Empresas estão criando novos produtos com inteligência artificial em um esforço para atender ao movimento global de segurança online focado em crianças e adolescentes. O assunto tem tomado cortes judiciais de todo o mundo, pressionando também companhias de tecnologia na regulação de conteúdos potencialmente prejudiciais.
No Reino Unido, por exemplo, a Lei de Segurança Online forçou as big techs a implantar mecanismos de verificação de idade nas plataformas para proteger as crianças de discurso de ódio, bullying, fraude e material de abuso sexual infantil. As novas regras parecem já estar reduzindo o fluxo em sites pornográficos, como relatou o Olhar Digital.
No Brasil, o Senado aprovou neste mês o projeto de lei 2628/22, que cria regras para a proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital, medida que vem sendo chamada de combate à “adultização” dos menores.
O primeiro passo
A verificação de idade é um dos mecanismos mais defendidos na proteção de menores — e uma empresa tem se destacado no desenvolvimento da tecnologia: Yoti. Iniciada em 201, a companhia desenvolveu aplicativos que foram baixados por 14 milhões de usuários em todo o mundo.
O software captura selfies e usa inteligência artificial para verificar a idade com base em características faciais. Treinado a partir de imagens de milhões de rostos, o algoritmo pode estimar a idade de jovens de 13 a 24 anos com precisão de dois anos, segundo a empresa.
Recentemente, a Yoti fechou uma parceria com os Correios do Reino Unido e poderá ficar responsável também pelos cartões de identificação digitais emitidos pelo governo britânico, de acordo com a CNBC. Suas principais concorrentes são as desenvolvedoras Entrust, Persona e iProov.
“Há uma corrida para que provedores de tecnologia e serviços de segurança infantil conquistem confiança”, disse Pete Kenyon, sócio do escritório de advocacia Cripps, à reportagem. “Os novos requisitos, sem dúvida, criaram um novo mercado, e os provedores estão se esforçando para deixar sua marca.”
Kenyon pondera que métodos de identificação digital também geram preocupações sobre violações de privacidade. “A confiança é fundamental e só será conquistada com o uso de procedimentos técnicos e de governança rigorosos e eficazes, adotados para manter os dados pessoais seguros”, disse o advogado.
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Smartphones para crianças
Em outra frente, a fabricante finlandesa de celulares HMD Global lançou um novo smartphone chamado Fusion X1, que usa IA para impedir gravação e compartilhamento de vídeos com conteúdo nu ou a visualização de imagens sexualmente explícitas. A tecnologia foi criada pela SafeToNet, uma empresa britânica de segurança cibernética.
“O telefone começa do zero, permitindo que você crie o telefone que seu filho adolescente precisa. Com acesso total à Google Play Store, você decide quais aplicativos seu filho pode instalar e quando — para que você possa orientá-lo na jornada de desenvolvimento de hábitos digitais saudáveis”, diz o site da empresa.
O celular oferece rastreamento em tempo real com atualizações de 24 segundos e histórico de localização, além de recursos que tornam o aparelho em um console de jogos portátil e criam selfies criativas.
“Durante anos, as gigantes da tecnologia permaneceram impassíveis enquanto conteúdo nocivo e ilegal se espalhava por suas plataformas, deixando os jovens expostos e vulneráveis”, disse Rani Govender, gerente de políticas de segurança infantil online na instituição de caridade britânica de proteção à criança NSPCC à CNBC. “Essa era de negligência precisa acabar.”
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