Quando pensamos em fósseis, geralmente imaginamos criaturas como um dinossauro ou algum animal pré-histórico. Mas e se disséssemos que alguns dos “fósseis vivos” mais antigos do planeta são tão pequenos que são invisíveis e podem estar agora mesmo no seu prato?
Esse é o mundo da “virosfera”, um universo de entidades biológicas que inclui não apenas os vírus, mas seus parentes ainda mais simples. Entre eles, estão os viroides e virusoides, e eles têm tudo a ver com a sua salada, ainda que seja difícil de acreditar.
O que são os viroides e virusoides?
Conforme explica Paulo Eduardo Brandão, professor da Universidade de São Paulo (USP), em sua coluna na Veja Saúde, se os vírus são minimalistas (basicamente material genético em uma “capa” de proteína), os viroides e virusoides são a definição extrema do minimalismo.
- Viroides: são, essencialmente, uma molécula de “RNA pelado”. Eles não têm a capa de proteína (capsídeo) que os vírus possuem. São apenas um pequeno filamento circular de RNA. Descobertos em 1971, os viroides são conhecidos por infectar exclusivamente plantas, causando doenças que afetam a agricultura.
 - Virusoides: são ainda mais “dependentes”. Eles também são fitas de RNA simples, mas são considerados “parasitas de parasitas”. Para conseguir se replicar e infectar uma célula, eles precisam da carona de um vírus “auxiliar” que infecte a mesma célula.
 
A razão pela qual são chamados de “fósseis vivos” é que muitos cientistas acreditam que sua estrutura simples, baseada apenas em RNA, pode ser um vislumbre das primeiras formas de “vida” que surgiram na Terra, no que é hipotetizado como o “Mundo do RNA”, antes mesmo do DNA e das células complexas.
Por que tem “fósseis vivos” na minha salada?
A resposta é direta: como os viroides são patógenos de plantas, eles estão… nas plantas. Eles vêm da própria fazenda. Esses agentes podem ser transmitidos de uma planta para outra pelo simples contato das folhas, por danos mecânicos durante a colheita ou até mesmo por insetos, como pulgões.
Isso significa que hortaliças cruas, como alface, tomate, pepino, rúcula e agrião, podem carregar esses agentes diretamente do campo para a sua cozinha. Eles podem ser encontrados em qualquer vegetal ou fruta fresca que não tenha sido devidamente processado ou higienizado.
É aqui que entra a importância da boa e velha higienização. O hipoclorito de sódio (a popular água sanitária) é um poderoso aliado. A recomendação padrão para higienizar vegetais é usar uma solução de hipoclorito de sódio (cerca de uma colher de sopa para cada litro de água).
E, sim, o hipoclorito é eficaz contra eles. Se essa solução consegue destruir vírus envelopados e complexos, ela é mais do que capaz de destruir uma molécula de RNA “nua” e frágil como a de um viroide.
Sim, mas apenas em plantas. Eles são uma grande dor de cabeça para a agricultura, causando perdas significativas em colheitas de batata, tomate e frutas cítricas. Não há nenhuma evidência de que causem qualquer tipo de doença em humanos ou animais.
Você não pode ver. A única garantia é a higienização correta. Lave as folhas em água corrente para remover a sujeira visível e, em seguida, deixe-as de molho na solução de hipoclorito de sódio (água sanitária) por cerca de 15 minutos. Enxágue bem em água corrente antes de consumir.
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