Investigando o Sol desde 2018, a sonda Solar Parker, da NASA, registrou as imagens mais detalhadas já obtidas de material sendo lançado pela estrela ao espaço e, em parte, retornando à própria superfície após uma grande erupção. O fenômeno ajuda a explicar como essa atividade reorganiza campos magnéticos e influencia o chamado clima espacial.
As observações foram feitas durante a maior aproximação já realizada por uma espaçonave em relação ao Sol. Na véspera do Natal de 2024, a sonda passou a cerca de 6,1 milhões de quilômetros da superfície solar, um recorde que permitiu analisar processos antes invisíveis aos instrumentos mais distantes.
Em resumo:
- Desde 2018, a sonda Solar Parker observa erupções solares;
- Uma aproximação recorde em 2024 permitiu registrar ejeções massivas;
- As imagens mostram plasma expelido, expandindo-se e parcialmente retornando à superfície;
- Esse retorno ocorre pela reconexão intensa dos campos magnéticos do Sol;
- As ejeções causam tempestades geomagnéticas e afetam tecnologias terrestres;
- Os dados aprimoram modelos e melhoram previsões climáticas espaciais.
Parte do plasma solar expelido cai de volta na superfície
Durante o sobrevoo histórico, a espaçonave registrou uma erupção solar exatamente como os cientistas previam. As imagens mostram uma região extremamente brilhante, formada por plasma superaquecido, sendo expelida violentamente para o espaço a partir da atmosfera externa do Sol.
Esse tipo de explosão é conhecido como ejeção de massa coronal (CME). Trata-se da liberação de enormes quantidades de partículas carregadas e campos magnéticos, capazes de viajar por milhões de quilômetros pelo Sistema Solar.
Nas imagens captadas, a nuvem de material se afasta inicialmente da estrela e se expande, tornando-se mais difusa. Em seguida, parte desse material muda de direção e começa a retornar, descrevendo um movimento curvo e espiralado.
Segundo a NASA, esse retorno ocorre devido à ação intensa dos campos magnéticos solares. As linhas magnéticas se esticam com a força da erupção, se rompem e rapidamente se reconectam, formando grandes estruturas em forma de laço.
Algumas dessas estruturas continuam se propagando pelo espaço, enquanto outras se retraem em direção à superfície. Nesse processo, elas arrastam consigo porções do material expelido, em um fenômeno conhecido como influxo.
“Já havíamos observado sinais de que esse material poderia retornar dessa forma, mas ver isso com tanta nitidez é impressionante”, afirmou Nour Rawafi, cientista do projeto Parker Solar Probe. Para ele, as imagens oferecem uma visão rara da dinâmica magnética do Sol.
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Vento solar provoca tempestade geomagnética ao atingir a Terra
As ejeções de massa coronal chamam atenção porque, quando direcionadas à Terra, podem provocar tempestades geomagnéticas. Esses eventos podem afetar redes elétricas, comunicações por rádio, sistemas de navegação por satélite e aumentar a intensidade das auroras.
À medida que o material retorna, ele interage com os campos magnéticos próximos à superfície e os modifica. Essas alterações podem influenciar o caminho de futuras ejeções de massa coronal que surjam na mesma região.
“Isso pode ser suficiente para determinar se uma ejeção atinge um planeta, como Marte, ou passa perto sem causar efeitos significativos”, explicou Angelos Vourlidas, cientista responsável pelo instrumento WISPR, que capturou as imagens.
Missões anteriores, como o observatório solar SOHO, já haviam detectado sinais desse tipo de fluxo. No entanto, a Parker foi a primeira a observar o fenômeno de perto, em escalas e detalhes nunca antes registrados.
Pela primeira vez, os cientistas conseguiram medir diretamente a velocidade e o tamanho das estruturas que retornam ao Sol, dados que estão sendo usados para aprimorar modelos do clima espacial. Esse avanço pode permitir previsões mais precisas sobre os impactos da atividade solar em todo o Sistema Solar, com maior antecedência do que a atualmente possível.
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