O mensageiro Telegram virou novamente centro das atenções por causa de uma polêmica. Desta vez, o aplicativo foi acusado de manter lanços indiretos com um órgão do governo da Rússia.
A denúncia original partiu do site russo IStories e acusa um empresário parceiro de ter acesso privilegiado até a servidores do mensageiro — além de contar com um serviço de segurança do país como um dos clientes, o que colocaria esses dados privados do aplicativo em risco.
O que diz a denúncia
- Segundo a reportagem, um engenheiro russo chamado Vladimir Vedeneev é peça-chave da infraestrutura do Telegram, cuidando de equipamentos de rede e gerenciamento ou manutenção de servidores e redes;
- Documentos obtidos em um processo aberto nos EUA mostram até que ele teria “acesso exclusivo” a alguns dos servidores e até teria o poder para assinar alguns contratos como representante do Telegram, mesmo sendo um parceiro terceirizado;
- O maior problema? Duas das empresas de Vladimir, uma delas que também cuida de IPs do Telegram, também possuem como cliente o Serviço Federal de Segurança (FSB, na sigla original), órgão executivo que cuida da proteção governamental;
- Uma dessas companhias teria lançado até mesmo um sistema de filtragem e monitoramento de tráfego a pedido do governo;
De acordo com a denúncia, o acesso físico em uma mesma infraestrutura a serviços do governo poderia comprometer mensagens do Telegram e até permitir a intercepção de conteúdos.
Um especialista em segurança consultado pela matéria original alega que, se uma empresa controla roteadores que distribuem o tráfego para servidores do Telegram, outros elementos que ganhem acesso a essa rede poderiam identificar responsáveis por enviar certas mensagens.
O lado do Telegram
Procurado pelo site TechRadar, o Telegram se manifestou via porta-voz. No comunicado, ele alega ter “dezenas de fornecedores de serviço” ao redor do mundo, mas rejeitou a acusação ao alegar que nenhum possui acesso a dados ou infraestrutura sensível.
“Todos os servidores do Telegram pertencem ao Telegram e são mantidos por funcionários do Telegram. Acesso não autorizado a qualquer dado é impossível. Ao longo do seu histórico, o Telegram nunca liberou mensagens privadas a terceiros — e a sua criptografia nunca foi quebrada”, diz.
Outras polêmicas envolvendo o Telegram
Essa não é a única controvérsia envolvendo o mensageiro Telegram. O aplicativo, criado por Pavel Durov ao lado do irmão e comandado pelo empresário até hoje, já foi palco de outros conflitos com a lei e a indústria.
O Telegram é acusado de não serão tão seguro quanto alega, em especial por não manter a criptografia de ponta a ponta em todas as conversas — assim como rivais diretos, caso de Signal e WhatsApp.

Durov tem também problemas com a administração russa: ele saiu da Rússia em 2014 justamente por causa de desavenças com o governo ainda no poder, ao se recusar a compartilhar dados de sua antiga empresa, a rede social VK.
Alem disso, Durov foi preso na França em 2024, durante investigações sobre o mensageiro não colaborar com as autoridades na identificação de suspeitos. Já solto, ele segue respondendo o processo e tornou o Telegram mais flexível na relação com governos.
Você conhece a história do Telegram, da criação até a evolução do app? Confira esse vídeo preparado pelo TecMundo!