acelerado e combates de curta distância — um contraste interessante, mas que quebra um pouco o DNA tático da franquia e enfatiza o tiroteio entre infantarias.

Veículos são extremamente importantes em BF 6.(Fonte: EA/Divulgação)

Classes estão de volta

Em todos os modos, as classes estão de volta — Assalto, Suporte, Engenharia e Reconhecimento. Cada uma delas oferece dispositivos e vantagens específicas para o esquadrão. Em modos abertos, seu personagem pode ser equipado com qualquer arma, mas há modos de jogo cuja montagem do loadout é restrito à preferência da classe — rifles de assalto para Assalto, LMGs para Suporte; SMGs para Engenharia e rifles de atirador para Reconhecimento.

Sim, os soldados ainda têm nome, mas não são tão marcantes ou exóticos quanto os especialistas de BF 2042. O sistemas de classes segue praticamente a mesma estrutura desenhada lá em BF 3 e BF 4, mas com modernizações pontuais para tornar a gameplay mais divertida. 

Arrastar um colega para fora do tiroteio para depois revivê-lo é puro cinema. (Fonte: EA/Divulgação)

Qualquer classe pode levantar um colega de esquadrão — inclusive, numa cena e animação bastante cinematográficos —, mas só o Suporte carrega o desfibrilador e oferece munição; o Assalto pode carregar até duas armas primárias no loadout; o Engenheiro é o mais apto para destruir ou reparar veículos e o Reconhecimento é o atirador de elite da equipe, munido com ferramentas de inteligência.

Há também um sistema de especialização simples que reseta a cada partida e concede vantagens temporárias, tornando cada classe mais única em combate.

O retorno da campanha

Além do multiplayer, que tende a ser o ponto central e que garante longevidade ao jogo, BF 6 marca o retorno da Campanha. Nela, os jogadores assumem a pele de diferentes soldados de ponta que vivenciam momentos marcantes na guerra contra a Pax Armata, uma corporação militar privada com poder bélico suficiente para dominar nações inteiras.

Do outro lado, há os países que permanecem na OTAN que, apesar de ter perdido membros para a facção rival, permanece com o objetivo de proteger os Estados que a compõem.

A Campanha de BF 6 ensina o básico sobre o jogo, e conta uma história que se esforça para não ofender ninguém. (Fonte: EA/Divulgação)

Dessa trama, você pode esperar um filme de ação básico. BF 6, assim como outros jogos modernos, não ousa em fazer paralelos com o mundo real — afinal, a Pax Armata é um grupo totalmente fictício. A única ressalva que me deixou surpreso foram os mapas situados em cidades populosas, como Nova York, mas não é nada significativo o suficiente para ofender nenhum público.

De qualquer maneira, é interessante observar o retorno da campanha, que é recheada de set pieces e serve, de certa forma, como um tutorial para o multiplayer — apesar dos devs dizerem que claramente o conteúdo não é isso. Nela, o jogador aprende os princípios mais básicos de cada classe, conhece algumas armas e entende parte da dinâmica do jogo. É eficiente como uma porta de entrada para recém-chegados, e é bem curtinha: dura umas 10 horas.

Destruição mais coesa, mas com limitações

Nos mapas de guerra em larga escala, é onde Battlefield 6 mostra a que veio. Diferentes veículos estão disponíveis para dirigir e pilotar, seja na terra ou no ar.

A escolha da DICE foi implementar estruturas parcialmente destrutivas: você pode, sim, derrubar paredes, abrir buracos entre andares e mais, mas parte da estrutura é preservada. Isso acontece para garantir que ainda existam edifícios ao final das partidas, bem como coberturas e obstáculos em pontos de interesse — caso contrário, o excesso de tanques e explosivos colocaria tudo abaixo em questão de tempo, e isso deixaria a infantaria extremamente vulnerável.

A Campanha é recheada de set pieces marcantes. (Fonte: EA/Reprodução)

Portanto, você pode esperar mapas bastante dinâmicos e que reagem ao conflito. Não é nada tão catastrófico quanto levolutions de BF 4 ou a destrutibilidade total de The Finals, mas têm seu valor.

Gameplay refinada e arsenal robusto

As mecânicas de gameplay de Battlefield 6 dão sequência à evolução dos jogos anteriores, mas corrigindo os erros de BF 2042. Estão presentes aqui a corrida, o salto com mergulho e a opção de apoiar a arma em apoios próximos. As animações são coesas, fluidas e se adaptam bem à infinidade de possibilidades, sem o engessamento do lançamento de 2021.

Quanto às armas, há uma grande variedade de opções separadas em categorias. Elas são distintas o suficiente para oferecer vantagens e desvantagens específicas — SMGs são melhores em combate curto; enquanto LMGs são mais pesadas e lentas. Não cheguei a perceber algum problema de balanceamento em nenhuma das armas que experimentei, e praticamente todas elas ofereceram algum nível de gratificação durante o jogo.

As armas oferecem várias opções de customização. (Fonte: Igor Almenara/TecMundo)

Minha experiência com o multiplayer foi limitada aos servidores do acesso antecipado, povoado exclusivamente por produtores de conteúdo e outros jornalistas. Em todas as partidas, bots eram a maioria, e isso me impede de elaborar opiniões acerca do layout de mapas, pontos de choque e outros detalhes que só a dinâmica entre jogadores reais pode proporcionar.

De toda forma, já é possível observar que BF 6 é um jogo rápido, com Time to Kill (TTK) curto e soldados bastante ágeis. Ao meu ver, há espaço para diferentes tipos de jogo, exceto em mapas menores, cuja vantagem provavelmente será daqueles com melhores reflexos e armas mais rápidas.

Por falar em arsenal, ele é profundamente customizável. Cada arma oferece um número máximo de “Attachment points” (“Pontos de acoplamento”, em tradução livre) que podem ser consumidos por acessórios — quanto mais importante, mais pontos o acessório consome. Há uma grande variedade de opções de miras, bocais, apoios, pentes e tipos de munição, e o impacto de cada adição é exibido no canto inferior direito, nas estatísticas do equipamento.

O mais interessante desse sistema é a progressão: quer melhorar uma arma específica? Basta jogar com ela. A interface pode até ser confusa nos primeiros momentos, mas não é aquela árvore infinita de variações e modelos cujos nomes fictícios são difíceis de memorizar.

Familiar até demais

Nesse primeiro momento com BF 6, não pude estar mais feliz por perceber que a comunidade de fãs da franquia foi ouvida e enfim terá o game que tanto pediu. Para mim, contudo, esse não será meu retorno ao campo de batalha.

Isso acontece porque, talvez por saturação ou cansaço, não sou muito fã da fórmula de tiroteios em massa de Battlefield. Sim, tive meus momentos de apego ao modelo de guerras em larga escala, mas atualmente tendo a preferir conflitos mais intimistas, cadenciados e de impacto.

O retorno das classes é exatamente o que todo mundo pedia. (Fonte: Igor Almenara/TecMundo)

Vale notar que o modo Portal — sandbox de criação de experiências personalizadas — ainda não estava disponível no período de testes. O mesmo também vale para o battle royale do game, que já foi anunciado, mas não foi liberado antecipadamente.

Apesar do clichê, sinto falta de um modo de jogo mais punitivo, como algum Battle Royale ou alguma releitura de um modo de extração, em que abates são mais significativos — e nada disso estava disponível no acesso antecipado. Isso não significa que o jogo é ruim, mas talvez tenha servido de sinal que, ao menos para mim, já se foi o tempo de compor a comunidade fiel à franquia.

Vale a pena?

O novo Battlefield 6 é um verdadeiro sucessor para os clássicos Battlefield 3 e Battlefield 4, favoritos da comunidade e marcantes para a indústria. Ele se atém às mecânicas e sistemas que mais importam para a franquia, com uma atenção aparentemente cuidadosa com as preferências do público — é um arroz e feijão muito bem feito.

Para quem sentia falta da experiência absoluta de Battlefield, o novo game é um prato cheio.

Para manter o jogo vivo, a DICE pretende lançar conteúdo novo em temporadas. A Temporada 1 já teve o conteúdo revelado, como novos mapas, novos modos de jogo focados no tiroteio mais cadenciado e intimista entre esquadrões (4v4 e 8v8), mais armas e veículos.

BF 6 tem tudo para tomar o lugar de favorito da comunidade, mas é bem caro na estreia. (Fonte: EA/Divulgação)

Diferente dos antecessores espirituais, o conteúdo extra será gratuito, evitando a fragmentação da playerbase. Os cosméticos devem seguir uma linha realista, distante das skins extravagantes dos títulos anteriores e da concorrência. 

O preço, contudo, é salgado: R$ 299 na versão base para PC. E com Call of Duty: Black Ops 7 chegando ao Game Pass no lançamento, a competição será intensa, principalmente após o aumento no preço do serviço da Microsoft e tantas polêmicas cercando a franquia da Activision. 

Para quem sentia falta da experiência absoluta de Battlefield, o novo game é um prato cheio. Não só isso: é uma estrutura bem fundamentada que, se bem utilizada, se manterá viva por bastante tempo e atenderá jogadores da velha guarda e recém-chegados por anos. Contudo, é importante ter em mente que se trata de Battlefield — combate em larga escala, veículos, times massivos e mapas enormes — então não embarque no game esperando algo diferente.

Pode não ser o meu momento de voltar para as trincheiras, mas certamente fico feliz por perceber que os fãs receberão o que pediram. Não estou presente, mas hei de ser Semper Fidelis.

Nota: 90

Pontos positivos:

  • Visual e som imersivo, vibrante e intenso;
  • Animações fluidas, coesas e adaptáveis aos contextos;
  • Destrutibilidade de cenários;
  • Suporte contínuo com conteúdo gratuito;
  • Retorno de sistemas clássicos muito demandados pelo público (classes, modos de jogo, customização de armamento).

Pontos negativos:

  • Preço altíssimo até nas versões base em todas as plataformas;
  • Campanha básica, pouco inspirada e curta.

Battlefield 6 foi cedido ao Voxel pela EA para análise no PC. O jogo foi testado em um computador equipado com processador Ryzen 5 3600, Nvidia RTX 2060 Super, 16 GB de RAM e armazenamento em SSD.

Quer mais análises, notícias e novidades sobre o universo dos games? Acompanhe o Voxel nas redes sociais e fique por dentro de tudo que acontece no mundo dos jogos.

Related posts

Marlon Wayans, de As Branquelas, critica animes após perder pra Demon Slayer nas bilheterias

Eletros inteligentes Midea: 20 itens para controlar com o celular, alexa ou google assistente

DC Comics não vai permitir artes e textos de IA generativa, garante presidente