Semana traz fim de Netuno “retrógrado”

Uma nova semana começa, trazendo algumas movimentações astronômicas interessantes. Um desses eventos envolve Netuno, o planeta mais distante do Sol.

Na manhã desta quarta-feira (10), o gigante de gelo inicia um processo pelo qual seu movimento para o oeste através do céu noturno é interrompido, e ele retoma sua trajetória normal para leste, concluindo o período popularmente chamado de “movimento retrógrado”.

Essa aparente inversão de direção é um fenômeno pelo qual todos os planetas do Sistema Solar passam periodicamente. Para a astronomia, no entanto, o termo mais adequado seria “laço” retrógrado – porque, durante o curso percorrido, o planeta parece formar um laço no céu. 

Composto de imagens espaçadas com cerca de 5 a 9 dias de diferença captadas em 2018, do fim de abril (inferior direito) até 5 de novembro (canto superior esquerdo), traça o movimento retrógrado de Marte, mostrando o “laço” que os planetas formam durante o movimento retrógrado. Imagem: NASA APOD/Tunc Tezel (TWAN)

Segundo o guia de observação astronômica In-The-Sky.org, no caso daqueles cujas órbitas são mais externas que a da Terra (Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno), isso se dá poucos meses depois de passarem pela oposição, que é quando eles estão do lado oposto do Sol em relação ao nosso planeta (que fica entre os dois corpos celestes).

Ainda de acordo com a plataforma, o reajuste de direção de Netuno, que começou seu movimento retrógrado em 4 de julho, começa às 9h13 (pelo horário de Brasília).

Movimento retrógrado é ilusório

O colunista do Olhar Digital Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON), explica que o movimento retrógrado dos planetas é apenas ilusório e é causado pelo curso da Terra em torno do Sol. 

À medida que ela circunda o astro, nossa perspectiva muda, e isso faz com que as posições aparentes dos objetos celestes se alterem de um lado para o outro no céu, o que se sobrepõe ao movimento de longo prazo do planeta em direção ao leste através das constelações.

“Por estar em uma órbita mais interna e, consequentemente, mais rápida, a Terra ultrapassa Netuno a cada 12 meses, aproximadamente. E quando isso acontece, Netuno parece estar caminhando no sentido contrário no céu por alguns dias. Isso ocorre com todos os planetas com órbitas mais externas à Terra”, descreveu. Quanto mais longe do Sol, mais tempo o planeta passa em movimento retrógrado.

A animação abaixo ilustra isso, com a flecha mostrando a linha de visão da Terra para um planeta, e o diagrama à direita mostrando o aparentemente movimento do objeto através do céu pela nossa perspectiva de visão.

Animação ilustra o conceito de “movimento retrógrado” dos planetas. Crédito: In-The-Sky.org

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Só os EUA chegaram a Netuno – e a China explica como vai mudar isso

Até hoje, apenas uma espaçonave já sobrevoou Netuno. A sonda Voyager 2, lançada pelos EUA, que atualmente está a mais de 20 bilhões de km da Terra, passou perto do gigante gelado em agosto de 1989. Agora, a China anunciou que planeja ser a próxima nação a explorar o último planeta do Sistema Solar, além de Tritão, uma de suas 16 luas.

Um artigo publicado no periódico científico Chinese Journal of Aeronautics detalha a futura missão chinesa a Netuno. A proposta prevê uma viagem de cerca de 15 anos até o planeta, seguida pela entrada em órbita (algo que a Voyager 2 não fez). Depois, a espaçonave usaria a gravidade da lua Tritão para ajustar sua trajetória e realizar observações aprofundadas. Saiba mais aqui.

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