A Valve apresentou recentemente três novos produtos (Steam Machine, Steam Controller e Steam Frame) e reacendeu discussões sobre o futuro da plataforma fora do PC tradicional. Em reportagem publicada pelo The Verge, desenvolvedores afirmam que o novo headset de realidade virtual pode servir como ponte tecnológica para levar jogos da Steam aos dispositivos móveis.
A proposta envolve camadas de compatibilidade capazes de permitir que títulos x86 funcionem em arquiteturas Arm, como a de celulares e tablets. Nos bastidores, tecnologias como Proton e Fex já mostram resultados práticos ao permitirem que jogos de Windows rodem em hardware não convencional, incluindo celulares.
“Jogos desenvolvidos para PCs Windows agora podem rodar em celulares com Linux e arquitetura Arm”, explicou a Valve ao veículo. O Steam Frame, que utiliza um chip Snapdragon 8 Gen 3, deve ser o primeiro produto da empresa a incorporar oficialmente esse ecossistema.

A iniciativa se soma ao histórico de investimentos da Valve em soluções de tradução de código e compatibilidade com múltiplas plataformas desde 2016. A empresa financia o desenvolvimento dessas tecnologias há anos, inclusive com parcerias externas, para reduzir a dependência de ports manuais e abrir caminho para novas categorias de dispositivos.
Valve está trabalhando para tornar jogos de PC compatíveis com Android e outras plataformas
A Valve confirmou ao The Verge que financia o desenvolvimento de emuladores e camadas de tradução para tornar jogos x86 compatíveis com chips Arm sem a necessidade de portabilidade ou streaming.
Segundo Pierre-Loup Griffais, arquiteto do SteamOS e do Steam Deck, esse esforço começou há quase uma década. “Começamos a recrutar desenvolvedores para camadas de tradução em 2016 e 2017”, afirmou.
O emulador Fex, usado atualmente por aplicativos como GameHub, já executa diversos jogos de PC em Android, e será a base tecnológica para o Steam Frame interpretar código Windows nativamente. Embora o desenvolvedor Ryan Houdek não seja funcionário da Valve, a empresa financia integralmente seu trabalho para manter o Fex em desenvolvimento contínuo.

A Valve afirmou também ao Road to VR que o trabalho nas lentes do Steam Frame começou por volta de 2018, mas que o foco sempre foi preparar um ecossistema escalável — especialmente para processadores Arm, que dominam os celulares e tablets. A ideia é garantir que jogos de PC funcionem em novos tipos de hardware, inclusive notebooks com chips Qualcomm e futuros PCs Android.
Segundo Griffais, a empresa considera o processo tradicional de portar jogos para outras plataformas como um esforço pouco eficiente. “A portabilidade de jogos é uma perda de tempo”, comentou. Esse posicionamento reforça a aposta da Valve em soluções universais de compatibilidade, reduzindo o retrabalho das equipes e criando possibilidades para plataformas móveis no futuro.
A Valve também revelou que fabricantes externos já demonstraram interesse em adotar versões do SteamOS para dispositivos Arm. Além disso, outra camada do Proton já consegue executar software Android dentro do SteamOS, o que abre espaço para integração entre diferentes lojas e ecossistemas caso mudanças regulatórias permitam.
Será possível jogar jogos da Steam nos celulares?
Com o avanço do Fex e o suporte do Proton, a possibilidade de rodar jogos da Steam diretamente em celulares se torna tecnicamente viável — ainda que não oficialmente planejada pela Valve no curto prazo. Dispositivos Android já conseguem executar alguns títulos via GameHub, mostrando que o conceito funciona mesmo sem suporte nativo da Steam.
A longo prazo, a decisão pode depender do cenário regulatório. Se a União Europeia e outros órgãos ampliarem a abertura para lojas alternativas em dispositivos móveis, como já ocorre nos iPhones dentro do bloco, plataformas como o SteamOS podem se expandir para celulares.
A Valve afirma que não está desenvolvendo novos dispositivos Arm no momento, mas reconhece que esse mercado pode ganhar tração.

Outro fator é a evolução dos chips Arm, que já equipam o Steam Frame e estão em notebooks Windows da Qualcomm. A compatibilidade futura pode unificar ainda mais essas plataformas, tornando a execução de jogos de PC em celulares uma extensão natural da estratégia da empresa.
No momento, a tecnologia existe, mas ainda depende de amadurecimento, acordos comerciais e políticas de abertura das plataformas móveis. Como disse a Valve, “as implicações vão muito além de executar código Windows x86 sem streaming”, sugerindo que celulares e tablets podem se beneficiar dessas soluções no futuro.
A expansão do ecossistema Steam para dispositivos móveis ainda não é oficial, mas os movimentos da Valve e o avanço de tecnologias como Proton e Fex indicam um futuro cada vez mais próximo dessa realidade.
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