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Terremotos podem alimentar vida nas profundezas da Terra e em outros planetas

by Fesouza
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Bem abaixo dos nossos pés há um gigante ecossistema que prospera muito longe da luz do Sol. Pesquisadores chineses divulgaram que terremotos ajudam microrganismos a viver nas profundezas do planeta, obtendo energia de fraturas causadas pela movimentação de placas tectônicas e tremores.

Um estudo conduzido pelos pesquisadores Hongping He e Jianxi Zhu, ambos do Instituto de Geoquímica de Guangzhou da Academia Chinesa de Ciências (ACC), desafia a ideia de que “toda a vida depende da luz solar”. A análise contesta a crença de que, a quilômetros abaixo da superfície da Terra – onde não há incidência de luz solar –, seria impossível qualquer forma de vida existir.

campo de girassóis ao entardecer
Estudo desmistifica que toda vida depende da luz solar para prosperar. Crédito: Thanakit Jitkasem/shutterstock_

Sem luz, também existe vida

Apesar de distante da luz solar, do oxigênio e do carbono orgânico produzido pela fotossíntese, o subsolo do planeta abriga uma biosfera rica, diversa e ativa. Estimativas indicam que até 95% dos procariontes residem no subsolo. Procariontes são aqueles organismos unicelulares que não têm um núcleo delimitado e com material genético disperso no citoplasma.

E como isso é possível? Segundo o estudo, a atividade sísmica e as fraturas na crosta terrestre funcionam como um “gerador” natural de energia, permitindo que esses organismos possam se desenvolver.

Na escuridão silenciosa, reações químicas entre a rocha e a água geram energia. Esse processo funciona como uma bateria, criando polos positivos e negativos que impulsionam o fluxo de elétrons – a moeda do metabolismo da vida.

Jianxi Zhu, professor do Instituto de Geoquímica de Guangzou ao South China Morning Post

Como foi feita a descoberta?

imagem mostra micro-organismos a nível microscópico
Reações químicas causadas pela rocha e água durante terremotos geram energia, que funciona como uma bateria para suportar a vida nas profundezas. Crédito: CDC/Unsplash
  • A equipe simulou em laboratório um mineral de silicato muito comum, o quartzo, criando dois tipos de fraturas de rochas similares ao que ocorre na crosta terrestre.
  • Uma delas, a fratura por extensão, ocorre quando as rochas se rompem repentinamente, expondo superfícies à água.
  • A segunda é a fratura por cisalhamento, na qual as falhas se desgastam continuamente, permitindo que rochas sejam esmagadas em contato com a água.

Essa química radical, há muito ignorada, poderia explicar simultaneamente as origens do oxigênio e do hidrogênio iniciais da Terra. Pode ser o mecanismo intrínseco que impulsionou a coevolução inicial dos minerais e da vida.

Prof Jianxi Zhu, do Instituto de Geoquímica de Guangzou

Reações causadas por terremotos podem indicar vida em Marte

Representação de Marte visto da Lua
Fenômeno não é exclusivo da Terra e pode indicar vida no subsolo de Marte. Crédito: buradaki/Shutterstock

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Dessa forma, um fluxo intenso de energia se mantém constante e sustenta populações de micróbios quimiossintéticos profundos. E esse processo não é exclusivo da Terra.

Aplica-se a outros corpos planetários, como Marte e Encélado, uma lua de Saturno.

Prof. Hongping He, do Instituto de Geoquímica de Guangzou da ACC

Assim, o estudo lança luz sobre a vida no subterrâneo terrestre e também pode fornecer indícios de que existem condições habitáveis em outros planetas.

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