Ao custo de US$2,2 bilhões (quase R$12 bilhões, na cotação atual), o rover Perseverance, projetado pelo Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA, chegou a Marte em 18 de fevereiro de 2021. Desde então, tem desempenhado um papel crucial na exploração do planeta, realizando descobertas científicas e coletando amostras de solo.
Enquanto trabalha, o equipamento carinhosamente apelidado de “Percy” tem registrado imagens bem interessantes da paisagem marciana, como uma rocha em formato de cobra, um “rosto cansado”, um eclipse solar e até destroços de seu próprio sistema de pouso.
O flagra curioso mais recente do rover foi uma rocha em formato de vulcão que se parece muito com um capacete de batalha holandês do século XVII desgastado. A imagem foi obtida pelo instrumento Mastcam-Z em 5 de agosto.

A formação chamou atenção por seu pico pontudo e superfície marcada por esférulas, que, na Terra, podem se formar por mecanismos variados: desde reações químicas que alteram minerais até processos ligados à atividade vulcânica. O fato de Marte apresentar estruturas semelhantes abre espaço para diferentes hipóteses sobre sua origem.
David Agle, porta-voz da equipe Perseverance, disse ao site Space.com que a rocha, batizada de Horneflya, impressiona menos pelo formato inusitado e mais por ser quase inteiramente composta por esférulas.
Pesquisadores acreditam que essas “bolinhas” (vistas também neste exemplo) surgem ao longo de anos quando a água subterrânea circula pelos poros das rochas sedimentares. No entanto, ainda não há consenso sobre isso – e é justamente esse tipo de mistério que desafia o time de cientistas responsáveis pelo rover: identificar pistas que ajudem a compreender a geologia do Planeta Vermelho.

A Mastcam-Z, instrumento responsável pelo achado, é um conjunto de câmeras no mastro do veículo explorador capaz de ampliar imagens e produzir registros em alta resolução. Graças a ela, o Perseverance consegue identificar detalhes à distância sem a necessidade de coletas imediatas.
Por enquanto, a “rocha-capacete” continua sendo um capítulo da história geológica de Marte – e, claro, nenhuma prova de que marcianos do passado teriam usado armaduras em batalhas.
Registros como esse são fundamentais para entender como o vento, a água e forças internas moldaram o planeta por bilhões de anos.
Leia mais:
- Rover da NASA em Marte faz foto inédita da Terra junto com a lua Phobos
- Rocha inusitada é descoberta pela NASA em Marte
- Análise de 200 meteoritos que caíram na Terra revela origem em crateras de Marte
O que nos faz enxergar coisas estranhas em Marte
Esse tipo de imagem, que nos faz ver rostos ou figuras em objetos aleatórios, é conhecido como pareidolia. Trata-se de um fenômeno psicológico que ocorre quando a mente humana reconhece padrões familiares – como rostos – em estímulos visuais variados. É algo natural e acontece, por exemplo, quando vemos figuras nas nuvens ou em sombras.
A pareidolia tem raízes na necessidade de sobrevivência do ser humano. Segundo o astrônomo Carl Sagan, a habilidade de identificar rapidamente ameaças no ambiente foi crucial para a evolução da espécie. Aqueles que conseguiam perceber um predador escondido entre os arbustos tinham mais chances de escapar, enquanto os que não reconheciam o perigo corriam risco de vida.

Missão do rover Perseverance continua a todo vapor
Desde a chegada a Marte, o rover Perseverance já registrou cerca de 874 mil imagens do planeta. Além das fotos, o equipamento coletou 30 amostras de rochas e solo marciano, sendo a primeira missão a criar um depósito de amostras fora da Terra.
Outro feito importante foi a produção de oxigênio usando o instrumento MOXIE, uma inovação que pode ser crucial para futuras missões humanas.
Com mais de quatro anos de operação, a missão do Perseverance ainda está longe de acabar. Se comparado ao rover Curiosity, que completou 13 anos em Marte este mês, ele ainda tem muito mais para explorar e descobrir sobre o Planeta Vermelho.
O post Rover da NASA vê algo como um capacete de batalha em Marte apareceu primeiro em Olhar Digital.