Home Variedade Review: Killing Floor 3 é um shooter sanguinário com progressão viciante

Review: Killing Floor 3 é um shooter sanguinário com progressão viciante

by Fesouza
6 minutes read

Preciso ser honesto e já tirar o elefante da sala: jogos multiplayer não são muito a minha praia. Há, no entanto, exceções à minha regra pessoal, como games que prezam por experiências cooperativas. É o caso do modo zombies de Call of Duty, Helldivers 2 e do próprio Left 4 Dead, talvez um dos títulos que mais joguei na vida.

Misturando elementos de terror com o ritmo alucinante de um Doom, Killing Floor 3 alia sangue e tripas à simplicidade de um jogo de tiro em primeira pessoa que, no fim do dia, só quer ser um pretexto para reunir a turma de amigos depois de um longo dia de trabalho ou estudo. É só desligar o cérebro e descarregar o pente.

Sempre serei defensor de produções do entretenimento, sobretudo dos videogames, que respeitam nosso tempo, nos oferecem um refúgio das responsabilidades da vida e, acima de tudo, fazem valer cada minuto de diversão que investimos, sem necessariamente exigir muito da nossa atenção.

Carnificina vezes três

Eu mesmo não estava tão familiarizado com Killing Floor e fico feliz por ter tido a oportunidade de conhecê-lo, ainda que tardiamente. Para quem não está por dentro, assim como eu não estava antes, Killing Floor 3 é um shooter que nos coloca em um esquadrão de extermínio da Nightfall, ao lado de outros cinco jogadores, para esfacelar mutações horripilantes, aqui nomeadas de Zeds.

Como mencionei, o terceiro episódio da série se atém ao simples e tem um ciclo de gameplay quase autoexplicativo: você escolhe uma classe de personagem, aniquila hordas de Zeds em fases cooperativas e retorna à base para melhorar seu setup de equipamentos e desbloquear habilidades com pontos de experiência.

Review: Killing Floor 3 é um shooter sanguinário com progressão viciante

A dinâmica pode parecer repetitiva num primeiro momento, mas a variedade de classes é o que dá novo sabor às partidas, já que os seis especialistas se comportam de maneiras completamente distintas em combate. O Engenheiro, por exemplo, personagem que usei nos testes, recorre a shotguns, armas laser e gadgets para manipular o ambiente e elevar a integridade de sua armadura.

O ninja, por sua vez, outra classe com forte identidade, usa katanas e shurikens para desmembrar as aberrações do inferno com uma fluidez que não fica atrás da agilidade do Doom Slayer, além de ter mais destreza do que os outros heróis e a capacidade de dar parry em ataques inimigos, uma boa alternativa à esquiva padrão.

Aprender a dominar as técnicas de cada especialista faz parte da graça e nos incentiva a testar todos eles, algo que sempre traz um certo frescor às runs. É nítido o cuidado que a Tripwire Interactive teve ao desenvolver as classes, fazendo com que se diferenciem não apenas nas armas e habilidades, mas no sentimento e no peso de como elas jogam.

Shooter sanguinário como deve ser

Falando sobre a sensação de jogar, que é o que importa, Killing Floor 3 carrega a tensão de um jogo de terror, com cenários escurecidos, criaturas grotescas e uma mísera lanterninha, o que deixa o clima ainda mais angustiante e claustrofóbico. Acima de tudo, o título se concentra em manter nossos picos de adrenalina lá em cima, dando poucas brechas para que a gente sequer consiga respirar.

Desprendido de complexidades, o gameplay tem ritmo acelerado e preza por ação direta, sem firulas: é chumbo para todo lado, isto é, você atira primeiro para pensar depois. A esquiva rápida cumpre um papel crucial no ritmo da jogabilidade, tal como o impulso, que é uma ótima saída para situações nas quais o personagem é encurralado.

Review: Killing Floor 3 é um shooter sanguinário com progressão viciante

O gunplay, por outro lado, é satisfatório, mas carece de impacto – a meu ver, um elemento fundamental para esse gênero. Não me entenda mal: é prazeroso sentar a bala nos Zeds, sendo uma fonte inesgotável de dopamina. No entanto, nem sempre o efeito do tiro é sentido, e você fica com a impressão de estar abrindo fogo contra uma folha de sulfite. Em outras palavras, parece que não há muito “contato” com o inimigo.

A parte boa é que o sistema de personalização de equipamentos é robusto, permitindo que o jogador confeccione uma infinidade de acessórios para acoplar às armas a partir dos materiais adquiridos nas partidas. Você pode criar desde pentes estendidos até formatos de mira únicos, feitos sob medida para o seu estilo, num esquema de loadouts à la Call of Duty.

Acertos e tropeços

Embora não seja um game vendido a preço cheio, ainda bem, Killing Floor 3 apresenta qualidade gráfica suficiente para ser rotulado como um título AAA. Do nível de detalhamento nos ambientes à perfeição na reprodução do gore, o salto geracional que a franquia deu é mais que perceptível, inclusive no âmbito sonoro. Além disso, o game se mostrou incrivelmente estável: não tive qualquer problema de desempenho e matchmaking no PS5 Pro, e o cross-play funcionou bem demais.

Outro acerto que preciso mencionar é o modo dedicado à jogatina single player. Sim, existe um modo específico para quem gosta de jogar sozinho e não, não é uma mera adaptação do cooperativo. No modo solo, a frequência com que as hordas de Zeds aparecem foi calibrada, bem como a dificuldade, tudo em prol de uma experiência mais justa e equilibrada. Consegui me divertir tanto quanto no online, mesmo sem ajuda.

Review: Killing Floor 3 é um shooter sanguinário com progressão viciante

Como nada na vida é só alegria, o game não se isenta de problemas: os mapas não são tão grandes, ou seja, você consegue decorá-los em poucas partidas, e o número de opções disponíveis no lançamento ainda é um tanto limitado. Por ser um jogo que se propõe a ser meio live service, creio que seja questão de tempo até esse catálogo ser expandido com novas áreas – até então, o conteúdo não se justifica muito e parece de produção em early access.

Por fim, um ponto que me incomodou mais do que eu esperava foi a falta de clareza nos objetivos das missões. Apesar de haver um indicador nos mapas, a história só avança quando determinadas ações são cumpridas. Localizá-las, porém, sem o devido direcionamento, é meio frustrante e acaba destoando dos elementos frenéticos de gameplay.

Vale a pena?

Com mais acertos que tropeços, Killing Floor 3 é um sólido shooter cooperativo que aposta em ação desenfreada e se destaca por um loop viciante de progressão. É verdade que ainda falta conteúdo para que fique redondo, mas pode ser uma boa porta de entrada para quem não jogou os anteriores. Seu toque de terror, banhado em sangue e gore, oferece um acabamento final bem particular à experiência.

Nota: 80

Prós (pontos positivos):

  • Gunplay competente, apesar da falta de impacto;
  • Sistemas mais robustos de progressão e personalização;
  • Funciona bem tanto no modo solo quanto no cooperativo;
  • Matchmaking, performance e cross-play: todos bem, obrigado;
  • Salto geracional na parte técnica.

Contras (pontos negativos):

  • Conteúdo ainda raso, com mapas limitados;
  • A falta de direcionamento claro nos objetivos.

Uma cópia de Killing Floor 3 foi gentilmente cedida pela Tripwire Interactive para o propósito de análise no PlayStation 5 Pro. O jogo está disponível para PlayStation 5, Xbox Series S|X e PC.

You may also like

Leave a Comment