Astrônomos investigaram o jovem sistema HH 211 para entender os jatos de energia liberados por estrelas recém-nascidas. Com o radiotelescópio ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) e o Telescópio Espacial James Webb (JWST), os pesquisadores captaram imagens desse fenômeno pela primeira vez. O estudo foi publicado na revista científica Scientific Reports, na última semana.
A pesquisa revela pistas do misterioso processo de formação estelar. Até o momento, astrônomos sabem que as estrelas nascem do acúmulo de nuvens, que colapsam pela gravidade e geram uma protoestrela.
Esse objeto jovem junta matéria ao seu redor em um disco de acreção com gás e poeira. No decorrer do tempo, esse material cai sob a estrela e a faz crescer.
No entanto, como esse disco gira em alta velocidade, parte desse conteúdo é lançado para fora na forma de jatos energéticos, chamados de jatos protoestelares. Esse fenômeno acontece muito perto das estrelas, o que impede sua observação direta, mesmo com os telescópios mais potentes.
Pesquisas anteriores indicaram que o campo magnético do sistema protoestelar poderia ajudar a lançar esses fluxos. Agora, as novas imagens com os dois telescópios ajudam a esclarecer esse processo.
Em dupla, telescópios revelaram propriedades do jato estelar
Com os telescópios, os astrônomos estudaram o sistema HH 211, localizado a mil anos-luz da Terra, na constelação de Perseus. Ele é um objeto Herbig-Haro, uma região brilhante de nebulosidade criada pelos jatos de estrelas recém-nascidas. Com apenas 35 mil anos, esse sistema tem uma minúscula protoestrela de 0,06 vezes a massa do Sol
HH 211 libera dois jatos brilhantes em direções opostas. Observações do ALMA revelaram que esses fluxos estão a cerca de 107 km/s. Segundo os cálculos dos pesquisadores, esses jatos vêm da borda interna do disco de acreção, a cerca de 3 milhões de quilômetros de distância da estrela.
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Na imagem, a exibição colorida do jato é capturada pelo JWST em infravermelho. Para complementar as áreas que James Webb não consegue detectar, escondidas pela espessa poeira na região central, o ALMA gerou uma imagem completa em tons de cinza desse local, mostrando claramente o jato sendo lançado direto do disco de acreção.
O feito é inédito e terá desdobramentos em estudos futuros. A descoberta também revela o importante papel dos jatos no crescimento de estrelas recém-nascidas: eles permitem que o material ao redor caia facilmente sobre a estrela, ativando seu desenvolvimento.
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