Telescópio retangular pode ser a chave para achar outra Terra

Encontrar um planeta semelhante à Terra pode se tornar uma tarefa mais viável com um novo conceito de telescópio, segundo artigo publicado na revista Frontiers in Astronomy and Space Sciences. A proposta envolve substituir o tradicional espelho circular por um retangular, com dimensões de um metro por 20 metros.

A busca por vida fora da Terra parte do princípio de que planetas com água líquida são os mais promissores. No entanto, identificar esses corpos é um enorme desafio. Mesmo nas condições ideais, a estrela hospedeira é cerca de um milhão de vezes mais brilhante que o planeta, tornando difícil observá-lo separadamente.

Exemplo de super-Terra (Imagem: ESO/M. Kornmesser)

Um telescópio retangular? Como assim?

  • A teoria óptica aponta que a resolução de um telescópio depende tanto de seu tamanho quanto do comprimento de onda observado;
  • Para enxergar planetas com água líquida, o ideal seria captar luz em torno de dez micrômetros;
  • Nessa faixa, seria necessário um telescópio de 20 metros de diâmetro para distinguir uma Terra a 30 anos-luz de distância;
  • O problema é que construir e lançar um equipamento desse porte é considerado inviável com a tecnologia atual — basta lembrar a complexidade do James Webb, de 6,5 metros.

Várias alternativas já foram cogitadas. Uma delas é o uso de múltiplos telescópios menores que funcionem de forma sincronizada como um único aparelho, mas isso exigiria precisão na escala de uma molécula, algo ainda fora do alcance.

Outra ideia é recorrer à luz visível, mas, nessa faixa, o brilho da estrela supera em mais de dez bilhões de vezes o do planeta, tornando impossível bloquear a luminosidade estelar com a tecnologia existente.

Também foi estudado o uso de uma “starshade” — uma espécie de barreira voadora para bloquear a luz da estrela —, mas a necessidade de mover a estrutura por milhares de quilômetros entre diferentes observações consumiria combustível em excesso.

A alternativa apresentada pelos pesquisadores propõe um espelho retangular, com a mesma área coletora do James Webb, mas estendido em um dos eixos. Assim, seria possível separar o brilho da estrela do planeta no sentido em que o espelho tem 20 metros de comprimento. Para observar exoplanetas em diferentes posições orbitais, bastaria girar o telescópio, alinhando o eixo maior conforme necessário.

Alternativa apresentada pelos pesquisadores propõe um espelho retangular, com a mesma área coletora do James Webb (imagem), mas estendido em um dos eixos (Imagem: NRAO/AUI/NSF/NASA)

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Potencial para encontrar novas Terras

Segundo os cientistas, o modelo tem potencial para identificar metade de todos os planetas semelhantes à Terra em estrelas do tipo solar localizadas a até 30 anos-luz, em menos de três anos de observações. Isso poderia resultar na descoberta de cerca de 30 mundos promissores, caso a média seja de um planeta habitável por estrela.

O passo seguinte seria analisar a atmosfera desses planetas em busca de sinais de vida, como oxigênio resultante da fotossíntese. Para os candidatos mais promissores, os pesquisadores sugerem, até mesmo, o envio de sondas capazes de retornar imagens diretas da superfície.

De acordo com os autores do estudo, o conceito do telescópio retangular oferece uma via mais simples e viável para a identificação de um planeta-irmão da Terra — o que chamam de “Terra 2.0“.

Diagrama esquemático de telescópio espacial retangular com espelho convencional (sem escala); o espelho primário de 20 m é mostrado de lado; o espelho secundário tem 1 m.
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2,3 m e implantado a cerca de 23 m de distância; a luz é focalizada em um coronógrafo AIC (Imagem: Leaf Swordy/Instituto Politécnico Rensselaer)

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