Terra a salvo? Asteroide 2024 YR4 tem chance de impacto diminuída

Medições atualizadas da NASA apontam que as chances de colisão do asteroide 2024 YR4 com a Terra dentro de sete anos começaram a cair – após semanas em constante crescimento. Agora, a probabilidade de impacto está em 1,5%, depois de ter atingido 3,1% (o maior índice registrado desde a detecção do objeto). 

Com tamanho estimado em 55 metros (altura do Castelo da Cinderela, no Walt Disney World Flórida, em Orlando – o equivalente a um prédio de 18 andares), a rocha tem potencial destrutivo suficiente para arrasar uma cidade caso de fato se choque contra o planeta. 

Vamos entender:

  • O asteroide 2024 YR4 foi descoberto em 27 de dezembro de 2024 pelo Sistema de Último Alerta para Impacto de Asteroides com a Terra (ATLAS, na sigla em inglês);
  • Logo após a detecção do objeto, análises determinaram que ele tinha uma chance muito pequena de impactar o planeta em 22 de dezembro de 2032;
  • Normalmente, a probabilidade de impacto de um asteroide é maior no início e tende a cair rapidamente para zero após observações adicionais;
  • Desta vez, no entanto, as chances começaram em 1,2% e foram gradativamente subindo, até quase triplicarem;
  • Agora, tudo indica que o risco está próximo de se tornar inexistente.
O asteroide 2024 YR4 visto pelo telescópio Gemini do Sul em 7 de fevereiro de 2025. Crédito: Catalina Sky Survey/ LPL/Dr. Wierzchos/ Bryce Bolin

De acordo com Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON) e colunista do Olhar Digital, essa redução das possibilidades de impacto já era esperada entre os cientistas. “A expectativa é que até o final de março sejam afastadas todas as chances de que esse asteroide possa atingir a Terra”.

O problema é que esse monitoramento está cada vez mais difícil. De acordo com o guia de observação astronômica EarthSky.org, o brilho do asteroide 2024 YR4 é fraco e está reduzindo cada vez mais. Assim, fica complicado adquirir medições de sua órbita. Dentro de pouco mais de um mês, os astrônomos não poderão rastreá-lo novamente até 2028, quando ele se tornará novamente visível.

No momento, a rocha está a cerca de 80 milhões de km de distância, viajando pelo espaço a quase 48 mil km/h. Se colidir com a Terra, o objeto explode ao atravessar a atmosfera, liberando cerca de 8 megatons de energia – mais de 500 vezes a potência da bomba atômica de Hiroshima. Apesar de não ter força suficiente para causar um evento global, a destruição seria catastrófica para qualquer grande cidade atingida.

O asteroide 2024 YR4 tem entre 40 e 100 metros, de acordo com as estimativas. Crédito: Asteroid Day Brasil

James Webb vai ajudar a investigar o asteroide

Atualmente, as medições são baseadas em observações feitas por telescópios terrestres, que captam apenas a luz refletida pelo objeto. Isso pode levar a erros na estimativa de tamanho. “É muito importante melhorarmos nossa estimativa de tamanho para 2024 YR4: o perigo representado por um asteroide de 40 m é muito diferente do de um asteroide de 90 m”, explicou a Agência Espacial Europeia (ESA), em um comunicado. Esse detalhe é crucial para entender a gravidade das consequências em caso de impacto.

Por causa disso, a rocha espacial será estudada pelo observatório mais moderno já lançado: o Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA. Uma equipe internacional de astrônomos conseguiu autorização para usar o JWST em caráter emergencial. O telescópio analisará o 2024 YR4 nos próximos meses, coletando informações que ajudarão a definir seu tamanho real e o risco que ele representa para a Terra.

Segundo a postagem da ESA, o JWST oferecerá uma visão mais precisa ao analisar o calor emitido pelo próprio asteroide, permitindo determinar seu tamanho exato e composição. Como opera no espaço, o telescópio evita as distorções causadas pela atmosfera terrestre, garantindo dados mais confiáveis.

Órbita do asteroide 2024 YR4. Crédito: Minor Planet Center

Leia mais:

As primeiras observações do Webb estão previstas para março, quando o asteroide atingirá seu pico de brilho. Em maio, ele será analisado novamente, antes de se afastar do Sol. Depois disso, a próxima oportunidade para estudá-lo será apenas em 2028.

Para essa missão, os astrônomos terão quatro horas do tempo do JWST, um recurso disputado e distribuído por um processo seletivo rigoroso. Como o caso exige urgência, o estudo será realizado dentro do “tempo discricionário do diretor”, reservado para pesquisas prioritárias. Todos os dados obtidos serão divulgados publicamente.

A análise detalhada do 2024 YR4 ajudará a compreender melhor a ameaça que ele representa e contribuirá para o desenvolvimento de estratégias de defesa planetária contra possíveis impactos futuros.

Animação mostra onde rocha pode cair

Regiões sob possível risco incluem o norte da América do Sul, sul da Ásia, Mar Arábico, norte da África e o Atlântico. Países como Índia, Venezuela, Paquistão, Equador e Nigéria estão na zona de atenção. 

No entanto, o ponto exato dependerá da posição da Terra no momento do impacto. De acordo com David Rankin, engenheiro da NASA, o asteroide pode atingir cerca de 60 mil km/h na ocasião.

O astrônomo amador Tony Dunn, desenvolvedor de um Simulador de Órbitas, publicou no X (antigo Twitter) uma animação que mostra onde o objeto pode cair.

“A região onde o asteroide pode passar é chamada de corredor de risco. O tamanho desse corredor depende da qualidade da órbita medida. Quanto maior a margem de erro, maior o corredor. Se esse corredor passar pela Terra, existem chances de impacto”, explica Zurita. “A medida que novas observações vão sendo adicionadas aos cálculos, o corredor diminui, mas se a Terra ainda estiver dentro dele, as chances aumentam. Se o planeta sair do corredor de risco, as chances de impacto são afastadas”.

Especialistas garantem que não há motivo para pânico e que a colisão é apenas uma possibilidade teórica.

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