Em desenvolvimento desde 2012 e amplamente disponível em acesso antecipado desde 2017, Escape From Tarkov (EFT) teve uma trajetória bastante peculiar. Agora, com o lançamento da versão 1.0 em 15 de novembro, o título da Battlestate Games finalmente passa a ser distribuído pela Steam, alcançando um público ainda maior.
Ainda que seja considerado um produto final, EFT continuará recebendo conteúdo ao longo dos próximos anos. Trata-se de um jogo vivo, sustentado por uma comunidade fiel e por uma estrutura de gameplay que o consolidou como uma das principais referências do gênero Extraction Shooter.
Avaliar o título, no entanto, é uma tarefa complexa. Embora só tenha atingido a versão 1.0 agora, ele está disponível há quase uma década — o que levanta uma dúvida natural: como equilibrar as expectativas sobre um jogo novo e, ao mesmo tempo, tão antigo para boa parte da comunidade?
Neste artigo, o Voxel tenta responder essa pergunta, observando o estado atual do game e revisitando as características que ajudaram a torná-lo tão marcante para o mercado.
Um simulador de guerra profundo
As partidas de EFT acontecem em um dos 12 mapas disponíveis, cada qual com estruturas, pontos de interesse e locais de extração diferentes. O jogador pode entrar na missão como seu personagem principal — o Private Military Contractor (PMC) — equipado com itens pessoais, ou como um Scav, bandido local com equipamentos aleatórios.
Todo PMC é um jogador real, mas nem todo Scav é. Alguns deles são controlados por IA, que ainda apresenta comportamentos previsíveis e patrulhas simples.
Como Scav, você joga em um modo mais livre, mas idealmente deve evitar matar outros Scavs. Já como PMC, a tensão é elevada: morrer ou não extrair significa perder absolutamente tudo que estava com você.
A personalização é outro pilar fundamental do game. Armas, munições e acoplamentos compõem sistemas profundos que exigem conhecimento e atenção. O gerenciamento de inventário faz parte do ciclo principal da experiência, reforçando o peso de cada decisão e a importância do equipamento.
Escape From Tarkov é um jogo lento, que valoriza o conhecimento de mapa, a atenção aos detalhes e o domínio dos sentidos. O áudio desempenha um papel crucial, indicando movimentações e revelando inimigos antes mesmo do contato visual.
No tiroteio, EFT também se destaca. Nada de manobras cinematográficas ao estilo Call of Duty ou Battlefield 6 — o realismo pauta todos os movimentos, limitações físicas e o recuo de armas automáticas.
Apresentação que mostra sinais da idade
Após tantos anos de desenvolvimento, era esperado que Escape From Tarkov já exibisse sinais de envelhecimento em 2025. Os efeitos sonoros seguem refinados e muito funcionais, mantendo um dos pontos altos do título.
No visual, porém, o jogo não impressiona. Apesar de exigir bons computadores, EFT não é especialmente moderno em termos gráficos. Texturas, reflexos e sombreamento mostram limitações, ainda que o título mantenha clareza visual o suficiente para sustentar a gameplay.
Qual é o objetivo de Escape From Tarkov?
Como em outros Extraction Shooters, o objetivo depende do próprio jogador. As missões dos mercadores podem render dinheiro, itens, novas opções no mercado e desbloquear novos mapas. Outra possibilidade é investir no esconderijo, onde é possível construir módulos, fabricar itens, gerar criptomoedas e testar armas.
No fim das contas, o objetivo central é permanecer vivo e melhorar sua sustentabilidade como PMC — o que inclui cuidar de fome, sede e outros elementos de sobrevivência.
Um Extraction Shooter de referência
Quando o assunto é Extraction Shooter, Escape From Tarkov é quase sempre o primeiro título lembrado. Ele não inventou o gênero, mas seus sistemas complexos e seu loop de gameplay extremamente cadenciado o transformaram em referência absoluta.
Tarkov é inteiramente projetado em torno desse estilo: movimentação lenta e precisa, personalização profunda e apresentação pensada para valorizar cada segundo de jogo. Além disso, o título funciona como um simulador de infantaria, oferecendo controle minucioso de postura e velocidade.
Nada amigável para recém-chegados
A mesma profundidade que torna EFT especial também o torna difícil para novos jogadores. Houve melhorias desde os tempos iniciais do acesso antecipado, incluindo um tutorial básico, mas ele cobre apenas o essencial diante da imensidão de sistemas presentes.
Para avançar, é praticamente obrigatório recorrer a guias externos e mapas dinâmicos. A boa notícia é que a comunidade — extremamente ativa e fiel — facilita esse processo.
Apesar disso, EFT não é um jogo para todos. A curva de aprendizado é alta, e extrair com sucesso é parte do desafio que define a própria experiência.
Há quem diga que o game ficou mais fácil após a chegada do polêmico modo PvE e o EFT: Arena. Esses conteúdos, porém, são vendidos separadamente, portanto não foram considerados na produção desta review.
EFT faz sucesso por seus motivos
Escape From Tarkov mantém uma comunidade engajada desde 2017, sustentada por atualizações constantes e uma proposta de gameplay única. Agora na Steam, o jogo ganha ainda mais visibilidade — embora filas de servidor continuem longas, especialmente na América do Sul.
A Battlestate Games já confirmou que continuará expandindo o game com novos conteúdos. Sua combinação de sistemas complexos, tensão constante e liberdade total do jogador o colocam como um dos pilares do gênero, mesmo diante de concorrentes mais acessíveis, como ARC Raiders.
No futuro, o game também vai receber uma versão para consoles, permitindo que ainda mais jogadores possam experimentar o título.
Vale a pena?
Minha primeira passagem em EFT aconteceu há anos, quando o jogo ainda estava em acesso antecipado. Na época, o extraction shooter já era conhecido e mantinha uma comunidade ativa. Entrei no jogo de cabeça e por conta própria, apoiando-me exclusivamente em vídeos do YouTube para entender tudo.
Porém, não fiquei por muito tempo. Apesar de ter insistido em entender o título por gostar da proposta, as primeiras horas com o jogo foram angustiantes, pouco proveitosas e extremamente difíceis. Em dado momento, desisti de tentar entendê-lo.
Nessa segunda tentativa, percebi que EFT realmente não é meu perfil de jogo. É evidente que ele tem ótimas qualidades, e é uma baita referência na indústria, mas me exigiu tempo demais para entendê-lo e participar dos vários sistemas de gameplay envolvidos.
Além disso, infelizmente, tal como foi no acesso antecipado, a versão 1.0 também é recheada de bugs. Durante o processo de produção desta review, por exemplo, o jogo fechou inesperadamente algumas vezes, principalmente no início de partida — felizmente, de Scav.
Apesar disso, o suporte contínuo da Battlestate Games mostra que existe a intenção de manter o jogo vivo por bastante tempo. O lançamento da versão 1.0 dá mais fôlego ao título e amplia a playerbase, possivelmente reduzindo o tamanho das filas.
Nota: 80
Prós
- Personalização extremamente avançada
- Ciclo de gameplay tenso e gratificante
- Suporte contínuo mantido há anos
- Praticamente único em proposta e execução
Contras
- Nada amigável para novos jogadores
- Bugs na inicialização de partidas
- Visuais datados
- Filas possivelmente longas na América do Sul
A review de Escape From Tarkov foi produzida com uma cópia cedida ao Voxel pela Battlestate Games. O jogo foi testado em um computador equipado com processador Ryzen 5 3600, Nvidia RTX 2060 Super, 16 GB de RAM e armazenamento em SSD.
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