STF, Anatel, Banco Central: o que incomoda as big techs no Brasil

Associações que representam big techs enviaram ao governo dos Estados Unidos críticas sobre medidas do Supremo Tribunal Federal (STF), do Congresso Nacional, da Anatel e do Banco Central. Para elas, decisões dos órgãos brasileiros ampliam responsabilidade das plataformas e dificultam operações digitais no país.

As manifestações foram encaminhadas ao Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR), que investiga o Brasil a pedido do presidente Donald Trump, sob alegação de “práticas comerciais desleais”.

De STF a Anatel: entenda as críticas das big techs aos órgãos brasileiros

As entidades envolvidas são a Associação da Indústria de Computadores e Comunicações (CCIA), a Associação de Tecnologia do Consumidor (CTA) e o Conselho da Indústria de Tecnologia da Informação (ITI). Entre seus membros estão Meta, Google, Microsoft, Amazon, Apple, Nvidia e OpenAI.

Já o X, de Elon Musk, enviou manifestação própria. No documento, a rede social afirma que decisões da Justiça brasileira ignoram um acordo jurídico entre Brasil e EUA e colocam em risco a liberdade de expressão. As informações são do G1.

Confira abaixo os destaques dos posicionamentos, organizados por assunto:

STF e Marco Civil da Internet

As associações criticaram a decisão do STF sobre o artigo 19 do Marco Civil da Internet. O tribunal considerou o trecho parcialmente inconstitucional e determinou que as plataformas passem a remover, por conta própria, publicações criminosas em sete situações específicas, sem ordem judicial.

Associações que representam big techs criticaram a decisão do STF sobre o artigo 19 do Marco Civil da Internet (Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

Para a CCIA, a mudança cria incentivos para uma remoção preventiva ou generalizada de conteúdos, como forma de reduzir riscos legais. Já a CTA reclamou da exigência de retirada global de determinados conteúdos, o que, segundo a entidade, extrapola a jurisdição nacional e viola direitos da Primeira Emenda da Constituição dos EUA.

Congresso e projeto de lei sobre IA

As associações também demonstraram preocupação com o projeto de lei sobre inteligência artificial em análise no Congresso. Para elas, o texto, se aprovado, pode criar barreiras significativas a desenvolvedores de IA dos Estados Unidos e empresas que buscam exportar seus serviços ao Brasil.

O ITI citou ainda o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), que privilegia soluções “por brasileiros e para brasileiros”. Na avaliação da entidade, essa priorização pode restringir o acesso a tecnologias estrangeiras mais avançadas ou baratas, prejudicando a competitividade do mercado.

Banco Central e Pix

As associações elogiaram o sucesso do Pix, mas apontaram um “duplo papel” do Banco Central, que atua como regulador e competidor no setor de pagamentos.

Representantes de big techs elogiaram o sucesso do PIX, mas criticaram “duplo papel” do Banco Central (Imagem: Iara Faga/Shutterstock)

Segundo o ITI, isso gera desigualdade de condições para empresas estrangeiras, que acabam competindo com seu próprio regulador. As entidades também falaram em “distorções anticompetitivas”, alegando que o BC tem acesso a dados confidenciais capazes de influenciar o mercado em benefício próprio.

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Anatel e marketplaces

As associações ainda criticaram a decisão da Anatel de ampliar a responsabilidade dos marketplaces sobre o que é vendido por terceiros.

Para a CCIA e o ITI, a medida aumenta custos de compliance, dificulta a participação de plataformas internacionais e cria barreiras de entrada para empresas estrangeiras, ao impor encargos desproporcionais a companhias que não produzem nem controlam os bens ou serviços ofertados.

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