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“Se o Pix tomar conta do mundo, os cartões vão sumir”, diz Lula

by Fesouza
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu publicamente o Pix como símbolo de inovação digital brasileira e sugeriu que o sistema de pagamentos instantâneos do país estaria incomodando potências internacionais.

Durante discurso na abertura da 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o presidente afirmou que os Estados Unidos estariam reagindo negativamente à disseminação do Pix por enxergarem uma ameaça direta ao modelo tradicional de cartões de crédito.

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Presidente Lula discursou na 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), onde defendeu o Pix (Imagem: Ricardo Stuckert / PR)

Se o Pix tomar conta do mundo, os cartões de crédito vão desaparecer. E é isso que está por trás dessa loucura contra o Brasil”, declarou Lula, ao comentar a investigação comercial aberta pelo governo norte-americano contra serviços digitais brasileiros. O sistema, que já se consolidou como infraestrutura pública essencial no Brasil, foi apontado por Lula como gratuito, eficiente e referência internacional.

Rivalidade entre Lula e Trump tem o Pix como pano de fundo

Em sua fala, Lula reforçou que a recente ofensiva tarifária dos EUA está ligada a interesses de grandes empresas e não a práticas desleais, como alegado. “Gostaria que o presidente Trump fizesse uma experiência com o Pix nos Estados Unidos. Poderia levar o Pix para ele pagar uma conta, para ver que é uma coisa moderna”, ironizou o presidente brasileiro, ao comentar as alegações de práticas injustas atribuídas ao Brasil.

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Pix é um dos pontos mais fortes na atual rivalidade entre Brasil e Estados Unidos (Imagem: Photo For Everything / Shutterstock.com)

Desde julho, o presidente norte-americano Donald Trump tem endurecido o discurso contra o país. No fim do mês, assinou uma ordem executiva que estabelece tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros, a partir de 6 de agosto. Apesar de a medida ter excluído quase 700 produtos, o governo brasileiro avalia que as justificativas apresentadas são arbitrárias. As motivações incluem, além do Pix, temas como regulação das redes sociais e desmatamento.

Mesmo com o atrito, Lula afirmou que irá convidar Trump para participar da COP30, que será realizada em novembro, em Belém. “Eu não vou ligar para o Trump para conversar nada porque ele não quer falar. Mas eu vou ligar para convidar para a COP30”, afirmou, acrescentando que gostaria de ouvir a opinião do norte-americano sobre mudanças climáticas.

Governo brasileiro prepara resposta oficial sobre o Pix

  • O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, informou que o Brasil vai apresentar resposta formal aos EUA no dia 18 de agosto, especificamente sobre as críticas envolvendo o Pix.
  • Paralelamente, o governo estuda medidas para mitigar os impactos econômicos das tarifas, com um plano de contingência focado em proteger trabalhadores e empresas brasileiras.
  • Em sua fala, Lula também fez críticas ao que chamou de falta de comprometimento nacionalista de parte do empresariado.
  • “Hoje você tem mais mercantilista do que nacionalista. Então, defender o Brasil de hoje ficou muito mais complicado”, disse, cobrando apoio empresarial à política de soberania nacional.
  • O presidente também questionou a legitimidade do chamado “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos, classificando a ação como um ataque à democracia, à economia e à soberania brasileira.
  • O dia 30 de julho de 2025 passará para a história das relações entre Brasil e Estados Unidos como um marco lastimável”, afirmou.

Setores produtivos e sindicais alertam para impacto econômico

Representantes de setores diretamente afetados pelas tarifas também se manifestaram durante o evento. A produtora Priscila Nasrallah, da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), fez um apelo ao governo por medidas de apoio ao setor rural. Ela destacou que os EUA são destino importante para frutas como manga, uva, melão e mamão, e que 77 mil toneladas foram exportadas apenas em 2024.

“Se for possível, postergar a entrada em vigor das tarifas, para que a gente possa trabalhar”, pediu Priscila, ao lembrar que a fruticultura brasileira envolve pequenos produtores que podem ser gravemente afetados.

Montagem com bandeira dos Estados Unidos sobreposta em imagem de porto e linhas de ações financeiras para ilustrar tarifas
Apesar da retirada de quase 700 produtos das tarifas impostas pelos Estados Unidos na relação comercial com o Brasil, um impacto ainda deve ser sentido (Imagem: Bigc Studio / Shutterstock.com)

Já o Fórum das Centrais Sindicais, por meio do dirigente Clemente Ganz, alertou para os efeitos no emprego e na competitividade da indústria nacional. A entidade sugeriu que o governo aproveite a crise para repensar a política comercial, com foco em inovação e produtividade. “Uma das tarefas fundamentais do movimento sindical é mobilizar a sociedade”, afirmou, destacando que estão sendo feitas articulações internacionais para enfrentar as medidas a partir da perspectiva dos trabalhadores.

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União Europeia adota postura diferente em acordo com os EUA

O discurso de Lula também mencionou o contraste entre a postura dos EUA em relação ao Brasil e os termos acordados com a União Europeia (UE). Segundo o presidente, enquanto os EUA impuseram tarifas mais brandas à UE e receberam benefícios como investimentos bilionários e compras de energia, o Brasil enfrenta uma ofensiva comercial com menor espaço para diálogo.

Apesar disso, Lula reiterou que pretende assinar o acordo entre Mercosul e União Europeia ainda este ano, e afirmou que a proposta brasileira representa uma parceria baseada em “respeito e cidadania”.

“Parceria sólida se constrói com benefícios mútuos”, afirmou o presidente, ao reforçar o papel do Brasil na abertura de novos mercados e na construção de uma política externa voltada ao desenvolvimento econômico.

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