Dia de festa para a NASA! Há exatos 13 anos, em 5 de agosto de 2012, a agência pousava em Marte a espaçonave Mars Science Laboratory (MSL), uma sonda que levava em seu interior o rover Curiosity, um jipe robô projetado para explorar o Planeta Vermelho.
A missão foi originalmente programada para durar um ano marciano, o equivalente a pouco menos de dois anos terrestres, mas a longevidade do rover superou (e muito) as expectativas. Ele já percorreu mais de 35 km, captou mais de 709 mil imagens e coletou 42 amostras, que nos deram informações valiosas sobre a geologia e a história de Marte.
Com 2,2 m de altura, 2,7m de largura, 3 m de comprimento e pesando em torno de 900 kg, o rover Curiosity tem uma vida útil limitada apenas pela durabilidade de seus componentes mecânicos, que estão em bom estado, e sua fonte de energia, um Gerador Termoelétrico de Radioisótopos Multimissão (MMRTG), que funciona à base de plutônio.
Não havendo uma falha mecânica mais grave, o veículo deve continuar explorando Marte por pelo menos mais um ano, já que a previsão de tempo de funcionamento do MMRTG é de 14 anos (no mínimo).

Equipe da NASA raciona energia do rover diariamente
Embora o rover Curiosity seja resistente, o ambiente marciano exige adaptações constantes para sua sobrevivência. O plutônio do gerador de energia radioativo decai lentamente, o que significa que ele demora cada vez mais para recarregar suas baterias. Isso faz com que a quantidade de energia disponível para as tarefas científicas vá diminuindo aos poucos.
Por isso, a equipe de engenheiros do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA, responsável pela operação do rover, tem trabalhado duro para aumentar a eficiência do equipamento e mantê-lo operacional.

Um dos principais desafios é gerenciar cuidadosamente o uso da energia todos os dias. O rover conta com muitos instrumentos e sistemas que consomem bateria, e nem sempre é fácil prever como eles vão reagir ao ambiente extremo de Marte. Poeira, radiação, frio intenso e mudanças rápidas de temperatura criam situações que podem exigir ajustes e soluções criativas.
“Amadurecimento” do rover Curiosity permite tarefas simultâneas
De acordo com um comunicado da NASA, no começo da missão, os engenheiros agiam com muita cautela, controlando cada tarefa do Curiosity como se fosse um “filho pequeno”, que só pode fazer uma coisa por vez. Conforme o veículo explorador foi “amadurecendo”, a equipe passou a confiar mais nele para executar tarefas simultâneas, aumentando sua produtividade.
Desde 2021, eles começaram a testar se o Curiosity poderia combinar algumas atividades que antes eram feitas separadamente. Por exemplo, o rover transmite dados e imagens para satélites orbitando Marte, que depois enviam para a Terra. Então, a equipe verificou se ele conseguiria se comunicar com esses satélites enquanto se movimenta, mexe no braço robótico ou tira fotos – tudo ao mesmo tempo.
Esses testes deram certo. Conseguir juntar tarefas diminui o tempo de uso dos sistemas que consomem energia, como aquecedores e instrumentos científicos, economizando bateria. Essa mudança também agiliza o planejamento diário, já que o rover não precisa ficar ativo por tanto tempo.

Outra estratégia que a equipe adotou é permitir que o próprio Curiosity decida quando tirar uma “soneca”. Antes, os engenheiros calculavam um tempo maior para cada tarefa, esperando eventuais imprevistos. Se o rover terminava antes, ficava aguardando acordado, gastando bateria. Agora, se ele terminar mais cedo, pode desligar e descansar, poupando energia para o dia seguinte.
Mesmo pequenas economias de minutos em cada atividade se somam ao longo dos anos, estendendo a vida útil da fonte de energia e garantindo mais ciência.
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Curiosity enfrenta desafios constantes em Marte
Além dessas melhorias no uso da energia, o JPL também resolveu vários problemas mecânicos que surgiram com o uso prolongado. A broca que coleta amostras de rochas, por exemplo, precisou de ajustes para continuar funcionando bem depois do desgaste.
As rodas do rover também foram motivo de atenção. Marte é cheio de pedras afiadas que vão desgastando o metal. Para evitar problemas graves, os engenheiros criaram um algoritmo que ajuda a reduzir o impacto das pedras na condução. Mesmo com alguns furos nas rodas, eles garantem que o Curiosity ainda tem muita estrada pela frente. Em último caso, ele pode até remover partes danificadas e continuar andando com segurança.

Também vale destacar que quando uma das câmeras principais teve uma falha no mecanismo que muda os filtros de cor, a equipe desenvolveu uma solução para que o rover continuasse tirando imagens panorâmicas incríveis, garantindo que a missão não perdesse qualidade visual.
Tudo isso mostra o quanto o trabalho da equipe em solo é essencial para manter o Curiosity operando e aproveitando ao máximo seus recursos limitados.
Ao longo desses 13 anos, o rover não só sobreviveu, como ganhou novas habilidades e estratégias para continuar desvendando os mistérios de Marte. E enquanto sua fonte de energia durar e os sistemas permitirem, o trabalho seguirá firme, fornecendo informações valiosas para a ciência e para o futuro da exploração espacial – e, para fazer jus ao nome, trazendo muitas “curiosidades” sobre o nosso cobiçado vizinho.
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