Um estudo publicado este mês na revista Nature sugere que a crosta terrestre atual tem uma composição química muito parecida com a da protocrosta – a primeira camada sólida que se formou na Terra. Essa semelhança surpreendeu os cientistas porque acreditava-se que determinadas características só surgiam com a movimentação das placas tectônicas.
A nova pesquisa, no entanto, sugere que essas assinaturas químicas podem ter se formado antes mesmo do surgimento das placas tectônicas. Isso muda o entendimento sobre quando o planeta começou a se dividir em placas que colidem, formam montanhas e provocam terremotos.
Placas tectônicas podem ser mais jovens
Até então, acreditava-se que essas marcas químicas nas rochas eram uma evidência de que a Terra já tinha placas tectônicas há cerca de quatro bilhões de anos. Mas, segundo o geofísico Craig O’Neill, autor do estudo, isso pode ser um erro. Ao site LiveScience, ele explica que o comportamento da Terra mudou muito com o tempo, e que não é correto assumir que o planeta sempre funcionou como funciona hoje.
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Na Terra jovem, o magma era mais rico em ferro, o que afetava a forma como certos elementos químicos – como titânio e nióbio – se organizavam nas rochas. Esses elementos são usados para identificar se uma rocha passou por subducção, mas seu comportamento depende das condições ao redor. Com isso, a química observada na protocrosta pode ser resultado apenas do resfriamento do planeta, sem necessidade de placas.
Usando simulações, os cientistas testaram como esses elementos se comportariam nas condições da Terra primitiva. O resultado mostrou padrões químicos idênticos aos vistos em zonas modernas de subducção, como o Anel de Fogo do Pacífico. Isso significa que a presença dessas marcas químicas não prova, por si só, que as placas tectônicas já estavam ativas.
Embora seja possível que colisões com grandes asteroides tenham gerado movimentos parecidos com subducção de forma localizada, o estudo indica que o sistema global de placas só se estabeleceu entre 3,2 e 2,7 bilhões de anos atrás. A descoberta traz um novo desafio: entender quando exatamente a Terra passou a operar com placas tectônicas e como diferenciar os sinais deixados por esse processo ao longo do tempo.
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