Se tubarões são tão antigos, por que evoluíram tão pouco?

Imagine se você pudesse viajar no tempo para uma época antes dos dinossauros, antes dos insetos voadores e até mesmo antes de as árvores dominarem a paisagem terrestre. Se você mergulhasse nos oceanos do nosso mundo há 450 milhões de anos, provavelmente encontraria algo surpreendentemente familiar: um tubarão.

Mas, em um planeta onde a mudança e evolução sempre foram algo constante, como é possível que esses predadores tenham mudado tão pouco em tanto tempo? A resposta não está na preguiça evolutiva, mas em um design biológico que beira a perfeição.

Se tubarões são tão antigos, por que evoluíram tão pouco?

A premissa da pergunta carrega uma “pegadinha”. Na verdade, dizer que os tubarões não evoluíram é um mito. O que ocorreu é que eles encontraram um modelo de sucesso muito cedo e se mantiveram fiéis a ele.

Diferente de outras espécies que precisaram se reinventar drasticamente para sobreviver a cataclismos globais, os tubarões apostam na diversificação sutil. Biólogos explicam que eles não pararam no tempo; eles apenas evoluíram de uma forma diferente, focando em refinar os detalhes em vez de alterar a estrutura básica. É como se a natureza tivesse criado o “chassi” perfeito e, ao longo das eras, apenas trocasse os acessórios.

Tubarões nadando ao redor de peixes (Imagem: Mile Ribeiro/Pexels)

Tubarões são exemplos de estabilidade morfológica

Os tubarões são um exemplo clássico de estabilidade morfológica. Eles sobreviveram a cinco grandes extinções em massa que varreram a maior parte da vida na Terra. Como eles conseguiram? A resposta está na adaptabilidade e em um corpo robusto.

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Segundo especialistas do Museu de História Natural de Londres (NHM), registros fósseis mostra que os tubarões já nadavam nos oceanos muito antes dos dinossauros aparecerem e continuam aqui muito depois deles terem partido. Essa resistência se deve a características que surgiram cedo e se mantiveram ao longo de muitos anos, como:

  • Esqueleto de cartilagem: Mais leve e flexível que o osso, permitindo economia de energia.
  • Mandíbulas versáteis: Que permitiram a exploração de dietas variadas.
  • Sentidos aguçados: Como a capacidade de detectar campos elétricos de presas.

Ao longo de 450 milhões de anos, a evolução dos tubarões não foi estática, mas sim um processo de “ajuste fino”. Enquanto alguns animais precisaram desenvolver pernas ou asas para não desaparecer, os tubarões apenas aprimoraram o que já funcionava.

Evolução lenta ou eficiente?

Outro ponto importante é a taxa de evolução. Estudos indicam que, geneticamente, os tubarões podem ter uma taxa de mutação mais lenta do que outros vertebrados. Isso significa que o seu DNA muda pouco ao longo do tempo, o que contribui para a manutenção de suas características físicas.

Essa estabilidade ecológica sugere que eles ocupam nichos no oceano que mudaram muito pouco. Se o seu ambiente e a sua forma de caçar continuam eficientes por milhões de anos, a pressão evolutiva para mudar radicalmente é quase inexistente. Essa capacidade de se adaptar a diferentes temperaturas e níveis de água foi crucial para que atravessassem crises climáticas que dizimaram outras espécies.

Portanto, os tubarões não evoluíram “pouco” por falta de capacidade, mas por excesso de competência. Eles são a prova viva de que, na corrida evolutiva, nem sempre vence quem muda mais rápido, mas quem encontra o equilíbrio mais duradouro.

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