A maioria dos desenvolvedores acredita que a Steam detém o monopólio de distribuição de jogos no PC. O dado foi revelado por uma pesquisa conduzida pela Rokky, que ouviu mais de 300 profissionais e apontou que 72% deles consideram a loja da Valve dominante no segmento. O levantamento também revelou que 88% dos entrevistados afirmam gerar mais de 75% de sua receita total por meio da plataforma da Valve.
De acordo com o relatório, o estudo teve como objetivo compreender o cenário atual da distribuição digital e o grau de dependência dos estúdios em relação à loja da Valve. A pesquisa, realizada pela Atomik Research a pedido da Rokky, coletou respostas de gestores e executivos de estúdios dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Os resultados destacam uma concentração significativa das vendas em torno da Steam, o que levanta questionamentos sobre a competitividade do setor. Embora outras plataformas, como a Epic Games Store e a GOG, estejam presentes no mercado, a maioria dos estúdios admite ter dificuldades para atingir o mesmo alcance de público.
A pesquisa também ressalta que 53% dos participantes demonstram preocupação com o nível de dependência da Steam, considerando que ela é, para muitos, a principal fonte de receita e visibilidade no mercado de jogos para PC.
O que a pesquisa da Rokky diz sobre o “monopólio” da Steam?
O estudo da Rokky aponta que a Steam representa atualmente cerca de 75% das receitas geradas por estúdios de desenvolvimento para PC. Além disso, 32% dos participantes afirmaram ainda lançar parte de seus jogos em formato físico — enquanto outros preferem explorar lojas menores, como Itch.io, GOG e Humble Bundle.
Segundo a Rokky, o levantamento foi composto majoritariamente por empresas de médio e grande porte, com portfólios diversificados e presença internacional. Isso explicaria, segundo a empresa, o número relativamente baixo de menções a plataformas voltadas para desenvolvedores independentes.
Os entrevistados também destacaram pontos positivos da Steam, como facilidade de uso, alcance global e suporte a promoções e descontos sazonais. No entanto, parte dos desenvolvedores expressou receio quanto ao controle de preços e às taxas aplicadas pela Valve — que retém 30% de todas as transações realizadas na plataforma.
O relatório cita que 80% dos estúdios pretendem explorar canais alternativos nos próximos cinco anos, incluindo marketplaces e lojas regionais, como forma de reduzir a dependência da Steam. Apesar disso, a Rokky observa que muitos ainda veem desafios na diversificação, especialmente no que diz respeito à visibilidade e à descoberta de novos jogos.
“Com a crescente importância das lojas online, a distribuição de jogos para PC tornou-se mais variada e complexa do que nunca”, afirmou Vadim Andreev, cofundador e CEO da Rokky. “Novas oportunidades surgem a todo momento, mas também há desafios significativos. Criamos este relatório para ajudar o setor a compreender melhor as tendências que realmente importam”.
Famoso analista discorda que Steam detém monopólio de jogos no PC
Apesar das conclusões do estudo, o analista Mat Piscatella, da Circana, discorda de que a Steam exerça um monopólio. Em publicação no Bluesky, o especialista argumentou que os desenvolvedores confundem “liderança de mercado” com monopólio. “Em outras palavras, 72% não sabem o que é um monopólio”, escreveu Piscatella.
Segundo o analista, a existência de lojas alternativas como Epic Games Store, GOG e outras plataformas de distribuição demonstra que há concorrência ativa no setor.
“Participação de mercado não define um monopólio”, afirmou. “Um monopólio é quando há um único fornecedor de um serviço ou produto, sem substitutos viáveis e com poder para ditar preços — o que claramente não é o caso da Steam”.
Piscatella destacou ainda que diversos serviços de distribuição digital foram criados ao longo dos anos, e muitos conseguiram nichos específicos dentro do mercado de PC. Para ele, o verdadeiro desafio está em oferecer motivos suficientes para que os jogadores migrem para outras lojas — algo que nem todas as plataformas têm conseguido fazer.
Piscatella acredita que Steam é a principal referência no PC pela sua “estabilidade, comunidade e recursos”
O analista também lembrou que o debate sobre a dominância da Steam não é novo e que a discussão sobre taxas e políticas da Valve ocorre há mais de uma década. Ainda assim, ele reconhece que a loja continua sendo a principal referência por sua estabilidade, comunidade ativa e recursos de descoberta.
“Há dez anos se dizia que a Steam destruiria a indústria de jogos para PC”, comentou Piscatella. “Mas, na prática, o número de jogos aumentou, novas lojas surgiram e o mercado está mais diverso do que nunca”.
A pesquisa reacendeu um antigo debate sobre a dominância da Valve no mercado de jogos para PC. Enquanto parte da indústria enxerga a Steam como uma plataforma essencial, outros defendem maior descentralização e concorrência.
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