Home Variedade Seca histórica: a chave do colapso maia

Seca histórica: a chave do colapso maia

by Fesouza
4 minutes read

O colapso da civilização maia clássica, um dos maiores mistérios da história, pode ter sido selado por uma seca de 13 anos. É o que revela uma nova pesquisa liderada por cientistas da Universidade de Cambridge, publicada na revista Science Advances. O estudo analisou uma estalagmite de uma caverna no México para desvendar o que realmente aconteceu.

O que os pesquisadores encontraram foi um registro detalhado de oito grandes secas prolongadas entre os anos 871 e 1021 d.C, sendo uma delas a mais severa já identificada, durando 13 anos consecutivos. Essa descoberta vai além de outros estudos, pois conseguiu isolar as condições de chuva de cada estação, ano a ano, revelando o impacto direto na agricultura e na vida da sociedade maia.

Um pedaço de estalagmite analisado pelos pesquisadores
Pesquisadores analisaram estalagmites para entender quando as secas ocorreram. (Imagem: Dra. Monika Markowska)

A “impressão digital” do clima

O segredo para essa precisão estava em uma estalagmite da caverna Grutas Tzabnah. Cada camada da pedra, com cerca de um milímetro de espessura, registrou o padrão de chuva de um ano. A equipe analisou elementos químicos nessas camadas para criar um “termômetro” do clima, indicando se a estação foi seca ou chuvosa.

Essa tecnologia é um avanço significativo em relação a estudos anteriores, que se baseavam em sedimentos de lagos e não conseguiam a mesma precisão. “Os sedimentos lacustres são ótimos para uma visão geral, mas as estalagmites nos permitem acessar detalhes que estávamos perdendo”, explica Daniel H. James, um dos autores do estudo.

maias povoado
Pesquisadores registraram oito grandes secas prolongadas entre os anos 871 e 1021 d.C (Imagem: see that wonder/iStock)

O impacto na sociedade maia

Apesar de toda a tecnologia maia para armazenar água, como reservatórios e canais subterrâneos, as secas prolongadas foram demais para a sociedade. O estresse hídrico contínuo comprometeu a produção de alimentos, afetou a subsistência de grandes centros urbanos e, por consequência, desestabilizou a organização política e social.

Leia mais:

Cidade Maia de Chichen Itza
Cidade Maia de Chichen Itza (Crédito: Aleksandr Medvedkov/ Shutterstock)

Os registros arqueológicos e o estresse climático

  • A cronologia das secas: se alinha de forma impressionante com os registros arqueológicos.
  • Períodos mais severos: a construção de monumentos com inscrições datadas foi interrompida em diversos locais, inclusive na grandiosa Chichén Itzá.
  • O estresse climático: As secas não foram a única causa do colapso, mas atuaram como um “pano de fundo persistente”, ampliando conflitos já existentes, como guerras e instabilidade política.
  • O deslocamento populacional: Esse cenário levou ao abandono de centros nas terras baixas e ao deslocamento da população para o norte.

“Saber como foi cada estação chuvosa nos permite entender melhor o impacto direto na agricultura e na vida cotidiana maia”, afirma James. A descoberta reforça a importância de arquivos naturais, como as estalagmites, para reconstruir com precisão a relação entre o ambiente e o desenvolvimento das sociedades do passado.

O post Seca histórica: a chave do colapso maia apareceu primeiro em Olhar Digital.

You may also like

Leave a Comment