Quando foi lançado no início de 2022 para o primeiro Nintendo Switch, Kirby and the Forgotten Land logo conquistou seu lugar no panteão dos melhores jogos de plataforma 3D da Nintendo, um feito que, convenhamos, não é para qualquer franquia, ainda mais vindo de uma empresa que tem Mario e Donkey Kong como principais representantes do gênero.
Voltando um pouco no tempo, na minha análise de Kirby and the Forgotten Land aqui mesmo no Voxel, classifiquei o jogo como uma das aventuras mais inspiradas dos últimos tempos: relaxante, inteligente e heterogênea, com doses bem equilibradas de combate, exploração e plataforma. Foi ali, para mim, que Kirby garantiu uma cadeira cativa no time titular de mascotes da Big N.
Revisitá-lo três anos depois, do início ao fim, foi uma experiência curiosa. Afinal, pude constatar que nada mudou nesse intervalo de tempo. Pelo contrário, a opinião que formei na época em que o jogo saiu só foi reforçada: não tiro uma vírgula do que escrevi na crítica do título original. Sim, é um dos melhores platformers 3D da última década.
Novo fôlego no Switch 2
Antes de tudo, se você quiser saber em detalhes as impressões sobre a campanha do jogo base, sugiro que leia (ou reserve um tempinho para assistir à análise em vídeo) o conteúdo completo que produzimos para a versão do Nintendo Switch clicando aqui. A ideia não é reavaliar a história, mas sim ser pragmático e entender o que mudou com a adição do upgrade do Switch 2, acompanhado de sua expansão.
Para quem tem memória curta, vou relembrar: Kirby and the Forgotten Land foi um game que colocou o hardware do Switch original para ferver. Apesar de impecável no quesito artístico, com seu visual charmoso e colorido, o jogo apresentou problemas nítidos de desempenho, de quedas bruscas de fps (mal conseguia se manter em 30) até texturas esquisitas e de baixa resolução.
Pode até parecer que eu estou exagerando, mas não: graças ao pack de melhorias gráficas, dá para dizer que 100% das ressalvas técnicas foram endereçadas e sanadas no Switch 2. Texturas melhoradas, iluminação mais profunda e taxa de quadros que se mantém estável o tempo todo em 60 fps, mesmo diante de trechos mais frenéticos, são pontos que renovam completamente a experiência de Forgotten Land, sobretudo no modo dock, jogando em uma tela grande.
Na mesma linha dos aprimoramentos gráficos de The Legend of Zelda: Breath of the Wild e The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom, Kirby and the Forgotten Land demonstra ter recebido tratamento de remaster, ainda que esse termo não tenha sido usado pela Nintendo em nenhum momento para promovê-lo. Foi tão prazeroso voltar ao jogo base, agora mais vistoso aos olhos, que isso até me incentivou a buscar os colecionáveis faltantes no meu save original.

Quanto mais, melhor
“Quanto mais, melhor” é uma máxima inquestionável, especialmente quando estamos falando de um jogo bem acima da média em termos de qualidade de conteúdo. Star-Crossed World se passa logo após os eventos da campanha de Forgotten Land e, mais uma vez, arruma uma bela bucha para a cabeça da bolota rosa.
Em Star-Crossed World, Kirby e seus amigos presenciam a colisão de um misterioso corpo estelar com o mundo em que vivem, o que, por consequência, libera um poder maligno e espalha cristais por toda a parte. O personagem rosado, então, deve reunir as Starries (em inglês mesmo, já que o game continua sem textos em português, mesmo na versão do Switch 2), que nada mais são do que fragmentos de estrelas, a fim de evitar que uma entidade cósmica desperte e destrua tudo.

As fases extras não são exatamente novas, e sim versões modificadas e mais robustas dos principais estágios dos seis mundos do jogo base. Embora sejam áreas familiares para quem jogou a campanha de Forgotten Land, a presença dos cristais revitaliza os cenários com caminhos inéditos, inimigos reposicionados e, claro, uma chuva de novos colecionáveis, bem do jeitinho que o fã de Kirby gosta.
Transformações e conteúdo limitado
Protagonistas do título original, as novas transformações de Kirby na DLC também dão show à parte. O mascote rosa agora pode, por exemplo, engolir uma engrenagem para se fixar em superfícies verticais, bem como sugar uma placa para surfar em alta velocidade por desfiladeiros, o que, inclusive, propõe um bom nível de desafio. Mesmo sendo fases conhecidas, a sensação é de estar jogando algo novo, uma vez que o level design, primoroso em Forgotten Land, está ainda mais brilhante em Star-Crossed.
Como já dizia o ditado: “o que é bom passa rápido”. DLCs, então, costumam durar ainda menos. Star-Crossed World não é diferente nesse sentido e rende cerca de cinco horas de jogatina, talvez um pouco mais se você se arriscar a pegar todos os colecionáveis. Ainda assim, é um tempo curto, especialmente se considerarmos o preço cobrado.

O lado bom é que há novos itens de gacha para colecionar, músicas extras para apreciar e um bem-vindo modo adicional no Coliseu, destinado a jogadores experientes e que querem ver mais do combate. Não é nada de outro mundo que faça aumentar de maneira significativa o fator replay, mas são coisinhas que, no fim das contas, dão um pouco mais de “sustância” ao pacote.
Vale a pena?
Turbinado como um remaster, mesmo sem carregar essa designação, Kirby and the Forgotten Land + Star-Crossed World é a versão definitiva de um game de plataforma 3D à prova do tempo, agora rodando como deveria em um hardware à altura de sua ambição. Star-Crossed World agrega ótimas ideias ao layout já impecável das fases da jornada principal e ensina novos truques à roliça bolinha, mas entrega conteúdo tímido para um jogo lançado há três anos. O que é bom, sejamos honestos, poderia ter durado mais.
Nota: 85
Prós (pontos positivos)
- Novos truques da bolota rosa;
- Cristais dão nova vida a fases conhecidas;
- Level design impecável;
- Melhorias substanciais de gráfico e desempenho.
Contras (pontos negativos)
- O conteúdo novo é excelente, mas limitado;
- Ainda sem legendas em português.
Uma cópia de Kirby and the Forgotten Land + Star-Crossed World foi gentilmente fornecida pela Nintendo para o propósito de análise no Nintendo Switch 2.