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Se a Terra parar de girar, vida no planeta estará em apuros?

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Quando a gente vê a abundância e a diversidade de seres vivos na Terra, fica difícil imaginar a fragilidade deste ecossistema que tornou possível o surgimento e a evolução da vida em nosso planeta. Se estamos vivos hoje, foi graças a uma incrível e improvável coincidência de fatores naturais. Uma prova disso é que até hoje, não encontramos nenhuma evidência, por menor que fosse, de outras formas de vida fora da Terra.

Pode não parecer, mas um dos mais importantes desses fatores é a rotação da Terra. E se fosse possível um dia, a Terra parar de girar, além de alguns efeitos interessantes, certamente as coisas ficariam muito complicadas para tudo que fosse vivo por aqui. Então, vamos imaginar que, por algum motivo, a Terra parasse de girar, não de uma forma abrupta, mas lenta e gradualmente. Até que um dia, acordaríamos com nosso planeta parado no espaço, apenas seguindo seu trajeto natural em torno do Sol. O que mudaria para nós?

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Para começar de forma bem suave, sabe aquele turbilhão que a água faz quando escorre pelo ralo da pia? Ele deixaria de ocorrer. Isso porque esse turbilhão só se forma devido ao efeito da chamada “força de Coriolis”, nesse caso, gerada pela rotação da Terra. Essa mesma força de Coriolis é responsável pelos redemoinhos dos furacões e tornados, que também deixariam de existir. Mas os efeitos agradáveis da parada da rotação da Terra terminam aqui.

Pseudo-força de Coriolis que provoca os turbilhões d’água, os furacões e tornados é consequência da rotação da Terra. Fonte: Unicentro

Sem o movimento de rotação, nosso céu noturno seria praticamente imutável. Somente a Lua e os planetas mudariam sua posição ao longo do ano. E como a Terra ainda giraria em torno do Sol, seguiríamos tendo dias e noites, mas bem mais longos. Cada dia durando 6 meses, seguido de uma longa noite de mais 6 meses. Tirando o fato de que o Sol passaria nascer no oeste e se pôr no leste, seria mais ou menos como já acontece atualmente nas regiões polares, mas com efeitos muito mais devastadores.

Com metade do planeta exposto ao Sol por 6 longos meses, a temperatura na superfície subiria para níveis infernais. Haveria muita evaporação, muitas nuvens e pouca chuva nesses 6 meses de insolação. Mas quando chegasse a noite, as massas de ar frio provocariam enormes tempestades, primeiro de água, depois granizo e por fim, neve. A noite nesta Terra estática, seria longa e congelante.

Sem a rotação, Terra teria 6 meses de calor infernal e 6 meses de frio congelante. Imagens: EcoWatch / Kyle Brittain

As correntes de vento seriam completamente alteradas sem a rotação da Terra, mas talvez, próximo aos pólos, elas ajudassem a manter as temperaturas menos extremas. Só que migrar para os pólos não seria uma opção, uma vez que eles estariam cobertos de água.

Graças à rotação da Terra, nosso planeta é levemente achatado nos pólos. Isso porque a gravidade é parcialmente anulada pela força centrífuga nas regiões próximas ao equador, fazendo com que a crosta e os oceanos fiquem mais altos em relação ao centro da Terra. Sem a força centrífuga, as regiões polares se tornariam uma grande depressão, as águas escorreriam para lá, formando dois grandes oceanos com mais de 20 km de profundidade e entre eles, um único supercontinente contornando o equador da Terra. Seria uma grande mudança, mas não seria para sempre.

Sem o movimento de rotação, as águas escorreriam para os pólos formando dois oceanos profundos e nas regiões equatoriais, haveria um supercontinente que contornaria a Terra. Fonte: Esri

Isso porque a crosta do nosso planeta é como uma casca dura boiando sobre um mar de magma. Aí, sem a força centrífuga, o próprio peso da crosta faria as áreas continentais próximas ao equador afundar no magma, aumentando a pressão no manto, e forçando a elevação da crosta nas regiões polares. Tudo isso, é claro, geraria enormes terremotos, abriria uma série de fissuras na crosta e criaria uma nova e longa era de intenso vulcanismo na Terra.

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Viver nesse mundo caótico não seria nada simples. Mas talvez alguns seres abissais consigam sobreviver por um bom tempo ainda. Ao menos antes dos oceanos evaporarem.

Ocorre que a rotação da Terra é essencial para manter funcionando o nosso geodínamo, que gera o campo magnético do nosso planeta. Sem a rotação, perderíamos nossa proteção espacial contra os ventos solares e os raios cósmicos.

O primeiro efeito disso seria até interessante: as auroras polares seriam visíveis de todo o planeta. Só que em pouco tempo, essa interação dos ventos solares, arrancariam nossa camada de ozônio, nos deixando expostos à radiação ultravioleta. Aos poucos, os ventos solares também levariam nossa atmosfera, o que faria com que as águas do oceano evaporassem e fossem levadas também.

Sem seu campo magnético, a Terra aos poucos perderia sua atmosfera e suas águas por ação dos ventos solares. Imagem: JPL/NASA/Marcelo Zurita

Em alguns milhões de anos, não haveria mais água líquida na superfície. A Terra se tornaria apenas um torrão árido e vazio. Nada que se pareça com este belo, colorido e maravilhoso mundo, impregnado pela vida.

Por mais maluca que seja essa hipótese, falar sobre os efeitos da perda da rotação da Terra é um excelente exercício para aprendermos um pouco sobre a física que rege o nosso planeta e que torna a vida possível, mas não é algo que mereça nem um miligrama da nossa preocupação.

Até é verdade que as forças de maré da Lua estão freando a rotação da Terra, só que isso não faria nosso planeta parar. No máximo, sincronizaria os movimentos da Terra e da Lua, o que faria com que os dias por aqui durassem mais de um mês. Mas isso não vai ocorrer antes que o Sol se torne uma gigante vermelha e engula a Terra inteira e a Lua também. Então, não vamos nos preocupar com isso.

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