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Review: Pokémon Legends Z-A é o palco perfeito para rinhas de Pokémon

by Fesouza
8 minutes read

A franquia Pokémon Legends já mostrou a que veio em Pokémon Legends: Arceus e se provou tão empolgante quanto os jogos geracionais – vou evitar dizer “série principal”, já que Arceus também é canônico. Legends: Arceus se passa numa época em que a relação entre treinador e Pokémon não era pacífica, o que, por si só, já faz valer a viagem ao passado pela curiosidade.

Enquanto Pokémon Legends: Arceus se concentra em contar as origens do vínculo primitivo com os Pokémon, Pokémon Legends: Z-A, em contrapartida, retorna à região de Kalos, mais especificamente à cidade de Lumiose, palco dos injustiçados Pokémon X e Y, para explorar a gênese da Megaevolução. Há quem discorde de que X e Y são bons jogos, mas não há como negar a grande importância deles para a série.

A magia de Pokémon Legends é justamente permitir que voltemos às origens de algo para entender melhor o motivo de certas coisas existirem no mundo Pokémon, o que é uma iniciativa louvável da The Pokémon Company. Afinal, sejamos francos: ela nem precisava dar um contexto tão profundo às suas criações.

Z-A é sobre batalhas Pokémon

Num contraste quase antagônico ao formato de Legends: Arceus, cujo foco era na exploração, Legends: Z-A é sobre batalhas. Fazendo uma analogia rápida, Z-A está para os duelos de Pokémon assim como Pokémon Let’s Go, Pikachu! e Let’s Go, Eevee! estão para o colecionismo. Fica mais fácil de compreender assim.

O ciclo de gameplay aqui é diferente de tudo que você já viu na franquia: durante o dia, usamos nosso tempo para cumprir missões secundárias, capturar Pokémon nas Wild Zones e explorar a cidade em busca de itens e segredos. Em outras palavras, as tarefas mais, digamos, rotineiras, ficam sempre reservadas ao período diurno.

Review: Pokémon Legends Z-A é o palco perfeito para rinhas de Pokémon

Quando a noite cai, incorporamos o espírito competitivo para fazer dinheiro, colocando nosso time para jogo em disputas intensas de Pokémon, com aquela sensação de estar fazendo algo ilegal na calada da noite. Afinal, estamos em um beco suspeito, no escuro, com outra pessoa… megaevoluindo Pokémon na Battle Zone.

A vida noturna em Lumiose não só abriga criaturas mais hostis, como também atrai treinadores com sangue nos olhos, prontos para aniquilar o seu time em qualquer esquina. Vale dizer que os encontros para as rinhas de Pokémon não costumam acontecer no mesmo lugar, o que adiciona um fator bem-vindo de imprevisibilidade aos mapas e, sobretudo, aos adversários que você pode encontrar.

O jogo tem um ciclo de dia e noite que funciona bem e dá tempo suficiente para que você conclua suas tarefas em cada período. Não deu tempo de fazer tudo que queria à noite? Sem estresse. É só esperar o anoitecer novamente: basta sentar em um banco da cidade ou retornar ao Hotel Z, seu refúgio, para ter o merecido descanso na sua própria cama.

A transição do dia para a noite, entretanto, requer atenção. Há indicadores que avisam quando a noite se aproxima, e você deve ficar de olho neles. Se você estiver no meio de uma captura, por exemplo, quando a animação da virada de turno ocorrer, há um grande risco de o Pokémon com o qual você está interagindo simplesmente desaparecer da tela. Esquisito, sim, mas é assim que funciona.

Obrigado, Monolith Soft

Logo de cara, a principal mudança vista em Z-A é no sistema de batalha. Por ser uma aventura com forte ênfase no combate, o objetivo é, como o próprio título do jogo sugere, subir no ranking, partindo da letra Z. Já nos primeiros minutos, dá para perceber que a Game Freak se esforçou para dar uma sacudida nas fórmulas estabelecidas em Legends: Arceus e Scarlet/Violet.

Com nítidas influências da série Xenoblade, criação da Monolith Soft, os ataques em Legends: Z-A são acionados em tempo real, enquanto a porrada rola solta, e têm um tempo de resfriamento até poderem ser usados de novo. Isso, por si só, representa um grande marco para Pokémon, pois incentiva o uso estratégico de toda a gama de golpes, incluindo os buffs passivos.

Legends: Z-A estimula o uso inteligente de habilidades: enquanto os golpes de dano ainda estão em tempo de recarga, você pode interagir com as técnicas passivas que já estão ativas. Ficar parado está fora de cogitação: você, como treinador, também é constantemente atacado. Pelo fato de as áreas de Lumiose serem mais estreitas, há menos espaço para desviar dos Pokémon, tornando seu personagem um alvo fácil.

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A dificuldade é outro aspecto que me chamou atenção, justamente por não ser uma característica tão marcante da franquia. Ainda mais com as adições das Megaevoluções, que injetam uma camada extra de complexidade.

Treinadores e Pokémon estão mais agressivos, e o combate, por flertar com ações em tempo real, intensifica o ritmo das coisas. Farmar pontos de experiência é uma ação mais que necessária se você não quiser sofrer muito. Agora que temos total controle das habilidades de um Pokémon, é igualmente importante saber montar a combinação das quatro técnicas titulares.

Sistema de captura mais dinâmico (e exigente)

A dinâmica de captura segue a cartilha estabelecida em Legends: Arceus e encoraja o jogador a pegar vários monstrinhos da mesma espécie. As missões, aqui dadas no laboratório de Lumiose, estão de volta. Elas pedem que você realize tarefas simples e concedem TMs de presente cada vez que sobe no ranking de pesquisa.

Há pontos específicos no mapa para se engajar com os Pokémon (as Wild Zones), mas também encontramos criaturas camufladas pela cidade. Nesse sentido, Lumiose ilustra muito bem como humanos e Pokémon podem coexistir em uma metrópole.

Review: Pokémon Legends Z-A é o palco perfeito para rinhas de Pokémon

O twist no ciclo de pegar Pokémon é que agora eles somem se você não os captura de primeira. Isso deve mudar completamente a forma como passamos a abordar os Pokémon, especialmente quando estivermos tentando capturar um shiny.

Lumiose ilustra muito bem como humanos e Pokémon podem coexistir em uma metrópole.

Em relação à Pokédex, confesso que gostaria de ter visto mais Pokémons, porém o número não foge muito do que vimos em Legends: Arceus. São quase 250 criaturas, sem contar as Megaevoluções, cuja inclusão pode elevar esse total para perto de 300.

Bom uso da verticalidade

Explorar Lumiose é o que você mais vai fazer de dia. Antes que se pergunte: sim, a aventura se desenrola toda em um único lugar e não dá chance para que você visite outras regiões de Kalos. Em termos de extensão, o ambiente é limitado, mas o mapa é mais denso, reunindo mais itens, NPCs, Pokémon e lojinhas.

Review: Pokémon Legends Z-A é o palco perfeito para rinhas de Pokémon

A Game Freak soube aproveitar o pedacinho de terra disponível e condensou de forma exemplar todas as atividades, na intenção de dar mais vida à cidade, tanto de dia quanto de noite. É impossível andar alguns metros sem se deparar com algo para interagir.

À medida que avançamos, Lumiose se expande com novos pedaços de Wild Zones e pontos de interesse. Legends: Z-A ainda se beneficia da verticalidade de uma metrópole e torna a exploração nos arranha-céus mais convidativa: há certos Pokémon que você só encontra no alto, inclusive.

Aspectos técnicos

Criticar a parte técnica dos jogos de Pokémon virou hábito comum na internet – e, nos últimos tempos, com razão. A Game Freak tentou se redimir e trouxe um game consideravelmente mais redondo, sem bugs grosseiros ou NPCs travados. Legends: Z-A roda muito bem no Nintendo Switch 2, com resolução alta e fluidez estável.

Lumiose ganhou um banho de loja. Apesar do aspecto poligonal, o mundo é vibrante e acolhedor, embalado por uma trilha sonora chique que já figura entre as melhores da franquia. É uma pena, contudo, que Z-A careça de diversidade visual: a monotonia do ambiente urbano cansa.

Os cenários internos demonstram cuidado especial e definem a elegância de Kalos. É reconfortante ver que a Game Freak tem olhado para os erros do passado e também está tentando reintroduzir acertos de títulos anteriores.

Vale a pena?

Pokémon Legends: Z-A dá mais sentido às Megaevoluções e é, acima de tudo, um jogo sobre combate, aqui sem amarras e disposto a fugir da mesmice. Lumiose é o palco ideal para o playground de rinha Pokémon: seu charme e densidade histórica evidenciam o quanto a geração de X e Y foi injustiçada.

Nota: 85

Prós (pontos positivos):

  • A história é boa e dá sentido às Megaevoluções;
  • Ajustes revitalizam o combate e abrem novas possibilidades de estratégia;
  • Mapa denso, expansivo e repleto de atrativos, apesar de limitado em extensão;
  • Ciclo viciante: explore de dia, lute de noite;
  • Dificuldade no ponto certo;
  • Trilha sonora absoluta, o que há de melhor na franquia.

Contras (pontos negativos):

  • Pois é, sem textos em português;
  • Pokédex um tanto contida, ainda que dentro do escopo de Pokémon Legends;
  • Como Lumiose é um centro urbano, a monotonia visual dos prédios cansa um pouco.

Uma cópia de Pokémon Legends: Z-A foi gentilmente cedida pela Nintendo para o propósito de análise no Nintendo Switch 2. O jogo também está disponível para Nintendo Switch.

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