O mundo era mais feliz quando existia aquela rivalidade saudável entre SEGA e Nintendo, com direito a cutucadas em peças de marketing e tudo, o que, por consequência, impulsionava a criatividade de ambas. Afinal, a concorrência é sempre bem-vinda e benéfica para o consumidor, uma vez que força a empresa a sair de sua zona de conforto.
Coincidência ou não, 2025 é o ano em que veremos Sonic e Mario se enfrentando como nos velhos tempos, isto é, de igual para igual. Enquanto Mario Kart World aposta em um mundo aberto ambicioso, com copas conectadas por circuitos de transição e um elenco mais contido, limitado ao universo de Mario, Sonic Racing: Crossworlds almeja ser uma celebração da história recente da SEGA.
Ao contrário de Mario Kart World, que é mais pé no chão, Sonic Racing: Crossworlds quer ser o Smash Bros. dos jogos de kart. Sim, “todo mundo está aqui” (ou vai estar num futuro próximo). O elenco não deve só incluir mascotes obscuros de Sonic como também convidados de franquias renomadas do entretenimento, de Minecraft a Bob Esponja.
Mais de tudo
Apesar de ambos serem jogos de kart, um sendo exclusivo do Nintendo Switch 2, o outro querendo estar em todas as plataformas possíveis e imagináveis, Mario Kart World e Sonic Racing: Crossworlds podem coexistir numa boa. A disputa existe, é claro, já que eles pertencem ao mesmo gênero e competem pela atenção dos fãs desse tipo de jogo, mas, de certa forma, os dois se complementam.
Em vez de apostar em um mundo aberto para seguir a cartilha da última aventura do bigodudo, Sonic Racing: Crossworlds deposita suas fichas em uma experiência arcade definitiva, com mais de tudo: modos de jogo, personagens, copas, pistas e personalização. Quem veio do decepcionante Team Sonic Racing, inclusive, pode até se sentir intimidado pelo alto fator replay.
Para você ter uma breve noção, são 23 corredores (sem contar DLCs e desbloqueáveis), sete copas, quatro velocidades (equivalentes às CCs de MK) e a possibilidade de destravar o modo espelho, Classe Invertida, no qual é possível correr no sentido inverso das pistas. Isso dá uma perspectiva bem diferente aos trajetos e atalhos que conhecemos do formato original.
O multiplayer permite que jogadores de diferentes plataformas se reúnam sem qualquer limitação, além de contemplar um cooperativo em tela dividida, o mais pedido pelos Seguistas de plantão. Há uma boa variedade de modos aqui também, desde as corridas clássicas até disputas alternativas, como coletar moedas ou ativar mais itens que o time rival.
Se você não quiser jogar junto, tudo bem: todos os modos estão disponíveis com bots e são igualmente divertidos, mesmo contra a máquina, cuja inteligência artificial surpreende e propõe bons desafios. Vai por mim: é impossível ser infeliz em qualquer modo de Crossworlds.
Economia balanceada e personalização quase infinita
Como incentivo, o game gera recompensas por absolutamente tudo. A economia do jogo gira em torno dos bilhetes Donpa, concedidos ao final de cada rodada para que o jogador possa investir em decalques e peças dianteiras, traseiras e pneus.
Cada veículo tem sua própria gama de atributos, fazendo com que se comportem de maneiras distintas nas pistas. Um carro focado em velocidade terá controles mais difíceis, enquanto um que prioriza manuseio é mais lento, mas se sai melhor em trechos sinuosos.
As combinações de builds são quase infinitas, o que gera um fator de imprevisibilidade viciante. Além disso, há os dispositivos, itens equipáveis que adicionam habilidades passivas ou ativas, como carregar três itens ao invés de dois ou acumular derrapagens mais rápido.
Mesmo não sendo revolucionários, os dispositivos trazem twists estratégicos, tornando cada corrida imprevisível. Nos testes, muitas copas foram decididas em momentos-chave por conta de um dispositivo bem utilizado.
Jogabilidade perfeita
Perfeita é uma palavra forte, mas a jogabilidade de Sonic Racing: Crossworlds chega perto disso. A sensação de velocidade é intensa, e derrapar pelas pistas é extremamente satisfatório.
O gameplay é embalado por uma trilha sonora vibrante, que carrega o DNA da SEGA, em contraste ao estilo mais elegante de Mario Kart World. Já os circuitos de Crossworlds são mais estreitos, com muitos atalhos e rampas, deixando a jogatina sempre movimentada.
Os cenários são um deleite visual, resgatando memórias de vários títulos de Sonic, incluindo Sonic Frontiers e Sonic X Shadow Generations, alternando entre terra, céu e mar de forma dinâmica.
Fendas interdimensionais: o twist criativo
As fendas interdimensionais no meio das partidas, à la Ratchet & Clank: Rift Apart, transportam os competidores para lugares diferentes e representam o grande diferencial do jogo.
Sonic Racing: Crossworlds é menos dependente da sorte dos itens, o que gera corridas mais equilibradas. Ainda assim, alguns power-ups carecem de balanceamento, como o Monster Truck, que dura tempo demais, enquanto escudos aparecem pouco.
Vale a pena?
Sonic Racing: Crossworlds é o jogo de corrida que o ouriço sempre mereceu, um tributo arcade cheio de carisma. Com jogabilidade viciante e toneladas de conteúdo, reacende a disputa com Mario Kart em pé de igualdade.
Nota: 95
Prós (pontos positivos):
- Jogabilidade arcade beira a perfeição;
- Conteúdo dá e sobra para se divertir;
- Modos de jogo variados, para todos os gostos;
- Personalização robusta;
- Visual lindo, com atmosfera de fliperama.
Contras (pontos negativos):
- Faltou balancear melhor os power-ups.
Uma cópia de Sonic Racing: Crossworlds foi gentilmente fornecida pela SEGA para o propósito de análise no PlayStation 5 Pro. O jogo está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series S|X, Nintendo Switch e PC.
E aí, você vai dar uma chance ao game? Comente nas redes sociais do Voxel e TecMundo!