Tatiana Keplmair revela bastidores da dublagem de Shinobu Kocho em Demon Slayer Castelo Infinito

Com personagens marcantes no currículo como Sakura (Naruto), Nami (One Piece), Jinx (Arcane) e muitas outras, Tatiana Keplmair retorna com força em Demon Slayer: Castelo Infinito como Shinobu Kocho. O filme, que acaba de estrear no Brasil, já é um grande sucesso. A cena de Shinobu é especialmente emocionante e marca significativamente a narrativa.

Responsável pela voz da personagem desde o começo do anime, a atriz falou sobre o processo criativo, os desafios da dublagem durante a pandemia e o impacto emocional de cenas inesquecíveis. Veja abaixo a entrevista completa!

Tati Keplmair conta como foi dublar Shinobu, em Demon Slayer

Como foi gravar a primeira cena da Shinobu no anime? Considerando que sua primeira aparição tem um tom irônico e um conceito até sádico de justiça

Tatiana: 
Eu comecei a dublar a Shinobu já faz algum tempo, ainda durante a pandemia, de forma remota. O diretor, que era o Cassius na época, me disse: “Olha, ela tem essa doçura dura na voz, é uma doçura com palavras duras. Ela é irônica, e eu gostaria que você pegasse toda a meiguice dela, mas também trouxesse esse lugar de parecer falar sorrindo: ‘Eu vou te matar’”.

Eu achei incrível. A gente foi testando esse tom, gravando e regravando até chegar nesse equilíbrio de parecer doce, sempre com um sorriso, mas carregando esse lado extremamente sádico. E isso faz todo sentido quando a gente descobre os motivos dela.

Na pandemia, foi um processo ainda mais desafiador, porque em casa, cada um no seu quadrado, não existia aquela troca de energia com o diretor, o operador de áudio, os colegas de estúdio. Foi uma experiência muito delicada. Mas justamente por isso, quando acertei esse tom, foi especial. Lembro de pensar: “Que personagem incrível”.

E mais: a Shinobu é pequena, delicada, com toda aquela estética de borboleta, mas ao mesmo tempo letal. Quando ela fala com calma: “Fica tranquila, eu vou te contar uma história, esse é o momento de morrer”, é de arrepiar. Foi um presente poder interpretá-la.

 

Na evolução da personagem, houve algo que você aprendeu e levou para si mesma?

Tatiana: 
Quando comecei, eu não sabia muito sobre a personagem, estava descobrindo junto. Mas teve um momento que me marcou muito: a cena em que ela conversa no telhado e deixa cair a máscara, mostrando sua dor, especialmente ao falar da Kanae.

Até então, ela estava sempre nesse lugar do “tá tudo bem, eu sou tranquila”, mas ali ela revela que nem sempre é assim. Eu chorei muito dublando, porque pensei em quantas pessoas a gente vê sorrindo o tempo todo sem imaginar a dor que carregam.

Isso me trouxe uma lição: às vezes a gente precisa passar tranquilidade para sobreviver, mas também precisa se expor, mostrar o que está acontecendo de verdade. Hoje, ainda mais com as redes sociais, todo mundo parece ter uma vida perfeita, mas a realidade é outra. Aquela cena me fez refletir muito sobre a importância de ter amigos com quem dividir nossas verdades.

Como foi dublar a cena de luta do Castelo Infinito, que até saiu antes como prévia?

Tatiana: 
Quando eu vi que a cena tinha saído como prévia, fiquei feliz demais. Não posso dar detalhes, mas posso dizer que foi emocionante. Eu fiquei arrepiada, chorei várias vezes. É uma cena de tirar o fôlego, daquelas em que você mal consegue respirar junto com os personagens.

A música, o desenho, a atmosfera… Tudo está maravilhoso. Teve um momento em que o João Vitor Grande, que dirigiu o filme, falou: “Tati, eu também já chorei algumas vezes e tô aqui chorando de novo com você”. Foi muito intenso.

E o mais incrível foi a parceria com o Fábio Lucindo. Eu pedi para ouvir a voz dele gravada para entrar nessa energia, e quando ouvi, me emocionei ainda mais. Ele está espetacular. Tanto que, quando terminamos de gravar, ficamos em silêncio no estúdio, todos cheios de lágrimas. Esse silêncio disse tudo.

Posso garantir que no cinema vai ser arrebatador.

Como foi criar a dinâmica entre a Shinobu e o Tomioka, já que os dois trazem momentos leves dentro de um anime muitas vezes tão pesado?

Tatiana:
Grande parte da dublagem foi feita remotamente, então não tivemos tanto contato direto durante as gravações. Mas toda vez que encontro o dublador do Tomioka nos estúdios, a gente lembra de algumas cenas e dá risada.

Acho muito importante essa dinâmica, porque o anime é denso, pesado, e precisa de personagens que tragam leveza. Eles dão um respiro em meio a tanto drama. Isso faz toda diferença na experiência do público.

Qual a sua cena favorita da Shinobu?

Tatiana:
Eu gosto muito da conversa dela com o Tanjiro. Para mim, é uma das mais importantes porque revela quem ela é de verdade. Mostra que ela não é apenas sádica — tem toda uma história e uma profundidade.

Lembro que o diretor até me disse: “Aqui a gente vai mudar o tom”. Mantivemos a leveza, mas trouxemos outra camada para a voz. Foi um momento especial.

No filme, tem uma cena em que eu nem falo, mas que é tão linda que me marcou. Pedi para assistir ao conjunto todo com o diretor, e foi emocionante. Eu tenho certeza que no cinema as pessoas vão sentir a sensibilidade daquele momento.

Você já dublou muitas personagens icônicas, como Sakura, Nami e Jinx. Tem alguma favorita?

Tatiana:
Eu brinco que elas vivem em um “Tativerso”. Não dá para escolher, porque cada uma tem um significado especial em fases diferentes da minha vida.

A Sakura, por exemplo, foi minha porta de entrada no universo dos animes. Graças a ela, comecei a ir a eventos, conhecer fãs e fazer amigos para a vida toda, como o Robson e a Úrsula. Nós três temos até um grupo chamado “Revolta da Aldeia da Folha”. Ela representa momentos de superação, até mesmo pessoais, porque passei por uma gravidez difícil na época e recebi muito apoio dos colegas.

Depois veio a Nami, em um período também cheio de mudanças na minha vida. Eu fiquei nervosa no teste, porque a Samy, minha amiga, tinha feito a voz dela antes. Mas quando fui escolhida, foi uma alegria enorme. Hoje, a Nami tem um lugar muito especial no meu coração.

Já a Jinx foi uma surpresa maravilhosa. Quando terminei a última temporada, fiquei sem chão, porque não queria que acabasse. É uma personagem que mexeu muito comigo.

E a Shinobu, claro, também tem seu lugar único. Quando vejo as fãs mirins vestidas com o quimono dela, meu coração explode. É muito emocionante.

Como é o seu processo de estudo de personagem, especialmente para trazer humanidade a figuras femininas complexas como a Shinobu?

Tatiana:
Sempre começo ouvindo o diretor, porque ele tem a visão inicial do projeto. Ele me guia para entender o que a personagem precisa transmitir.

Depois, mergulho em pesquisas: leio teorias de fãs, acompanho discussões na internet, recebo mensagens da galera. Isso ajuda a moldar ainda mais minha interpretação.

Gosto muito de refletir sobre como os animes trazem discussões profundas sobre a vida e a sociedade. Com meus colegas, já debati muito sobre filosofia em Naruto, por exemplo. Essas trocas ajudam a enriquecer o trabalho.

E o mais bacana é que essas mulheres que interpreto são fortes, sensíveis e marcantes. É um privilégio poder dar voz a elas.

Valorização da dublagem brasileira no cinema

Entre bastidores emocionantes, reflexões pessoais e um carinho imenso pelos fãs, Tatiana Keplmair deixa claro que sua conexão com as personagens vai muito além do estúdio. Em Demon Slayer: Castelo Infinito, a dubladora entrega mais uma performance emocionante que ficará marcada na memória do público.

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