A presidente da Tesla, Robyn Denholm, pediu aos acionistas da montadora que votem a favor do pacote salarial de quase US$ 1 trilhão para o CEO Elon Musk. Ela destacou a importância de Musk para a companhia e o risco de ficar sem ele.
O bilionário já vinha pressionando por mais controle na Tesla, inclusive tendo ameaçado sair do comando caso não fosse atendido.
Presidente da Tesla pediu apoio no aumento para Elon Musk
Conforme reportado pelo Olhar Digital, no início de setembro a Tesla pediu aos investidores que aprovem um plano para aumentar o salário do cofundador e CEO Elon Musk para quase US$ 1 trilhão ao longo de 10 anos.
Desde então, analistas, sindicatos e órgãos de fiscalização corporativa têm se mostrado opostos ao pacote, chamando atenção para as consequências disso (mais informações abaixo).
Mas a Tesla segue pressionando para que a aprovação aconteça. Em setembro, Robyn Denholm afirmou, durante o programa Squawk Box da CNBC, que o aumento na remuneração foi pensado para manter Musk “motivado e focado em entregar resultados”.
Agora, ela voltou a defender o pacote trilionário. Em uma carta divulgada nesta segunda-feira (27), a executiva pediu que os acionistas votem a favor da remuneração de US$ 1 trilhão, destacando que Musk é fundamental para a Tesla à medida que a empresa deixa de ser “apenas mais uma montadora” e caminha rumo à direção autônoma e ao negócio de robôs humanoides (como o Optimus).
Sem Elon, a Tesla poderia perder valor significativo, já que nossa empresa pode não ser mais valorizada pelo que pretendemos nos tornar. (…) Se não conseguirmos promover um ambiente que motive Elon a realizar grandes feitos por meio de um plano equitativo de remuneração por desempenho, corremos o risco de que ele desista de sua posição executiva, e a Tesla pode perder seu tempo, talento e visão, que foram essenciais para gerar retornos extraordinários aos acionistas
Robyn Denholm, presidente da Tesla
A presidente também pediu que os acionistas votem a favor da reeleição dos executivos Ira Ehrenpreis, Joe Gebbia e Kathleen Wilson-Thompson para o conselho.
Há quem discorde do pacote proposto pela Tesla
Em setembro, quando o pacote salarial foi divulgado, especialistas financeiros consultados pela Reuters chamaram atenção para a dependência da Tesla a Elon Musk e para o risco do montante criar um novo padrão de remuneração para CEOs.
Desde então, outros especialistas se mostraram contrários ao projeto.
No início de outubro, um grupo que representa vários investidores enviou uma carta aos acionistas da Tesla pedindo que eles neguem a proposta de aumento, detalhando problemas que isso traria. Um deles é a volatilidade no mundo da governança corporativa e a pouca independência dos executivos da montadora em relação a Musk.
Eles também pediram que os acionistas rejeitem a reeleição de Ira Ehrenpreis, Joe Gebbia e Kathleen Wilson-Thompson, defendendo que eles têm laços pessoais com o bilionário. Saiba os detalhes da carta aqui.
Já na semana passada, um grupo de sindicatos e órgãos de fiscalização corporativa lançou o site Take Back Tesla, em protesto ao pacote. Segundo a CNBC, eles destacam a adesão de Elon Musk com movimentos políticos de direita e o envolvimento com teorias da conspiração que prejudicaram a imagem da Tesla.
Os acionistas da montadora votarão o pacote salarial no dia 6 de novembro, durante a reunião anual da empresa.
Risco de Elon Musk sair da Tesla é real
O valor do pacote salarial proposto para Elon Musk é de US$ 975 bilhões pelos próximos 10 anos. No entanto, para chegar nesse aumento, o executivo deve atingir uma série de metas, que incluem:
- Fazer o valor de mercado da Tesla subir de US$ 1 trilhão para mais de US$ 8 trilhões em uma década;
- Entregar 20 milhões de veículos e 1 milhão de robôs humanoides;
- Vender 10 milhões de assinaturas FSD (serviço de direção assistida);
- Ter 1 milhão de robotáxis em operação comercial.
Além do valor, Musk também receberia 423 milhões de ações adicionais da Tesla. Ele já detém 13% do controle da empresa e chegaria a 25%. Ou seja, o pacote não envolve apenas o salário bilionário, mas também uma ampliação no poder do executivo sobre a empresa.
Essa expansão do próprio poder é algo que Elon Musk vem cobrando publicamente desde o início do ano passado, inclusive tendo ameaçado sair do comando da Tesla se não conseguisse o que queria.
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Na semana passada, durante conferência de resultados da Tesla, o bilionário voltou a afirmar que precisa ter um maior poder de decisão para criar uma grande quantidade de exemplares do Optimus, um dos pilares para o aumento salarial.
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