Ao custo de US$2,2 bilhões (quase R$12 bilhões, na cotação atual), o rover Perseverance, projetado pelo Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA, chegou a Marte em 18 de fevereiro de 2021. Desde então, tem desempenhado um papel crucial na exploração do planeta, realizando descobertas científicas e coletando amostras de solo.
Enquanto trabalha, o equipamento carinhosamente apelidado de “Percy” tem registrado imagens bem interessantes da paisagem marciana, como uma rocha em formato de cobra, um “rosto cansado”, um “capacete de batalha”, um eclipse solar e até destroços de seu próprio sistema de pouso.

O flagra curioso mais recente do rover foi obtido em 31 de agosto, durante o 1.610º ‘sol’ – como é chamado o dia em Marte – da missão (um dia marciano tem duração de 24 horas, 39 minutos e 35 segundos terrestres). Enquanto fotografava o fundo da Cratera Jezero, seu local de pouso, ele capturou uma rocha que se assemelha a uma cabeça de tartaruga saindo do casco.
Para fazer essa foto, o Perseverance utilizou o SHERLOC (sigla para “Escaneamento de Ambientes Habitáveis com Ressonância Raman e Luminescência para Compostos Orgânicos e Químicos”), que fica na torre do braço robótico do rover.
Esse instrumento é usado para investigações próximas e em escala reduzida de materiais e texturas de superfície. Ele é acoplado ao Sensor Topográfico de Ângulo Amplo para Operações e Engenharia (WATSON), uma câmera de alta resolução usada para fotografar alvos examinados pelo SHERLOC com luz ultravioleta, captando brilhos e padrões que revelam a composição química e a presença de compostos orgânicos.

Registrar imagens da paisagem marciana, incluindo rochas e cascalhos, é essencial para reconstruir a história do planeta. As formas e padrões da superfície revelam pistas sobre sua evolução geológica — como o deslocamento de camadas pelo vento, a formação de dunas de areia e o acúmulo de minerais ao longo do tempo.
O conjunto de câmeras SHERLOC-WATSON auxilia os pesquisadores a analisar esses padrões com maior precisão, ampliando o entendimento sobre como a superfície de Marte se formou.
O que nos faz enxergar coisas estranhas em Marte
Esse tipo de imagem, que nos faz ver rostos ou figuras em objetos aleatórios, é conhecido como pareidolia. Trata-se de um fenômeno psicológico que ocorre quando a mente humana reconhece padrões familiares – como rostos – em estímulos visuais variados. É algo natural e acontece, por exemplo, quando vemos figuras nas nuvens ou em sombras.
A pareidolia tem raízes na necessidade de sobrevivência do ser humano. Segundo o astrônomo Carl Sagan, a habilidade de identificar rapidamente ameaças no ambiente foi crucial para a evolução da espécie. Aqueles que conseguiam perceber um predador escondido entre os arbustos tinham mais chances de escapar, enquanto os que não reconheciam o perigo corriam risco de vida.

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Missão do rover Perseverance continua a todo vapor
Desde a chegada a Marte, o rover Perseverance já registrou cerca de 880 mil imagens do planeta. Além das fotos, o equipamento coletou 30 amostras de rochas e solo marciano, sendo a primeira missão a criar um depósito de amostras fora da Terra.
Outro feito importante foi a produção de oxigênio usando o instrumento MOXIE, uma inovação que pode ser crucial para futuras missões humanas.
Com mais de quatro anos de operação, a missão do Perseverance ainda está longe de acabar. Se comparado a outro rover da NASA, o Curiosity, que completou 13 anos em Marte em agosto, ele ainda tem muito mais para explorar e descobrir sobre o Planeta Vermelho.
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